Mãe Árvore – um pouco de poesia…

Estava mexendo no meu outro saite, o http://hebdomadario.com, onde cometo o crime de publicar meus escritos poéticos e estéticos, e deparei-me com esta poesia, que transcrevo abaixo.

Toda vez que a leio me emociono, pois fala de lembranças muito boas que me vêm através das árvores da minha vida.

Esta é uma poesia-prosa, mais ou menos grande, mas modéstia à parte, muito bonita.  É uma das que eu mais gosto. Alguns amigues já conhecem, pois… hãm hãm… tirou primeiro lugar num concurso nacional (devia ter só uns dois ou três inscritos…).

E é também uma homenagem às mulheres, especialmente às mães.

Coloco-a aqui, pois acho que tem poeticamente a ver com o momento atual, desmatamento, essas coisas…

EU QUERO MINHAS ÁRVORES DE VOLTA!!!

É o que eu quero gritar quando a leio.

Divirtam-se:

 

MÃE ÁRVORE

Houve árvores inesquecíveis
A vida passa, mas elas ficam
Infelizmente algumas apenas na memória

Ah, as árvores…

O que seria de minha infância sem as árvores?
A caramboleira do quintal da minha avó
Que caramboleira!
Grande, mas pequena
Como uma pequena mulher fofinha
Seus galhos finos a tornam esbelta quando vista por dentro,
Onde cabiam todos os meus sonhos
Lugares cativos meu e de meu irmão nos acolhiam
Quantas carambolas eu comi
Agora ela faz parte do meu corpo
E de minhas lembranças…
Minha infância já se foi,
Mas ela está lá

Teve melhor destino que a goiabeira
Que no meu quintal deu lugar à piscina
Mas em minha memória ela ocupa
Os principais arquivos de tempos idos
Era minha casa dentro do quintal de minha  casa
O meu universo quando minhas preocupações
Eram apenas comer meu lanche longe da mesa e do chão
Quantas proteínas ela me ofereceu
Através dos bichinhos dos caroços brancos de seus frutos
Hoje deito ao sol ao lado da piscina no vazio que ela deixou

Que saudade…

Saudade igual à que sinto pela minha “cabeluda”
Ah, que frutinha gostosa
Amarela como o sol
Redonda como as bolas de gude
Que eu tirava dos “triângulos”  de giz no cimento
Seus galhos frágeis não me agüentavam
Mas nada mais eu pedia
Que suas frutinhas de grandes caroços doces
Teve o mesmo destino que a goiabeira
Eram duas irmãs…
E hoje seu doce vive apenas na lembrança de meu paladar

Abacateiro que brincava de esconder
E guardava seus frutos em cima do telhado

Jameleiro que era artista
E pintava todo o chão com seu lindo violeta dos frutos

Todas vivem apenas na lembrança
Apenas na lembrança…

Existem outras,
Como o cajueiro da casa de praia
Se fazia de difícil,
Mas subíamos e pescávamos seus frutos nos mais altos galhos
Este embora vivo também vive na lembrança
Pois como um parente distante muito pouco o visito

Que saudade, árvore da frente da minha casa
Lindas suas flores brancas, suas enormes folhas
E seus frágeis galhos que se quebravam nos jogando ao chão
E sua seiva, que pingava como lágrimas de leite

Leite que brotava como nos seios das mães
Que vivem apenas na lembrança quente
De quando as árvores nos pegavam no colo,
Como mamãe também fazia.

Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

10 thoughts on “Mãe Árvore – um pouco de poesia…

  • Pingback: Declev via Rec6

  • 02/06/2008 em 19:53
    Permalink

    como posso fazer uma poesia para meu professor com o tema de aquecimento global?eu estou na quinta serie e nao tenho a minina ideia como posso escrever uma poesia sobre este tema! espero respostas: as: luisana

    Resposta
  • 03/06/2008 em 21:36
    Permalink

    Oi Luisana (é assim seu nome?),

    Para fazer uma poesia tão específica, primeiramente conhecer um pouco do assunto. Leia sobre o tema.

    Depois deixe a sua sensibilidade te levar.

    Escreva, rabisque, apague… refaça. Faça até você achar que o que você disse ficou bonito.

    Pegue palavras que tenham a ver com o assunto, monte frases, tente rimar umas palavras… use o dicionário para colocar palavras que queiram dizer a mesma coisa, sem repetir sempre as mesmas e rimando…

    É isso. Simpesmente, escreva!

    Abraços e boa sorte.

    Resposta
  • 12/09/2008 em 18:02
    Permalink

    como posso fazer uma poesia sobre o lixo?
    por favor faça um para mim tirar uma ideia

    Resposta
  • 12/09/2008 em 20:20
    Permalink

    Oi Kesiane,

    Veja as dicas que dei acima do seu comentário. São as memsas, só que como tema lixo.

    E é ótimo ler sobre o tema, para se ter idéia do que você quer dizer com sua poesia.

    E para ser realmente “poético” , diga as coisas sem dizê-las diretamente.

    Ok?

    Abraços.

    Resposta
  • 19/06/2009 em 16:26
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    [penei uma poesia]

    ” ontem você me fazia esquecer o mundo, hoje, o mundo não me faz esquecer você

    Resposta
  • 26/08/2009 em 22:30
    Permalink

    oi Dib Ferreira peço a sua colaboração eu preciso de uma poesia sobre uma arvore que está morrendo por maus tratos , montar um teatrinho com meu alunos.

    Resposta
  • 23/09/2009 em 09:30
    Permalink

    SAUDADE…DA VIDA ….SAUDADE DE ANTIGAMENTE………

    Resposta
  • 25/09/2010 em 18:21
    Permalink

    Simplismente ………..
    Maravilhosa esta poesia,
    Encheu-me de nostalgia
    e me encantou com sua magia!

    Pude reviver minha infância
    Que tão feliz tive um dia!

    Resposta

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