Escola é pra quem quer estudar?

Ela chega de shortinho, sandália e miniblusa.

Vem sem nada.

Não está indo pra praia.

Não está indo pra pracinha.

Não está indo pra casa d’amiga.

Nem vai à esquina comprar pão.

Está indo pra escola.

Vai sem nada.

Às vezes leva um celular no bolso.

Às vezes nem isso.

Sem mochila.

Sem caderno.

Sem livro.

Sem lápis.

Senta no fundo da sala.

Você tem 16 anos, menina, porque não faz um supletivo, por quê continua a vir pra cá? – argumenta a professora.

Eu venho porque sou obrigada! – responde a ‘aluna’ – E tu vai tê que me aturar!, completa.

Declev Reynier Dib-Ferreira

Em dúvida

Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

16 thoughts on “Escola é pra quem quer estudar?

  • 26/09/2009 em 18:41
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    É isso aí, Declev.
    Sei que você acredita numa escola em que o aluno sinta prazer em frequentar e, decididamente, aprenda algo.
    Eu, particularmente, não acredito em mais nada. Deve ser a idade, ou o tempo no magistério.
    Mas acredito ainda que, mesmo com uma escola falida, sob esse ponto, ainda existam jovens que realmente queiram estudar. E o que estamos fazendo com eles? Relegando-lhes esse direito.
    Não seria mais humano e menos excludente negarmos a eles o direito ao aprendizado?
    São apenas questionamentos…

    Resposta
  • 26/09/2009 em 18:43
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    Digo, não seria mais humano e menos excludente garantirmos a eles o direito ao aprendizado?

    Resposta
  • 29/09/2009 em 19:20
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    Caro professor sempre leio suas postagens e realmente fico preucupado, estou me formando no final do ano e vejo o que terei pela frente, espero poder ajudar a quem realmente queira e fazer querer os que ainda não querem…será?

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  • 30/09/2009 em 09:46
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    Declev Reynier Dib-Ferreira , olá !
    Exatamente , você retratou o ambiente de anarquia social que domina o nosso país ! Temos que fazer valer o nosso lema : ORDEM E PROGRESSO , custe o que custar !
    Não é questão de invadir o direito à liberdade individual ou algo parecido ! É questão de se permitir que o professor possa ensinar e que os alunos possam aprender , fora disto , é pura demagogia !
    Não sou professor , mas sou pai ! Meus filhos , com dificuldades , estão em colégio particular e deveriam ir estudar com o uniforme completo , certo ? Que nada ! Ao constatar meu filho com sandálias havaianas , ele “justificou” que a escola liberou o ingresso e que muitos iam assim ! Para não me tornar um pai mais chato , fiquei calado ( eu gostaria que o diretor não permitisse tal coisa , já que ele até vende o uniforme na época da matrícula …)
    Outra : fique sabendo que a cantina possui cerveja em lata !
    Outra : pegaram , no banheiro , uma aluna fazendo sexo oral com um aluno , em troca de R$10,00 !
    É ,ou não é , uma anarquia !
    Por procurar fazer o melhor que posso , coloquei meus filhos num cursinho de inglês ! Agora , como estou de férias , fui acordar o mais velho (16 anos) para ir à escola e ele disse que iria somente na segunda aula pois a primeira era de inglês e o que a professora estava ensinando ele já sabia demais !
    Aí o bicho pegou ! Forcei que ele fosse assim mesmo e , quando senti sua inconformação , fiz ele sentar para que entendesse que a obrigação dele era comparecer à aula e até procurar ajudar seus colegas em alguma pequena dúvida que tivessem . Mas , ele só compreendeu quando lhe disse : sua turma tem 17 alunos , já imaginou , se 14 estivessem fazendo cursinho e achassem de não assistirem a aula normal de inglês , o que seria da professora ?
    Fala amigo , fiz certo ?
    Olha , a coisa está ficando além do suportável !
    Abraços à todos !
    Somel Serip .

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  • 30/09/2009 em 11:26
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    Mais do que certo, Somel Serip, o senhor dá um exemplo do que os pais devem fazer com os seus filhos… e que ajudaria bastante a vida dos professores.
    Parabéns, pais que realmente amam seus filhos, em vez de apenas dar presentes e carinho, devem fazer como você: orientar, cobrar e impor limites… mesmo que a sociedade (e os próprios filhos) te chamem de chato.
    Mais vale ser um chato com um filho correto do que um pai superlegal com um filho bandido.

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  • 07/10/2009 em 10:26
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    Luiz Eduardo , olá !
    Agradeço seu apoio ! Ele foi muito importante para mim pois , eu com 58 anos , às vezes me sinto alienado , confuso em como reagir diante de estranhas atualizações sociais que sempre surgem do nada ! Como opção , na dúvida , me reporto à minha criação e procuro imitar com algumas adaptações !
    O que penso estar fazendo para com a educação dos meus filhos , é somente o mínimo que um pai ( consciente de que o estudo é a única porta de acesso a um melhor ambiente de vida ) deve fazer !
    E tem mais , se o meu filho estiver prejudicando o bom desenvolvimento da administração escolar , e se eu souber disso , das três uma : ou ele se corrige definitivamente , ou lhe ponho numa escola pública ou lhe arranjo um trabalho ! Manter ele , prejudicando os colegas interessados em estudar , é que não posso fazer !
    Abraços à todos !
    Somel Serip .

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  • 02/02/2010 em 10:13
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    Caros colegas,
    Sei que é difícil, trabalho em escola pública também, numa região muito pobre e violenta da Baixada Fluminense, mas continuo acreditando na idéia de inclusão, mas inclusão verdadeira, ampla, geral e irrestrita. Isso significa trabalharmos com os alunos que, a princípio, parecem realmente não querer nada e vivem repetindo que só vão pra escola porque são obrigados. Cada vez mais alunos pensam assim, não vêem sentido na escola, a não ser para encontrar os amigos, e expulsá-los (ou “convidá-los a se retirar da escola” como as escolas costumam fazer, hipocritamente) é apenas empurrá-los para outras escolas e outros professores que, provavelmente, os pegarão piores ainda, ou então, o que é ainda mais triste, estaremos empurrando-os de vez para a marginalidade. Já perdi alunos pro tráfico, pra prostituição, já tive aluno que foi assassinado por estar roubando e, acompanhando tudo isso, infelizmente posso garantir que a escola tem uma grande parcela de responsabilidade nos seus destinos sim, no que aconteceu com eles.
    Declev sabe como penso. Acima das famílias, dos alunos e dos professores é que estão os maiores responsáveis por todo esse quadro perverso da Educação atual: os políticos e as políticas públicas. Todo o resto é paliativo, é colocar band-aid em ferida que nunca vai sarar se não houver uma mudança verdadeiramente estrutural, de base, social, política e econômica.
    Nosso povão está cada vez mais dessassistido, largado e largando seus filhos nas ruas, enquanto os políticos continuam roubando e enriquecendo à vontade… E o mais triste é ver que, da maneira como funciona a cabeça de quem não tem a minima conscientização política – e aí inclui-se também o povão de quem estou falando -, o desejo é de estar lá em cima roubando também, como os políticos, ao invés de se tentar uma sociedade melhor para TODOS. A mídia colabora com isso, o capitalismo, com suas idéias de competição selvagem e individualismo também, e, assim, os valores que são incutidos nas pessoas, desde bebês, vão colando nelas de tal forma que não percebem que, na verdade, estão sendo manipuladas o tempo todo! Acham que estão fazendo “escolhas”, mas, na verdade, há muito tempo estão escolhendo por elas, antes mesmo delas nascerem!
    Nossos alunos são os filhos dessa realidade.
    E garanto que não sobra carinho pra eles não, pois mimos e não dar limites não são formas de carinho e sim de criar essas crianças e adolescentes sem chão e sem condições de lidar com frustrações e com a dura realidade que vivemos. Carinho e amor de verdade eles não recebem não e isso, como Orientadora Educacional, que acompanha de perto essas famílias há anos, posso garantir que eles não têm não. E eles precisam disso desesperadamente!
    Abraços a todos,
    Regina.

    Resposta
  • 02/02/2010 em 11:14
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    Regina Milone, olá !
    Concordo com você e por ser esta pessoa consciente e verdadeira é que lhe considero amigona !
    A escola tem obrigação de convocar os pais para lhes espor o que de fato está ocorrendo com o aluno desajustado. Talvez uma reunião da diretoria e um dos professores com o aluno e seus pais, plenamente agendada, possa servir para melhorar a situação !
    Mas se tudo que puder ser feito não der certo, o jeito é uma sala depositária para alunos rebeldes ou afastar o aluno que não permite aos demais um melhor acompanhamento da aula !
    Sei que um aluno expulso poderá jogar uma pedra no carro do Diretor da Escola, mas sua expulsão servirá de alerta aos que ficaram !
    Não podemos é ficar coniventes com a bagunça e, com isso prejudicar o direito de aprendizado dos que querem de fato aprender !
    Abraços à todos !
    Somel Serip.

    Resposta
  • 03/02/2010 em 10:10
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    Caro Somel,
    Também te considero um amigão!
    E respeito seus pontos de vista, como sei que respeita os meus, mesmo quando discordamos. Esse é o caso agora. Discordo da maior parte do que colocou. Concordo apenas com a idéia de se chamar os responsáveis desses alunos, fazendo reuniões onde diretores, orientadores e professores possam buscar, junto com as famílias, possíveis soluções, que vão variar de caso a caso.
    Te digo que isso já fazemos, onde trabalho. E mesmo assim as soluções são complicadas, complexas e a longo prazo. Mas em muitos casos conseguimos alguma melhora sim.
    Na prática, expulsar o aluno de escola pública – o que, aliás, é proibido por lei – , na maioria das vezes o transforma mais ainda em “herói” aos olhos dos colegas (adolescência, adolescência…) e o empurra para o crime.
    Acho importantíssima a sua posição, como pai de aluno, assim como a dos professores, dos funcionários, dos diretores, dos orientadores e dos próprios alunos. Na minha função temos que ouvir a todos e, assim, ficamos com uma visão bem abrangente do tamanho da dificuldade com que estamos lidando…
    O que sei e defendo é que TODOS têm direito a uma Educação de qualidade!
    Um grande abraço,
    Regina.

    Resposta
  • 03/02/2010 em 12:30
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    Regina Milone, olá !
    Eu não sabia que é proibido expulsar aluno da escola pública ! Será que, também, é proibido suspender o “aluno” ?
    Abraços à todos !
    Somel Serip.

    Resposta
  • 07/02/2010 em 12:40
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    Caro Somel,
    Essa questão é complicada, passa pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e precisa ser analisada por vários ângulos, entende?
    O que posso te dizer, na prática, é que a grande maioria dos alunos de escolas públicas que são suspensos seguidamente e, no final, expulsos, param de estudar. E muitos acabam no crime sim.
    O termo usado para mandá-los embora da escola é outro, sempre, pois não se pode usar a palavra “expulsão”, como já disse aqui. Em geral, quando possível, tenta-se apelar para a idade do aluno, que “já deveria estar estudando no turno da noite”, pois já tem 15 ou 16 anos…
    É complicado.
    Um abração,
    Regina.

    Resposta
  • 15/03/2010 em 11:01
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    sou conselheiro tutelar em RIO NEGRO PR,e estamos com uma duvida grande queremos saber por lei ate que idade e obrigado estar em sala de aula ou ate que serie e obrigado aqui na cidade de MAFRA SC,vizinha nossa e obrigatoriedade ate a 8 serie e aqui em RIO NEGRO PR nos exigimos ate os 18 anos quem esta certo ok grato

    Resposta
  • 08/08/2010 em 09:35
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    Olá queridos colegas.

    Imagina o que é dar aula numa sala de quinta-série, e um aluno durante a aula levanta e arrasta duas carteiras. Você para sua aula, pergunta ao sujeito: “o que está fazendo?”. Ele continua como se você não fosse nada, como se não existisse, simplesmente te ignora, então sobe nas carteiras deita e começa a cantar e assoviar. Este sujeito já tem 15 anos e está na sala com os outros menores na quinta-série.

    Chamei a orientadora, que conversou com o aluno, mas o garoto continuou atrapalhando a aula, e pior ainda, que outros alunos são influenciados por ele… saem e entram da sala, sem permissão, jogam borracha nos outros alunos, simplesmente não fazem nada no caderno.

    A orientadora chamou o pai do aluno, contou-lhe sobre tudo o que o menino vinha fazendo. O pai simplesmente ouviu calado, então perguntou: “já acabou? preciso voltar ao trabalho”. Não tomou nenhuma providência, não fez nada!

    Não gosto de dar aula para ensino fundamental, porque não sei lidar com isso! Se eu continuasse dando aula para essa turma por mais tempo, teria acabado internada numa clínica, ou na cadeia por agredir esse aluno! Assim não dá!

    Resposta
  • 09/08/2010 em 18:02
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    Olá à todos !
    Como não sou um professor, falo o que são, atualmente, asneiras!
    Isto em razão do não conformismo ao que estão fazendo modernamente com o ensinamento ao povo brasileiro !
    Os doutorados, por passarem o tempo todo estudando e inventando teses que,mais tarde, politicamente conseguem por em prática, colaboram com a máfia política, no seu objetivo de manter o povo brasileiro, “Maria-vai-com-as-outras”!
    E, assim, o povo mantém o sistema funcionando, sem ter a consciência de que, com união, tudo pode ser feito, inclusive, reestruturar o Sistema Eleitoral Político – SEP, que por aceitar candidatos desqualificados politicamente, gera novos elementos para manutenção da máfia dominante ! E, assim, essa máfia mantém o povo em sua condição de semi-analfabeto, sem consciência de que : os pés limpos, ao entrarem na lama, ficam tornam-se sujos ! E , assim, ainda ficam votando no menos ruim, mantendo um esperança hipócrita, em conivência com a máfia política. Sem vontade própria, o povo não vê que quem entra neste sistema, não tem jeito, fica sujo !
    Vão lá, votem nas Marinas da vida, sem notarem que tudo é uma armação da máfia, justamente para enfraquecer, ou pelo menos desfocar, a visão da solução : Voto Nulo Reivindicador.
    Primeiramente temos que Reestruturar o SEP, objetivando que os futuros candidatos sejam qualificados politicamente, com registro num “Conselho Regulador da Atividade Política – CRAP” ( que os imponham a ética no trato político ) e , com eles, uma nova Constituição, mais simples e concisa, que abranja o mínimo necessário e suficiente ao direcionamento progressista à Nação !
    Utopia, talves, mas é o caminho, sem rastro sangrento, que vejo para termos seriedade no setor fundamental para a Sociedade Brasileira, que é a Instrução do Povo !
    Pronto, Falei !
    Abraços à todos !
    Somel Serip.
    Gerente Geral CNBVN ? Coordenador.
    Fui.

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  • 21/10/2010 em 20:49
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    Olá!
    Sou diretora adjunta de um colégio estadual no interior do Rio de Janeiro e fico muito triste ao saber que em todos os lugares os problemas com a escola pública são os mesmos…
    Gostaria muitíssimo de ler sugestões, dicas de como lidar com estes problemas citados em todos os depoimentos anteriores.
    Que a falta de apoio familiar é a principal causa do caos na educação todo mundo sabe… como lidar com isso, o que fazer para reverter este quadro é o nosso grande desafio…
    Aceito sugestões.
    Abraços

    Resposta
    • 21/10/2010 em 21:37
      Permalink

      Oi Rose,

      Aqui mesmo no site, entremeado com as minhas muitas lamentações, dou muitas dicas de como eu acho que poderíamos atacar os problemas.

      Dê uma olhada, por exemplo, na categoria “projetos”, onde eu mostro, por exemplo, como seria o projeto “Escola de Pais”, para atacar o problema citado por você.

      Abraços,

      Resposta

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