O artigo anterior, como eu esperava, já suscitou uma boa discussão.
O Rodrigo fez um comentário (copiado abaixo) que eu já respondi (copiado mais abaixo).
O comentário, pra quem não leu:
Olá Declev
Você deveria conhecer de perto o material da Sangari antes de falar sobre ela. É um programa extremamente sério e competente, que fornece ao estado o que de longe ele tem organização para fazer no momento.
Não se prenda a números absolutos como quase 68 Milhões no Rio. Você se perguntou para quantas crianças e por quantos anos são?
Pois lhe digo, que são para 160 escolas, 100mil alunos por 2 anos. Isso da um total de R$ 28 reais por alunos/Mês, o que é extremamente baixo para o valor que o material agrega.
Se informe mais antes de falar sobre o que vc não conhece, até para falar mal é necessário ter competência.
at,
Rodrigo Murta
Minha resposta, pra quem não leu:
Oi Rodrigo,
Não sei quem você é, já que não se apresentou. Considero então, que você deve fazer parte do projeto, certo? Então trabalha para a sangari e deve defendê-la.
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Mas, acho que você não leu direito meus artigos, pois sempre digo que minha escola é uma Escola do Sempre Amanhã e portanto, ela recebe o material da sangari e eu, como professor de ciências, sou obrigado a utilizar o material da sangari.
Portanto, Rodrigo, eu conheço bem de perto o material da sangari, pois sou obrigado a utilizá-lo. Não sei de onde você tirou que eu não conheço.
Bem, claro que se você fizer as contas deste jeito, as coisas parecem bem baratas.
Se eu dividir meu salário, por exemplo, pela quantidade de alunos que dou aulas, garanto que vai dar muito menos do que isso por mês. E eu tenho que encontrá-lo várias vezes no mês. Se dividir, ainda, pela quantidade de vezes que encontro cada um, acho que ganho uns 10 centavos por aluno por aula.
É muito pouco, não?
De qualquer forma, fique atento, pois escreverei com mais detalhes minhas críticas ao método revolucionário da sangari, inclusive fazendo uma comparação com o trabalho de melhoria do ensino de ciências que vem sendo feito na rede de educação de Niterói, onde também dou aulas há 12 anos.
Portanto, além de conhecer o material da sangari, tenho, inclusive, pontos de referência para fazer comparações.
Se estou criticando o método sangari, pode ter certeza que tenho minhas razões.
Além disso, como vê, acho que também tenho competência pra isso…
Abraços,
Apesar de já ter respondido, faço um pequeno adendo neste comentário em forma de novo post, este que vos é lido.
Fiquei pensando no que o Rodrigo disse e então o absurdo ficou, para mim, ainda maior…
Diz ele que são 68 milhões para 160 escolas por dois anos, certo?
Fazendo as contas de forma diferente [matémática devia ser matemágica, pois muda completamente a visão de algo, dependendo da análise que se faz] chegamos a um resultado diferente.
Em primeiro lugar, gostaria de saber o que vai acontecer no final dos dois anos… ops!, acho que já sei: o contrato terá que ser renovado, pois todo o material, toda a base, toda a estrutura do ensino de ciências destas escolas é… da sangari!
Que conveniente, não?
Se não renovar o contrato, não continuam a fazer e fornecer os materiais; se não continuam a fornecer os materiais, não há trabalho, pois tudo depende – o “método” – do que a sangari leva às escolas.
Não temos, por exemplo, nem um microscópio decente que ficará como acervo das escolas, após a passagem do método sangari…
Mas, voltando às contas.
Se gastaram, nesta primeira fase, 68 milhões com 160 escolas, chega-se à singela cifra de R$ 425.000,00 por escola!
Repito em extenso: quatrocentos e vinte e cinco mil reais por escola!
E o que nos restará após 2 anos? A necessidade de se gastar mais R$ Não Sei Quantos mil por escola.
Oras, Rodrigo, oras queridos leitores… Já que a prefeitura conta com este dinheiro (que é, claro, da educação), poder-se-ia gastá-lo com a coisa pública, com benefício direto e duradouro à coisa pública, e não ficar dependente da privada.
Com este dinheiro poder-se-ia, por exemplo [é um simples exemplo], construir-se salas de ciências ultra-hightech toda equipada com vários microscópios profissionais, vidrarias, bancadas ou mesas em grupo, aquários equipados, lupas eletrônicas, lutas projetoras (com data-show), materiais químicos, ferramentas, geladeira e fogão (sim, a cozinha também contém ciência!), ar condicionado e tudo o mais para o professor de ciências trabalhar, de fato, de forma investigativa e criativa com seus alunos.
E ainda poder-se-ia manter uma reserva financeira, em cada escola, para se comprar, todos os meses, materiais de reposição.
Por quantos anos duraria esta sala de ciências? Pra vida inteira da escola.
Quanto custaria mantê-la?
Praticamente nada, uma ínfima parte dos 18 mil reais mensais [repito: dezoito mil reais mensais] que a secretaria de educação está gastando no momento com o método revolucionário da sangari! [Isso contando 24 meses, incluindo os meses de férias. Olhando assim, não me parece tão barato…]
Imaginem, professores de ciências, se a escola tivesse 18 mil reais por mês, incluindo as férias, pra gastar com a disciplina de ciências?!?
Faríamos maravilhas!
E seríamos PROFESSORES, assim, com letras maiúsculas, e não aplicadores de método de uma empresa privada.
Abraços,
Declev Reynier Dib-Ferreira
PROFESSOR DE CIÊNCIAS
Pingback: A quem cabe fazer a educação formal? | Diário do Professor
Oi Declev,
onde estão as novas informações que vc prometeu trazer sobre o ensino público de ciências no rio de janeiro e a privatização pela contratação da Sangari. Informações detalhadas sobre material de consumo.
No aguardo! Vamos fazer isso andar (parar)
É Izabel, estou devendo e irei pagar.
Pura falta de tempo…