Material escolar pra estudar ou pra “comprar”?

Material escolar pra estudar ou pra “comprar”?

Todo ano a mesma coisa, desde que entrei para o magistério.

Nosso rico dinheirinho captado por meio de absurdos impostos é gasto com toneladas de materiais didáticos e outros materiais para os alunos: lápis, borrachas, canetas, cadernos, réguas, mochilas, tênis, camisas, calças, casacos… acho que até cuecas!

Tudo, como eu disse, às toneladas.

É errado? Não, à primeira vista, não.

É dever do estado (do poder público) fornecer todas as condições para uma criança estudar.

Ok.

Mas… detalhe: eles não querem, eles não querem “aquele” material.

Mas… os alunos são obrigados a receber – tudo é jogado nas mãos deles, obrigatoriamente, queira ou não, já tenha tudo ou não.

Muitos não querem, mas nós não temos a opção de oferecer apenas àqueles que realmente querem ou que de fato precisam do material.

Temos que dar a todos, mesmo eles dizendo que não querem.

Resultado: Jogam fora, estragam, quebram dão.

No início deste ano eu mesmo recebi, em minha sala, uns 15 cadernos de alunos que não queriam. Eles iam jogar fora, mas como sabem que eu guardo “coisas” e reutilizo materiais em minha sala, me deram.

Guardei-os e fui oferecendo, aos poucos, àqueles que queriam e necessitavam.

Mochilas e casacos? Pilhas abandonados ao fundo da sala, no primeiro dia de distribuição.

Fora isso, a qualidade de muitos itens. Eu tentei usar uma vez o lápis de cor, lápis e apontador e afirmo: não dá pra usar.

Então, minha questão: o poder público é obrigado por lei a oferecer todas as condições necessárias aos alunos para que estudem, e isso envolve materiais didáticos, uniforme, merenda, etc.

Ok.

Mas, por que não dar PARA QUEM QUER?

Mas, por que não dar PARA QUEM PRECISA?

Por que obrigar o aluno a receber algo que ele não quer, não precisa, já tem o seu?

Ora, ele não quer porque a mãe já comprou, porque vem estampado uma capa que ele não quer e já tem outro caderno, porque o lápis de cor que ele tem é melhor…

Então, por que obriga-lo a receber, para logo depois jogar fora?

Por que não fazer uma distribuição direcionada, àqueles que querem e precisam, guardando material em estoque para ir distribuindo ao longo do ano a estes?

Talvez já saibamos a resposta, pois ela vale milhões nas mãos dos fornecedores (e, quiçá, de quem compra).

Abraços,

Declev Reynier Dib-Ferreira
Pensando

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Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

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