A passagem (morte) de Eloa e a morte da imprensa, da polícia, da política, da justiça, de nós…

 

Acabou.

O Quê?!? Acabou?

Não, não acabou…

Ligo a televisão e estamos no enterro da menina.

Não quero participar, mudo de canal e estamos no enterro da menina.

Mudo de novo e vou para um canal estrangeiro.

Volto uns dez minutos depois e ainda estamos no enterro da menina.

Suguem os últimos sangues, vampiros!, arranquem os últimos fiapos de carne, abutres!! Roubem o último grama de outro, bandidos!

Façam isso por que este espetáculo vai acabar e o circo vai se mudar de cidade.

Os espectapalhaços estão doidos para ver outros esquetes.

E assim caminha (ou não) a humanidade.

A cada época, a eleição de uma nova desgraça para mover a roda da fortuna da imprensa.


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Como estes casos são “escolhidos”?

Clamor popular faz a escolha da imprensa ou a escolha da imprensa faz o clamor popular?

Oras, oras… o que a imprensa não “imprensa” não existe!

As milhares de prostitutas mirins que os grandes também comem não existem; os milhares de escravos nas fazendas dos donos das empresas que pagam a publicidade na imprensa não existem; os cartéis montados pelas grandes empresas que também pagam publicidade na imprensa não existem… os milhares de assassinatos diários dos pobres não existem…

É interessante o processo de escolha da imprensa. Elegem um caso para ser o da vez e sugam até o fim.

Exagero meu? Veja a quantidade de notícias aqui (percebam, lá em baixo, que são 5 – cinco – páginas!)

Não há paz para a polícia trabalhar; não há paz para a família sofrer; não há paz para o povinho bunda escolher…

E, interessante… esses casos nunca são de negros ou pobres – quanto mais de negros pobres!!!

Quer dizer, às vezes o negro ou pobre ou negro pobre é o protagonista do lado “do mal”. Aí o show pode ficar ainda pior.

Ou, para valer a pena à imprensa o caso ser de negro ou pobre ou negro pobre como vítima, tem que ser um monte de uma vez.

Um branco vale, então, muitos negros ou pobres ou negros pobres!

Que matemática é essa?

Que imprensa é essa?!?

Aí, meus amigues, se a imprensa “imprensa” o caso, o povinho bunda todo se comove… coitado da garotinha bonitinha… que pena do riquinho… coitadinho da branquinha…

 

Choram por quem nunca viram, comovem-se, indignam-se, ficam de vigília no local e… pasmem!: entopem o velório e o cemitério por alguém que nunca viram na vida, mas que conheceram apenas através da televisão.

São – ironicamente – os minutos de fama – finais – da vítima!

Mas se a imprensa ignora, ignora-se o fato.

Se a imprensa dá apenas uma notícia do tipo “mãe joga filha de seis anos da janela do sexto andar de um prédio da periferia do bairro pobre da cidade do interior…” e nunca mais volta ao assunto… lágrimas para quê?, comover-se com o quê?, velório de quem?, enterro de indigente qual?

Que lógica é essa?

Que povinho bunda é esse?!?

Ê povinho que gosta de espetáculo!

E, como a polícia faz parte desse povinho de merda, como a polícia gosta de um espetáculo!!!

Precisava, por exemplo, de 15 carros, 87 policiais e até helicóptero para buscar os Nardonis em casa?

Precisava aquele show todo em frente ao apartamento da Eloa para negociar durante 4 dias com o cara?

Precisavam matar o 174 esganado dentro da mala?

Não… não precisavam…

Duvido que esses shows sejam dados se não houver câmeras junto!

Que estratégia é essa?

Que polícia é essa?!?

E, uma análise final:

Quando o lado “do mal” é um branco rico ou conhecido, tudo na lei pesa a seu favor: réu primarismo, antecedentes, motivação, habeas corpus, fiança, ser ou não conhecido da mídia, conhecer amigos influentes, prisões especiais

Vide o caso de Pimenta Neves, que está SOLTO, vide o caso de Guilherme de Pádua e Paula, que estão SOLTOS e PERDOADOS.

Diz-se que todos baseados na lei. Mas a lei é para todos?

Que justiça é essa?!?

QUE PAÍS É ESSE?!?

8 comentários em “A passagem (morte) de Eloa e a morte da imprensa, da polícia, da política, da justiça, de nós…”

  1. Não xingue tanto seu país, Declev… Ontem, noticiaram que o Ministério da Defesa da Grã-Bretanha liberou uma série de arquivos de supostos avistamentos de discos-voadores (os populares UFO’s – ninguém mais diz “OVNI” em português…)

    Eu “traduzi” isso imediatamente como “a crise financeira na Grã-Bretanha é bem maior do que estão noticiando…”

    No dia em que Eloá morreu, uma outra moça (um pouco mais velha) foi também assassinada pelo ex-namorado, na frente do filho (bebê, ainda) dos dois… Mas, como não teve “seqüestro”, nem “reportagens ao vivo da cena do crime”, passou despercebido…

    Já dizia o “Barão de Itararé”: “existe a opinião pública e a opinião que se publica”…

  2. Eu li sobre esse caso semelhante no jornal. Foi depois de eu ter escrito o artigo, senão, teria-o citado.

    Ela mereceu menos fama do que a Eloa. Ninguém saberá nem ao menos o nome dela…

  3. Você está de parabéns Declev, você e outros que incitaram essa discussão, espero que desta vez bastante gente pare para pensar. Mais uma vez parabéns querido. Abraço.

  4. “La société du spectacle”….de fato todos os fatos relatados viraram um verdadeiro Show Business…agora o contribuinte paga a aconta………

  5. Big Brother? Que nada!!! O show da realidade [realidade mesmo] está ai e a mídia não precisa nem pagar os “ganhadores”. Basta a mídia alarmar e já virou o espetaculo da semana. Todo mundo que ver, saber, e ficar ligado. É capaz do povo deixar de ver a novelinha pra ver o espetaculo que a mídia apresenta.
    Parabéns pelo artigo. Está ótimo!

  6. Olá…estive lendo seu blog e achei muito interessante as questões que tu postou…
    Parabéns e espero que ainda existam profissionais que pensem como você (utopia minha).

    Tomei a liberdade de incluir seu blogger nos meus favoritos, caso não seja de sua vontade, favor entrar em contato.

    Até +

  7. Oi Cleciane,

    Como não seria de minha vontade?? Se fazemos um blog é para ser lido, gostado e retornado!

    Esteja a vontade para divulgá-lo como quiser.

    E muito obrigado pelas palavras.

    Abraços.

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