Morreu Sérgio Naya – e nós com isso?

 

No Brasil, país dos absurdos, a Maria pergunta pra mãe: “mãe, ele morreu na prisão?”.

A mãe, com vergonha e arrependida de onde pariu a filha, é obrigada a dizer: “não, minha filha, ele morreu num quarto de um hotel luxuoso em Ilhéus, paraíso litorâneo da Bahia”. (notícia)

Maria, ainda sem entender, pergunta: “mas mãe, como ele tinha dinheiro pra isso? Ele não teve que pagar praquelas famílias tudo o que ele fez?”.

A mãe, coitada, querendo a melhor educação pra sua filha, simplesmente se cala e enxuga escondida a lágrima que sai de seu olho.

Sérgio NaJa… ops!… Naya, foi um dos inúmeros casos que nos lembram o quanto o Brasil é uma surrealidade total.

Em uma pesquisa rápida pelo super google, podemos coletar algumas notícias que fariam corar quaisquer superbandidos de história em quadrinhos:

Sérgio Naya é denunciado por fraude em execução fiscal;

Um drible na Justiça;

TJ condena Sérgio Naya pelo caso Palace II;

Sérgio Naya está na lista dos grandes devedores do município;

Sérgio Naya é preso tentando deixar o país.

Por fim, veja este artigo, do maravilhoso Observatório da Imprensa: Sérgio Naya está na praça há 20 anos.


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Mas mesmo com este currículo, na mesma pesquisa podemos coletar outras que mostram a surrealidade da (in)justiça brasileira e seus derivados:

Sérgio Naya absolvido;

TJ absolve Sérgio Naya e engenheiro por desabamento do Palace 2;

DIREITO GARANTIDO – Sérgio Naya consegue suspender Ação Penal no STJ;

Juiz reboga prisão preventiva de Sérgio Naya.

Aí o cara morre.

A justiça não se faz acontecer.

Talvez muitos dos que deveriam receber alguma indenização também já se foram – sem ter o gosto de ter gosto de morar num país que se preocupa com ele.

Depois querem que os professores eduquem as crianças…

É o que eu digo: a educação é dever de toda a sociedade, não só da escola.

Mas a (in)justiça e a política brasileiras, agindo desta forma (como sempre fazem), ajudam a deseducar o país.

Se meus alunos perguntarem pra quê estudar isso ou aquilo?

Se me disserem que quem rouba não vai preso?

Se me disserem que conhecem fulano que faz tudo certinho mas vive na merda?

Vou dizer o que pra eles?

Abraços,

Declev Reynier Dib-Ferreira

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Prticipe do Movimento:

SE EU FOSSE SECRETÁRIO(A) DE EDUCAÇÃO, O QUE EU FARIA?

8 comentários em “Morreu Sérgio Naya – e nós com isso?”

  1. Tenho acompanhado seu blog há algum tempo, já dei uma vasculhada nos arquivos e gostei muito do que encontrei. Parabéns por nos trazer notícias do front da educação. Tenho alguns amigos que seguiram o mesmo caminho, licenciatura em biologia. Eu tive uma pequena experiencia, em um curso comunitario do fonseca, e também tive os meus problemas. Mas fica pra uma próxima.
    Sobre o Sergio Naya. Acho qu ele teve uma punicao sim, melhor do que ir preso. Pelo menos agora ele nao vai poder gastar mais nenhum centavo do que roubou. Isso sem contar o que ele pode achar do outro lado…

    1. Oi “Água”,

      Obrigado.

      Sobre o Naya, por mais que eu acredite no que ele vai encontrar e sofrer do outro lado, acho que devemos aprender a fazer as pessoas pagarem pelo que fazem por aqui mesmo.

      Não falo em olho-por-olho nem de dente-por-dente, mas de ser justo.

      O justo é educativo.

      Obrigado pela visita.

      Abraços.

  2. Até quando a Sociedade Brasileira vai se Esconder?
    Assistindo o Documentário S.O.S Saúde fui forçado a concordar com a fala de um Ex-Parlamentar Inglês: “A diferença entre os Países onde as Instituições Sociais funcionam é que os políticos temem o povo, nos países em desenvolvimento o povo é que teme os políticos”. Na França a Saúde e a Educação trabalham com melhor eficiência em função de uma Sociedade que cobra de seus representantes as atitudes e políticas com as quais se comprometeram, exigem transparência e resultados práticos: Eles temem quando o povo fala, cobra resultados! Será que somos tolos? Somos tão vendidos assim? Vamos temer os políticos até quando? Quem deveria ter medo de quem? Quando vamos colocar essas questões em pauta? Alguém recebeu uma “correspondência” cheia de perspectivas antes da eleição? Será que somos realmente EDUCADORES?

    NA TÁBUA DA BEIRADA.
    Todo bom brasileiro é assim… É?
    – Quando você tem que entregar esse serviço?
    – Calma, tem tempo. É coisa fácil! Eu quero sua ajuda, vou precisar mesmo que você me de uma força. Mas fica calmo! Você tem essa mania de querer sair fazendo as coisas de uma vez… Qual é?
    – Mas é assim, né? Quando tiver faltando um ou dois dias para entregar o trabalho você vai querer que eu te ajude. Afinal o que você está fazendo de bom que não faz logo essa titica?
    O chato sempre é o cara que quer se livrar logo do problema. Acredite, quando esse meu camarada voltar querendo ajuda eu vou ser o primeiro a correr dele. O incrível disso é que o referido trabalho é uma justificativa para uma bolsa de estudos. Daqueles cursos que custam uma “baba”, tremendamente concorridos e só vai melhorar a vida do camarada. Pasmem: Ele foi convidado a fazer o curso! A pergunta é: Se nós agimos assim, como vamos cobrar daquele em tenra idade trilhar outro caminho?
    Hoje vivemos uma enorme falta de qualificação dos profissionais brasileiros. Isso não é alimento para aqueles que dizem que só queremos trabalhar para fornecer mão de obra mais barata para os privilegiados da nação. Fato é que o fenômeno está acontecendo com Engenheiros, Advogados e até com Médicos. Quando falamos dos mais desprivilegiados o assunto toma proporções endêmicas com vias de se tornar uma epidemia nacional. A falta de vontade em fornecer educação de qualidade é visível a “olho nu”, não àquela que os “moradores” do planalto gostam de enaltecer em sua época própria e sim uma educação que passe pela grande prova da vida: O mercado de trabalho.
    Podem acreditar, eu trabalho lá: Uma menina teimou e queria apostar comigo R$10,00, que 2x=P era algo matematicamente diferente de P=2x!!!???!!! Isso aconteceu no momento em que se estava discutindo a nota da a sua prova de Física. A já cidadã brasileira, com seu título eleitoral em mãos, acreditando que ao final daquele ano, já cursando a terceira série do Ensino Médio, poderia entrar no “Mundo do Trabalho”.
    Quando o adolescente chega a minhas mãos ele já possui uma formação, está entrando no segundo segmento da educação básica, mas não sabe ler e interpretar textos, não conhece uma matemática contextualizada. Na verdade a grande maioria está mais perdida do que cego em tiroteio. Nesse primeiro momento coloco para eles que ainda é tempo de fazer algo, reverter o processo vivido até então. Nos próximos três anos, se trabalhar com vontade, vencendo barreiras, usando todo o material disponível, apertando seus instrutores, poderá fazer a diferença para seu futuro. Mas quem acredita nisso? Eles acham que você é um chato, um cara da antiga, linha dura… Não canso de ver aqueles que ainda lembram o que foi dito lá início, ao chegarem às provas do ENEM, vestibulares, concursos públicos, voltarem, lamentando-se, dizendo: É professor… O Senhor tinha razão!
    Um simples gerador de estatísticas não pode sequer ser um instrutor! Aonde entra o exemplo dos adultos que cercam esses seres? Não quero ficar batendo na mesma tecla, mas verdade seja dita…
    – Chico cadê aquele relatório que eu pedi para você fazer? Tenho que juntar com o levantamento das quantidades que o Paulo me entregou, para poder começar a colocar preço nas unidades.
    – Eu já vou fazer.
    – Já vai fazer? Quando? Hoje?
    – É pra hoje. Pode deixar comigo.
    – Presta atenção Chico, eu vou me reunir com o Carlos, o engenheiro, e com o Silva dos recursos humanos, para analisar o levantamento do Paulo… Você tem de 3 à 4h para resolver isso: Valeu?
    Dr. Arnaldo saiu andando sem esperar resposta, ao passar pelo setor onde Chico trabalha, já foi olhando para um lado e para o outro. Convocou uma das auxiliares dele! Trancaram-se em sua sala por não mais de 10 minutos. Depois partiu para a sala de reuniões. Daniele não saiu da sala do Dr., nada disso, quando o Dr. passou por sua secretária avisou para não perturbar a moça.
    – D. Alzira, nada de ficar enciumada e entrar na sala para ficar oferecendo coisas para a menina, deixa ela trabalhar sossegada, já liberei o frigobar para as necessidades básicas dela. Nada de interrupções! Qualquer coisa estou na sala de reuniões.
    Passadas as tais quatro horas o Dr. voltou e pediu a Daniele que se juntasse ao resto do pessoal na sala de reuniões e passasse para todos os resultados. Deixou sua sala e foi ter com Chico.
    – O tempo acabou Chico. Como ficamos?
    – Ainda falta Dr. Arnaldo.
    – Quando fica pronto então?
    – O senhor pode me dar mais uns dias?
    – Dias? Vou dar a você muito mais tempo, meu amigo! Vou lhe dar o resto vida para acabar seu trabalho. O senhor pode ir limpando sua mesa agora e passar no departamento pessoal, aqui o senhor não trabalha mais. Da maneira como o senhor leva sua vida vai acabar desempregando a todos nós. Por favor, não espere eu chamar a segurança.
    É meu amigo, um dia a “calça arriada” acaba chegando… Uma coisa é verdade: Somos uma equipe, somos a sociedade, se não fazemos nada pelos mais novos, quem irá tomar conta de nossos futuros? Como reclamar daquele rapaz de “classe média” que espanca pessoas nas ruas? Será que existe vendedor para produto que ninguém compra? Então como existe traficante? “Polícia para quem precisa de Polícia!” – Já dizia o Lobão!!!!
    – Qual é camarada? Eu te falei que ia precisar de você para fazer a justificativa da bolsa de estudos, não vai me dar uma força?
    – Está aqui no meu armário faz umas duas semanas. Este CD tem uns textos muito bons para você estudar, teses de mestrado e doutorado, reportagens… Se vira! E isso só porque sou seu amigo! Valeu? Quem tem filho barbado é gato!

    Luiz Canelhas
    luiz.canelhas@ymail.com
    Publicado tb no Link: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/cultura/prosaepoesia/0234.html

  3. Parabéns pelo texto, bem massa. Nem sequer sabia que Sérgio Naya tinha morrido, não sei foi pq passei um tempo sem ver TV e Internet por causa do carnaval ou se foi pq a grande mídia simplesmente “esqueceu” deste detalhe.

  4. Valéria Peixoto

    Bom Dia!!!

    Mais uma vez , parabéns pelo artigo escrito , nao tinha conhecimento sobre a morte de Sérgio Naya , mas no texto acima ficou bem claro o desabafo .

    1. Obrigado Valéria,

      É isso mesmo, um desabafo.

      É difícil ver a impunidade reinante neste país, ao mesmo tempo que aqueles que andam na linha são sempre punidos exemplarmente…

      Abraços.

  5. Sério que o Naya morreu??puts…que chato…estou desolado com isto…e agora?Quem vai roubar nosso dinheirinho??Quem mais vai ficar em pune em caso de roubo ou desvio? O que me conforta é saber que ele é uma folha que caiu dessa árvore imensa que é a política corrupta!!Descançe em paz Naya (se conseguir!!).

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