Estava eu no ônibus.
Entra um senhor de carona, conhecido do motorista, carregando um monte de sacolas de supermercado.
Senta-se ao meu lado, no banco logo atrás do motorista, e fica a conversar com ele.
Não somente por estar ao meu lado, mas também por falar tão alto que o passageiro no último banco também podia ouvi-lo, ouvi a conversa.
Em dado momento fala ele sobre a natureza, que o “homem” está acabando com a natureza. Dizia ele ao motorista: “o homem que destrói a natureza. Você sabe quem tá acabando com tudo? Os empresários! Os empresários que tão acabando com tudo, que não querem nem saber, querem é dinheiro!”.
Depois de um tempo – sim, duraram um bom tempo a viagem e a conversa – o motorista começa a contar sobre um sujeito conhecido seu que era meio ‘vagabundo’, meio preguiçoso, que não gostava muito de trabalhar.
Aí este senhor fala que ele, ao contrário, sempre se virou, nunca esperou nada de ninguém, sempre fez de tudo.
“Sabe o que eu fazia?”, pergunta ele ao motorista para mostrar que sempre foi muito trabalhador: “tirava areia do rio pra vender. Vendi muita areia!!”.
Para quem não sabe, esta é uma das mais nocivas práticas que se pode fazer em relação a um rio. A retirada de areia sem controle pode simplesmente acabar com o leito de um rio e, por conseguinte, com o próprio (Veja).
Aí vendo o discurso de todos que falam sobre a crise ambiental – inclusive dos ‘entendidos’ da área – percebo que o culpado pela destruição do ambiente é… ninguém!
É o outro!
É claro que todos têm que se virar, ganhar algum dinheiro, sobreviver. Mas a questão é mais profunda e preocupante.
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Quando usamos o discurso de que o “homem”, genérico, é o destruidor da natureza, não é ninguém.
E não se dá a ninguém a responsabilidade relativa a quem de direito.
O senhor do ônibus, também é responsável. Mas se ele o fez de maneira artesanal em pequena quantidade pra sobreviver, tem uma responsabilidade muito menor do que uma grande empresa, que também explora areia dos rios, mas de uma maneira mega, com máquinas, em grande quantidade.
Colocar tudo no mesmo saco como o “homem”, não permite que ninguém se enxergue.
E claro que tenho minha parcela de culpa perante à problemática ambiental, mas muito menos do que, por exemplo, teve ou ainda tem o Bush.
Uma simples decisão dele poderia modificar o quadro ambiental mundial para melhor ou para melhor. Uma simples decisão minha pode modificar a… o… a… a minha consciência, no máximo!
E somos os dois “homens”, no sentido “ser humano”, utilizado pelo senso comum.
Então esse lance de “faça a sua parte” e “todos somos responsáveis” é muuuuuuuuuito relativo.
Não basta.
É preciso identificar as responsabilidades e as consequências dos atos de cada um.
É preciso muito mais do que um simples “faça a sua parte”, mas saber de fato o que está acontecendo.
Não jogar lixo no chão não faz a prefeitura, que tem o dever de zelar pela limpeza da cidade, tratar de forma igualitária bairros ricos e pobres.
Tomar um banho de 5 minutos, ao invés de 10, após um dia estressante de trabalho, não faz a empresa distribuidora de água se preocupar com as perdas pelo caminho, que chegam a 40% em alguns casos – que NÓS pagamos.
Economizar energia não impede o governo de construir uma BALBINA da vida! – que NÓS pagamos.
Então, além das ações individuais – que considero importantes, quem me conhece sabe disso – é extremamente importante não achar que o “homem” está acabando com a natureza.
Quem está fazendo isso? Quem é o homem?
O que podemos fazer para fazer com que quem faz não faça mais?
Pode ser uma empresa, um governo, um indivíduo… Mas eles têm nome e endereço.
Abraços,
Declev Reynier Dib-Ferreira
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Prticipe do Movimento:
Veja bem, Declev… Note como a resposta para a pergunta “como fazer…?” já está implícita no próprio exemplo de introdução: o que levou o personagem falastrão a defender a natureza com palavras, enquanto destruía a mesma com seus atos?…
Ignorância! Ele simplesmente não fazia (e continua não fazendo) idéia que a extração indiscriminada da areia de rios é um ato extremamente danoso!
Bom… Eu nem preciso dizer qual é o “antídoto” para isso: seu Blog é dedicado exatamente ao tema!
Esta é uma das questões, muito importante, mas uma delas.
Para isso eu trabalho, como você mesmo aponta, com educação ambiental.
Mas só o conhecimento não é suficiente, pois muitos sabem e fazem. Vai além.
Não sei te dizer agora o que é, mas vai além.
Abraços.
Caro Declev!
Estou acompanhando os seus comentarios sobre lixo comum e Hospitalar.Minha pergunta é, se incinerado em que distancia de moradias poder ser instalado o DEPOSITO E INCINERADOR, para nao oferecer risco á comunidade?
Vamos dar nome aos bois, isto é básico e é o início para que alguma coisa mude (pra melhor, claro). Do jeito que está acaba que a maioria não se sente responsável e os que se sentem responsáveis não tem a real noção do tamanho de sua responsabilidade perante a destruição ambiental.
Esta é uma história sobre quatro pessoas: Todo mundo, Alguém, Qualquer um, Ninguém .
Havia um importante trabalho a ser feito e TODO MUNDO tinha certeza de ALGUÉM o faria.
QUALQUER UM poderia tê-lo feito, mas NINGUÉM o fez.
ALGUÉM zangou-se porque era um trabalho de TODO MUNDO.
TODO MUNDO pensou que QUALQUER UM poderia fazê-lo, mas NINGUÉM imaginou que ALGUÉM ou mesmo TODO MUNDO deixasse de fazê-lo.
Ao final, TODO MUNDO culpou ALGUÉM quando NINGUÉM fez o que QUALQUER UM poderia ter feito.
A partir de e-mail recebido; autor desconhecido
Acho que enquanto não houver o libertário despertar da cidadania, em cada indivíduo, as coisas não poderão mudar.
Aprendamos nós, antes de tudo, onde está o nosso dever.
Parabéns Dauler, gostei muito da história sobre quatro pessoas!
Parabéns para o Declev, nem precisa. Ele é especial e faz a sua parte!
Abraços
estou cursando pela etec “meio ambiente” mas estou com problemas para fazer monografia se puder me ajudar agradeço.