Pipocam pelo Brasil greves e lutas dos profissionais da educação… por que será?

 

Venho afirmando que não se melhora a educação batendo de frente com os profissionais da educação.

Uma coisa é, se tiver um mau profissional [o que pode ser difícil de definir], tentar resolver a situação. Situações pontuais, como em toda categoria profissional.

Achar que a culpa é da “categoria professor” é problemático, mas é ideia que ganha cada vez mais força entre os setores mais conservadores e reacionários e, pasmem, até mesmo nos que se dizem progressistas.

Ora, não se melhora a saúde pública fazendo o médico trabalhar 40 horas dentro de um hospital operando sem parar!

Recebi uma mensagem da professora Estela Rossetto, do IFSP – Campus Sertãozinho, contando as condições de trabalho oferecidas aos professores e indicando uma petição pública contra uma medida do governo que, claro, acha que a culpa de todos os males são os professores, que são vagabundos.

Vou resumir a mensagem:

Sou docente no IFSP-Campus Sertãozinho, leciono Biologia para o Ensino Médio (integrado ao técnico) e superior (licenciatura em Química).

Estamos em greve há uma semana. Fizemos uma paralisação de 2 dias em junho, mas o governo não conversou conosco, nada mudou, nenhum diálogo ocorreu, tivemos que parar.

A situação é muito difícil: o governo federal está ampliando em velocidade estonteante a quantidade de Campi dos IFs, mas sem condições de trabalho e, portanto, sem condições de oferecer ensino de qualidade: os concursos para docentes e técnico administrativos são raros e para pouquíssimas vagas, insuficientes para a necessidade de força de trabalho atual.

Os técnico-administrativos estão sobrecarregados de trabalho, os professores estão com carga em sala de aula de mais de 18hs semanais, em 4, 5, 6 e até 7 componentes (disciplinas)diferentes!!!

Em alguns campi não há biblioteca, ou se há ela é precária. Não há local de trabalho para os docentes…

Um dos pontos [da FTP, motivo da petição abaixo] é a absurda exigência de que o docente cumpra horário extra-classe na escola (sem condição de trabalhar), batendo ponto de entrada e saída 4x por dia (para fazer o quê nos horários que não tem aula e poderia estar em casa estudando, preparando aula, corrigindo trabalhos?).


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Só para vocês terem uma ideia: tem uma professora aqui que tem 7 disciplinas (sim sete) diferentes de um curso que abriram esse
ano: ela é a única docente da área… não tem concurso. Todo dia é ela… e o tempo para preparar as aulas?? E se ela sai as 16h, precisa ficar plantada na escola, sem sala adequada, tem uma só para 45 professores, sem computador (temos 3, 1 quebrado)… é vergonhoso.

Pelo que vemos nos movimentos, daqui a pouco seremos nós que teremos que ser libertados de trabalho degradante semi-escravo!

Temos que mostrar nossa força, mostrar que o problema da educação não está nos professores, mas na falta de estrutura adequada que é dada aos professores.

Temos que mostrar que não se melhora a educação achatando os profissionais de educação.

Participe de mais este movimento, assine a petição e mostre solidariedade:

Abaixo-assinado Contra a portaria que aprova a FTD – Folha de Trabalho Docente do IFSP

Os abaixo-assinados vêm respeitosamente solicitar a revogação imediata da Portaria 2158/08-2011 que regulamenta a Folha de Trabalho Docente do IFSP, a fim de alterá-la, dialogando com as partes envolvidas, por ser tratar de uma Portaria nociva ao trabalho docente e ao bom funcionamento da escola e a qualidade dos serviços educacionais prestados pelos mesmos, interferindo de maneira negativa no aprendizado dos alunos, pois a aplicação desta Portaria implica que os docentes tenham de cumprir integralmente o horário extraclasse de trabalho dentro das dependências da Instituição que não oferece condições mínimas para a realização de atividades tais como a preparação de aulas, elaboração e correção de provas e trabalhos, que exigem além de equipamentos de informática e livros suficientes para todos, também condições de espaço, silêncio e privacidade.

O Abaixo-assinado Contra a portaria que aprova a FTD – Folha de Trabalho Docente do IFSP, para Reitor do IFSP Arnaldo Augusto Ciquielo Borges foi criada e escrita pela comunidade IFSP – Campus Sertãozinho.

Abraços,

Declev Reynier Dib-Ferreira
Professor

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