MEC planeja aumentar tempo do aluno na escola… Vem coisa boa ou vem bomba?
Pode ser uma boa notícia.
Ou pode ser uma bomba, daquelas que mascaram o problema e não oferece a solução necessária.
Explico.
Venho dizendo por aqui, por diversas vezes, que o tempo que o aluno fica na escola é pouco, especialmente para o público com o qual trabalhamos – pobre, carente, vivendo em áreas violentas, sem amparo social fora da escola.
Sempre defendi – e defendo – a educação em tempo integral (tanto para os alunos quanto para os professores) como uma forma de suprir as necessidades dos alunos.
Enquanto o filho de quem tem condições financeiras, fora da escola (que já melhor do que as outras), tem a oportunidade de fazer cursos diversos, esportes, ter explicadoras ou mesmo ficar em casa em segurança, conforto e cercado de formas de comunicação com o mundo (internet, tv com opções além da globo e sbt, telefone, revistas, jornais, etc.), o filho da escola pública sai da escola e vai… pra “comunidade”.
Sem pré-conceitos à “comunidade”, eles não têm, fora da escola, todas as oportunidades que os outros têm de se desenvolver intelectual, cultural, socialmente.
Então a escola tem que suprir o máximo possível esta demanda, e isso pode ser conseguido com o horário integral.
No Brasil, porém, as escolas têm 3 turnos – havendo casos escabrosos de até mesmo 4 turnos! O aluno fica somente cerca de 4 horas na escola e tem que ser “expulso”, pois vai entrar outra turba.
Defendo o horário integral, portanto, mas não apenas com as aulas do currículo comum – que podem, sim, ter um aumento de carga horária.
Penso em oficinas, grupos de estudo e pesquisa, atendimento individual ou em pequenos grupos, aulas de reforço, prática de artes e esportes, etc.
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Desta forma, a criança ficaria o dia todo na escola estudando, brincando, reforçando seu estudo, desenvolvendo artes e esportes, entre outras atividades.
Mas, porém, contudo, todavia…
A proposta [do MEC] é aumentar a duração do ano letivo ou a carga horária diária (O Globo, 14/09/11, p.9).
Ôôôôpa!!! Aumento do ano letivo é impraticável.
Há um limite para o rendimento entre professor-aluno. Aumentar a quantidade de dias em que o aluno fica apenas 4 horas na escola é ineficaz.
Assim não fosse, teríamos uma diferença quando se modificou de 180 dias para 200 dias letivos. E, sinceramente, não teve.
O que acontece é que quando chega o verão, chega o final do ano ninguém aguenta mais, nem professor nem aluno.
Não rende. Não há o que ensinar, não há o que aprender. Não há como desenvolver um necessário clima para o estudo.
Algumas escolas já utilizam o expediente do “sábado letivo” para suprir o que demanda a lei (200 dias). E, sabemos, o sábado letivo não é um dia de aula.
Onde “enfiaremos” mais 20-30 dias?
Fazendo-se desta forma, aumentando o ano letivo, os alunos ficarão as mesmas minguadas horas na escola, sem ter a oportunidade de ter oficinas, de praticar esportes decentemente (ninguém acredita que duas horinhas por semana da disciplina Educação Física é “praticar esportes”, né?), de se desenvolver artisticamente (idem o comentário anterior sobre duas horinhas semanais).
Ou seja, aumentar o ano letivo é mais do mesmo.
Não muda nada, apenas desgasta mais os profissionais de educação, mas não dá oportunidade aos alunos de ter uma educação diferente.
Ora, senhor ministro, senhores e senhoras secretárias de educação, vamos investir de verdade na educação!
Viva a escola de tempo integral!
NÃO ao aumento do ano letivo!
Abraços,
Declev Reynier Dib-Ferreira
Professor
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No Diário do Professor você encontra artigos e links sobre o dia-a-dia da Educação:
Planos de aula, Atividades, Práticas, Projetos, Livros, Cursos, Maquetes, Meio Ambiente… e muito mais!
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Eu também defendo a ideia que você falou. Com o aumento nos dias de aula, pelo que eu entendi, acabaria com as FÉRIAS DE INVERNO (15 dias, no meio do ano). E até que se aceite isso, até que vejamos com bons olhos essa ideia… as vacas estarão voando.
Oi Luiz,
O que você chama de férias de inverno, na verdade, é um pequeno recesso. Ou seja, não é férias, nem um direito adquirido.
Eles podem tirar quando quiserem.
No município do Rio, por exemplo, só temos uma mísera semana, para poderem fechar os 200 dias.
Mas, mesmo com essas duas semanas (10 dias letivos), onde houver, não dariam conta de um aumento de dias se forem para 220 dias letivos no ano, por exemplo.
Não sei o que quer dizer “as vacas voando”, mas concordo.
Abraços,
Cara,eu acho que vem BOMBA mesmo!
Primeiro quero parabenizá-lo pelo site! Venho sempre ler, mas nunca deixei um comentário… Hj resolvi deixar…rs
Pois é meu amigo, concordo contigo! “Estou professor” e infelizmente do jeito que as coisas andam, espero logo deixar de “estar”, pois estão nos tirando o pouco do prazer que ainda resta de trabalhar nesta profissão…
Um grande abraço!
Oi Franc,
Seja bem-vindo e comente o quanto quiser.
Eu também deixarei de estar, assim que puder.
Abraços,
Pingback: Se o ano tiver mais que 200 dias, eles vão meter os outros dias onde? [ou em quem?] | Diário do Professor
Parabéns pelo texto Declev!
Sou aluno e não é por isso que vou de encontro ao que você diz. Não há coisa mais monótona do que ir para o colégio e ficar 5h olhando para um quadro. Essa tempo extra que o aluno ganharia estudando em regime integral é extremamente valioso. Poderia ser utilizado aplicando a teoria em prática como aulas de marcenaria, culinária, música, etc. Muitos vão achar que é uma coisa desnecessária, mas segundo o que tenho escutado, o que mais falta no mercado são pessoas com capacidade técnica e não as bitoladas em teorias.
Talvez, aumentando a carga horária, os dias letivos poderiam até ser reduzidos, aumentando o tempo de férias dos alunos (bastante utópico, né? hehe)
Utópico porque ainda temos que fazer 200 dias, mas é justamente o que deveria ser feito, pois ao final do ano ninguém aguenta mais…
E é assim, em geral, nos países mais desenvolvidos e melhores em educação.
Abraços,