Ele está de volta, e aí?
No Conselho de Classe perguntou-se por um aluno que estava há algumas semanas sumido.
“Ele está na boca”.
Na próxima aula, quem está em sala? Ele.
É melhor ele estar lá ou aqui?
Aqui, é claro.
Mas ele não faz nada das atividades propostas.
Não para na cadeira.
Mexe com todos os alunos.
Fica mexendo com as meninas.
Não quer estudar e fala isso claramente.
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Não me desrespeita – ao menos por enquanto – este não é o problema.
O problema é: adianta manter um aluno na escola que não quer estudar, atrapalha os outros e está envolvido com o tráfico?
Outra questão: você, leitor classe média, acharia bom ter um aluno destes na sala de sua filha, mexendo com ela e atrapalhando as aulas da turma dela?
Não?
Ele ficaria, com estas atitudes, numa escola particular de elite?
Não?
Ah, sim… mas nas escolas dos pobres pode e deve ficar, por força de lei, certo?
Depois dizem que o fosso não está se aprofundando…
Também não tenho as respostas e não saberia, agora, o que fazer.
Só tenho perguntas…
Abraços,
Declev Reynier Dib-Ferreira
Tentando
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Acho que ele tem que estar na escola sim, mas a escola precisaria se transformar muito, ser horário integral, ter turmas menores, ter profissionais que conhecessem realmente as diversas dificuldades de aprendizagem existentes e pudessem se dedicar totalmente a isso para ajudarem os professores, etc. Em escolas particulares o adolescente que se droga e vive nas bocas (diretamente ou através dos que vendem no asfalto) é super comum também. Excluir não é solução! Excluir é “empurrar com a barriga” um problema que vai voltar contra quem empurrou, como bumerangue…
Concordo que excluir, por si só, não é a solução.
Mas, volto a perguntar: é justo que tenhamos em sala, sempre, alunos que atrapalham as aulas e não as deixam acontecer?
Na maioria do tempo, ao invés de explicar, conversar sobre o estudo, ir de mesa em mesa ensinando, ficamos tomando conta de certos alunos…
Pode até acontecer numa escola particular, mas numa escola pública, tudo o que os alunos têm é a escola, nada mais. Se a escola não der conta dele, ferrou.
Ontem, ao ler sobre o último fenômeno da web, eu lembrei de você. O que você faria com uma Isadora em classe?
Certa vez, eu fui conversar com a professora de ciências e ela me disse: sua filha não é problema. Lembrei de você de novo quando ela disse que tem que se sentar ao lado de certos alunos e e ler o texto, mandar sublinhar nele as respostas do questionário, enquanto a minha sabia o que é um livro-texto, o que é o sumário, o que são capítulos e até mesmo o que são as palavras-chave dos parágrafos, sabia até encontrar as respostas. Enquanto a professora de ciências está alfabetizando alunos do 7º ano, a minha se encheu e não quer fazer trabalho de casa, pelo menos não na data marcada, porque no dia de corrigir a professora está ocupada com os outros. Meu marido fica p*, eu digo que se fosse a nossa filha a analfabeta funcional, nós estaríamos querendo atenção especial a ela. Só que ao nivelar a classe por baixo, os que não eram problema passam a ser…
Na escola dela não tem marginal, não, mas tem aluno que não entrega os trabalhos, entrega a agenda e diz “pode carimbar, não vai dar em nada mesmo”. Vai frontalmente contra o que ensinamos em casa (reparou que escrevi “meu marido”? nada de mais, mas tão exótico quanto “imóvel com documentação em dia”, infelizmente), só que o que ensinamos em casa está sendo minado pelo que se vive lá fora.
Oi Aline,
De fato, isso é a educação. Quando se colocam 25-30-40 alunos em uma sala de aula, o professor não tem, realmente, condições de dar atenção à todos.
Sobre o último fenômeno, acho que estou inconscientemente me recusando a ler sobre, pois acho que não vou gostar…
Obrigado pela sua participação.
Abraços,
Acontece em escolas particulares e públicas sim. Todos os alunos que “não querem nada” com o estudo sempre existiram, em todas as escolas, e, muitas vezes, eles só parecem “não querer nada” e isso é só uma máscara para mil dificuldades que está vivendo, sejam de aprendizagem, relacionamento, família, etc. É muito complicado mesmo, mas faz parte da obrigação da escola também olhar pra isso e não só esperar alunos que realmente tem interesse nos estudos. Muitos podem ser despertados para o gosto pelos estudos, outros não, mas querer turmas onde esses conflitos não existam é que acaba em muita frustração porque eles sempre existirão, seja em escolas públicas ou particulares. Sei que passar grande parte do tempo de aula tomando conta de certos alunos é um inferno, mas é educação também e pode ser a única chance desses alunos não caírem na marginalidade de vez. Estamos longe das condições ideais para podermos dar boas aulas, mas excluir alunos não resolve, pois eles são as maiores vítimas do sistema educacional perverso que temos, junto com os professores. Excluir só faz com que, pouco tempo depois, outros alunos que nem pareciam tão difíceis comecem também a botar as manguinhas de fora… É uma questão estrutural, do próprio funcionamento arcaico da instituição escola, na minha opinião, que vai sempre gerar esses conflitos. Suspender aluno, chamar os pais para conversar, tudo isso ainda dá pra fazer e ajuda, mas excluir totalmente, expulsar, não resolve nada. Sabemos o quanto essa situação é complexa, meu caro Declev…
Sabemos, mas como eu disse, só tenho perguntas…
Turmas lotadas e aulas apenas expositivas afastam muito mais do que atraem os alunos e estressam os professores. E é mesmo quase impossível acompanhar de perto cada aluno tendo mais de 40 por turma!!! Está tudo errado! Pra mim a mudança tinha que ser radical mesmo, estrutural, virar a escola do avesso, valorizar em todos os sentidos a profissão de professor (e não só dos que estão em sala de aula, mas dos que ocupam outras funções na Educação também), inclusive melhorando sua formação sim, além da necessidade de todo um trabalho com as famílias para que façam o mínimo que cabe a elas (pelo menos isso!), senão realmente fica impossível!
É o que sempre digo por aqui…
Mas agora a moda é uma menina de 13 anos batendo na escola e nos professores…
Só bate quem vive apanhando… Em geral é assim.
Tudo muito triste realmente…
O problema, Regina. é que os alunos não podem ser vistos somente como os coitadinhos que só apanham e não têm nenhuma parcela de culpa ou de necessidade de punição.
A educação também passa por broncas, punições, puxões de orelha, mostrar o que é certo ou errado.
Oras, a escol anão é toda quebrada porque os professores quebram!
Acompanho há mais de 10 anos as escolas em que trabalho gastarem milhares com manutenção, conserto, reforma.
Conserta-se o banheiro e em menos de 10 dias, está todo quebrado novamente.
O que acontece? Nada.
Não, para mim, não é assim que se educa.
Por mais que sejam, eles próprios vítimas.
Agora, por exemplo, ela postou fotos do banheiro e do bebedouro sendo consertado. Ótimo, é claro que têm de ser consertados.
Em minhas escolas eles também são consertados. Mas – eu já vi isso, ninguém me contou – em questão de dias, está tudo quebrado novamente.
A escola tem que educar, mas como, se não se pode fazer nada?
Pode-se cobrar do aluno? Não. Pode-se cobrar dos pais? Pode-se mandá-los consertar? Não.
Sei lá. Tô realmente ficando farto – você vem acompanhando minhas insatisfações – e um dia largo tudo. Saio dos empregos, apago este blog e vou viver de luz…
Amigo Declev, não digo que devemos tratar ninguém como coitadinhos, mas os alunos com os quais lidamos estão em desvantagem em todos os sentidos e isso é muito triste, não acha?
Entendo seu sentimento, cansaço, revolta, compartilho de muitos desses sentimentos também, mas os anos em que trabalhei em escola fora de sala de aula me ensinaram muitíssimo também e, por isso, vejo a situação por vários ângulos, entende?
A importância dos limites, das regras claras e cumpridas por todos para se aprender a viver em grupo, em sociedade, as consequências dos atos irresponsáveis sendo assumidas e não mascaradas, tudo isso é fundamental sim; concordo com vc. Mas quando vc chega perto da história de vida de cada um desses alunos e quando lida de perto com a máquina viciada e monstruosa que domina o sistema educacional – políticos, dirigentes, coordenadores, secretários de educação… bem ou mal intencionados… de confiança ou com rabo preso… etc, etc, etc. – o desânimo que dá é imenso e a sensação de que vc é tão impotente diante de tudo isso abate demais. Mas, enfim… Trabalhando ou não em escola, uma vez educador de verdade, sempre educador! É como sou – e estou fora de escolas agora – e sei que vc é também.
Espero que continuemos a falar, nos indignar, tentar alguma coisa, do jeito que for possível pra cada um, sempre!
Abração…
É Regina, minhas dúvidas são justamente porque sempre presencio e vivo os dois lados.
Não gosto das pessoas que acham que bandido bom é bandido morto, nem das que acham que adolescente é tudo coitadinho que não sabe o que faz.
Como sempre, o caminho do meio, o equilíbrio – que é o mais difícil – é o que devemos perseguir. Talvez seja o mais justo com todos: professores, todos os alunos, sociedade em geral.
É, Declev… O caminho do meio, a busca do equilíbrio, ouvir e conhecer bem todos os lados da situação… Acho que é o ideal. Concordo com vc.
Quanto aos adolescentes… Uma das coisas que falta na formação dos que trabalham com eles é aprender como funciona a mente e o corpo de um, porque se comportam dessa ou daquela maneira, como motivá-los, enfim, isso também ajudaria muito. Não são coitadinhos, precisam de limites, mas vai muito além disso.
Só que com salas de aula lotadas fica realmente difícil demais dar conta dessa ebulição que eles estão vivendo e de muitos péssimos hábitos… Muitas vezes fica impossível trabalhar.
Sinceramente, eu te entendo…
Costumo dizer “adolescente em plena ebulição hormonal”…
ELE JA SE EXCLUIU,AGORA A ESCOLA VIROU UM PONTO DE VENDA E MARKETING DA DROGA…E FALAM PARA NAO EXCLUI LO