Cargos de confiança, milícias… e como fica a Educação???

 

Cargos de confiança, milícias… e como fica a Educação???

A pedido de Declev, que admiro muito, venho aqui relatar um pouco do que vivi em uma das escolas públicas em que trabalhei na Baixada Fluminense, RJ, há poucos anos atrás, por entender que o que houve lá é a regra e não a exceção, infelizmente, na grande maioria das escolas de periferia do Brasil.

Um município governado por milicianos, onde impera o coronelismo, a violência está em todos os lugares e as escolas penam com a situação geral de falta de estrutura e de condições mínimas, materiais, de pessoal e pedagógicas, para que uma educação realmente transformadora possa começar a acontecer: essa era e ainda é a realidade daquele lugar.

Como pedagoga, profissional concursada naquele município, fui para aquela escola com esperança de poder desenvolver um trabalho de qualidade, onde a questão do meio ambiente seria bastante abordada, já que era uma escola quase rural, cercada de enorme terreno verde, que apenas precisava ser capinado e tratado, onde poderíamos fazer uma horta comunitária, integrando famílias/comunidade e escola (alunos, professores, funcionários…).

Encontrei um diretor que havia entrado no mesmo ano que eu lá e que queria exatamente a mesma coisa que eu e colocamos mãos à obra. Ele foi de uma dedicação exemplar na concretização desse projeto, mas, como era um profissional do tipo que “bota a boca no trombone” e vai, toda hora, à SME para reclamar do que está faltando na escola, começou a incomodar.

O triste foi ver que ele estava incomodando alguns funcionários da própria escola e moradores da comunidade também, mas logo descobri o porquê. O fato era que aquela era uma espécie de “escola-laranja”, um cabide de empregos para um vereador miliciano, muito popular na região, que costumava mandar em tudo por lá. E ele começou a fazer todo tipo de pressão, junto ao prefeito e à SME, para derrubar o diretor e colocar um parente seu no lugar, da mesma forma que todos os funcionários terceirizados da escola eram seus parentes. Teve ajuda direta de seus eleitores da comunidade, que sorriam pela frente para o diretor novo e, por trás, tramavam a sua saída.

Naquele município, diretor de escola não é eleito e nem concursado. É um “cargo de confiança”, uma das maiores pragas que assola nosso país, o que significa que é indicado pelo prefeito ou por vereadores que estejam no poder naquele momento. Pouco importa se vão tirar alguém que está fazendo um bom trabalho para substituir por alguém medíocre, pois o que importa é que seja um “pau-mandado” dos governantes que, dessa forma, mantêm o poder e o controle sobre as comunidades onde ficam as escolas.

Os únicos profissionais que entram por concurso público lá e que, portanto, não têm o “rabo preso”, são os pedagogos e os professores. Todos os outros são terceirizados ou “de confiança”, inclusive os que trabalham na Secretaria Municipal de Educação (SME), a começar pela própria secretária que é indicada pelo prefeito.

O diretor novo, que estava desenvolvendo aquele belo projeto junto conosco e com pessoas da comunidade, acabou levando uma rasteira horrorosa, sendo dispensado, de repente, sem justificativa, para que o tal parente do vereador voltasse para lá (este já havia sido diretor lá antes). O diretor novo (o que foi “dispensado”) era um ex-professor de História, com bastante experiência, coragem e disposição para o trabalho. Era politizado, crítico, questionador, enquanto que quem o substituiu, também um ex-professor, era muito acomodado e, em relação à horta, acabou com o projeto, deixando-o de lado, provavelmente também para não valorizar o que tinha sido feito pelo seu antecessor, que não apoiava o partido político do vereador/miliciano que mandava na área e era seu parente. Logo a escola estava cercada de matagal novamente, onde até cobras foram vistas, mais de uma vez, passando ao redor das salas de aula.

A festa junina que tínhamos conseguido fazer embaixo das árvores, ao ar livre, e que tinha sido um sucesso, nunca mais poderia ser feita. Até os 20min de recreio que as crianças tinham para ficar lá fora e que foram conquistados em conjunto pela equipe pedagógica, alguns professores e pelo diretor batalhador, também foram tirados pelo diretor que chegou, pois achava que as crianças já ficavam pouco tempo na escola e não precisavam, por isso, de recreio, demonstrando, com isso, não entender nada de crianças e de ensino infantil (havia sido professor de adolescentes apenas e aquela era uma escola de pré-escolar ao 5º ano de escolaridade do Ensino Fundamental). E isso só pra citar alguns exemplos!

 

Por sabermos que milicianos são “matadores”, como dizem lá naquele município, ficamos – equipe pedagógica, alguns professores e alguns funcionários – com medo de apoiar ostensivamente o diretor que foi substituído, mas o nojo diante daquela situação tão injusta acabou sendo mais forte e fizemos um abaixo-assinado pedindo a volta do diretor que estava mudando a escola pra melhor. Mas aí veio o medo de se expor. Quem levasse o abaixo-assinado na secretaria ficaria “marcado” e poderia ser “perseguido” depois, de alguma forma (o que acabou realmente acontecendo comigo depois…). Esperamos um tempo e, quando vi que isso realmente não podia passar em branco, fui sozinha à SME levar o abaixo-assinado e relatar todo o ocorrido. Consegui marcar entrevista com a própria secretária de Educação da época e o seu vice.

Ela me ouviu por horas, conversamos muito, leram o abaixo-assinado, mas, entre outras pérolas, ouvi da secretária mais ou menos o seguinte: “O meu cargo também é de confiança, como os dos diretores de escolas, e, por isso, se eu for contra um pedido direto do prefeito, eu é que caio e sou dispensada da minha função. E como ele quer manter uma boa relação com aquele vereador que tem tantos votos naquela área… Estou de mãos atadas.” Mesmo assim insisti, lutei o quanto pude, argumentei, questionei, mas nada consegui.


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A sensação de impotência, meus amigos, foi tamanha, que saí de lá tonta, passando mal, indignada, triste, revoltada, abaladíssima, enfim… Eu, que já andava doente há alguns anos pelo desgaste de trabalhar em condições tão precárias e pelo quadro político tão horroroso e atrasado daquela região – afinal, essa já era a segunda escola onde eu trabalhava naquele município, sendo que na primeira eu ficara anos e já havia me desgastado horrores e pedido para sair -, acabei mais doente ainda. Fiquei com síndrome de Burnout, que é uma espécie de estresse no mais alto grau ligado ao ambiente de trabalho, o que baixou totalmente a minha imunidade, me fazendo cair de cama toda hora.

Ainda aguentei naquela escola até o fim do ano, mudei de escola no ano seguinte (eu que quis, mas acabei trabalhando pouco lá), mas não tinha mais forças. Minha saúde estava realmente muito frágil, uma doença se somando a outra devido ao estresse absoluto e, depois de várias licenças médicas, desisti de vez de trabalhar em escolas. Preferi trabalhar com educação de outras formas, a partir de então. Fiquei realmente traumatizada, pois além de tudo que vivi lá, já tinha acompanhado mil outros horrores naqueles anos todos, em outras escolas, tais como: professores pedófilos, professores que batiam (puxavam a orelha do aluno com força, por exemplo) e ameaçavam crianças, milicianos sendo chamados pra circular na escola e meter medo nos alunos adolescentes bagunceiros, famílias que espancavam, rejeitavam e abandonavam seus filhos a todo momento, muitos casos de gravidez na adolescência, estupros, crianças e adolescentes que simplesmente não conseguiam nem mesmo aprender a ler e escrever por vários motivos (sociais, psicológicos, cognitivos…) e que, geralmente, acabavam sendo alunos agressivos, debochados e que abandonavam cedo a escola para ir pra vida de crimes, professores idealistas e dedicados que já não sabiam mais o que fazer diante desse quadro todo, muita ignorância e preconceitos de todos os tipos por todos os lados, enfim… Muitas vezes me sentia trabalhando no inferno!!!

Fiz grandes amigos entre alunos, professores, pedagogos, funcionários, famílias… Tento guardar as boas lembranças. Enquanto estive por lá, durante anos, lutei com todas as minhas forças, procurando ver o quadro todo, ouvir TODOS os lados e acabei completamente exausta e deprimida…

Alguns podem estar se perguntando: por que não buscou ajuda no sindicato, ao invés de encarar sozinha coisas tão pesadas? Mas eu busquei! E eles fizeram o que puderam, me apoiaram em vários momentos, foram muito legais, mas, em relação a demissão daquele diretor que ousou inovar, me diziam apenas que, enquanto não houvesse eleição direta para diretor de escola, nada poderiam fazer…

E durma-se com um barulho desses!!!

Não sou boa de síntese e essa história toda ainda tem mil outros detalhes, mas para que o texto não fique grande demais, vou parando por aqui.

Me permito, com meus 51 anos de idade e tantos de experiência profissional, dar um pequeno conselho para quem passou, passa ou passará por algo parecido: tente lutar em grupo, não exponha muito a sua cara a tapa, mas não desista! E mesmo se só der pra lutar sozinho, como muitas vezes foi o meu caso, o valor de deitar a cabeça no travesseiro à noite e dormir com a consciência tranquila, por não estar fazendo o jogo podre dos poderosos e/ou dos medrosos e por não estar se omitindo diante deles, não tem preço! Vale a pena!!! Apesar de tudo…

Regina Milone
Professora, Pedagoga, Psicóloga e Arteterapeuta
http://reginamilone.blogspot.com.br/

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No Diário do Professor você encontra artigos e links sobre o dia-a-dia da Educação:

Planos de aula, Atividades, Práticas, Projetos, Livros, Cursos, Maquetes, Meio Ambiente… e muito mais!

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10 comentários em “Cargos de confiança, milícias… e como fica a Educação???”

  1. Acho que o jogo de xadrez ao que o brasileiro esclarecido se expõe não é nada fácil, pois somos ainda um pais de ignorantes e cheios de deficiências … e vida que se segue! Educação é o único caminho para o sucesso, e o mais barato no fim das contas. A luta é árdua e continua, beijão…

  2. É verdade, Alexandre… Viver nesse país de tantos absurdos é muito difícil.
    A área de Educação é muito desgastante, pois todos os discursos políticos e afins colocam a educação como “o” caminho para um país mais justo e desenvolvido, mas, no entanto, são só discursos. Na prática, não há meio onde acontecem mais desvios de verba, sujeiras de todos os tipos por baixo dos panos, injustiças históricas, etc.
    Mas você tem razão: a luta é árdua, mas continua!
    Obrigada pela participação aqui.
    Um abraço…

  3. Waldir Romero

    Com todos os problemas e contradições a melhor maneira de garantir um processo de continuidade na Gestão da Educação é através de concursos públicos de provas e titulos e formação permanente para os gestores.
    O caminho se faz ao caminhar, os educadores precisam lutar por essa conquista.
    São Paulo é uma excessão onde existe concurso para diretores.

  4. Concordo com vc, Waldir Romero.
    Já houve o tempo em que achava que o melhor eram eleições diretas para diretores de escolas. Não acho mais.
    Eleições diretas podem colocar qualquer um que seja bom de discurso naquela função (inclusive milicianos ou “amigos” de milicianos da comunidade), mesmo sem preparo nenhum para administrar uma escola, bastando um cursinho qualquer de “gestão escolar”.
    Entrando por concurso, aí sim seria exigida a formação adequada ao cargo e poderia haver continuidade dos bons projetos que existem sem a interferência, manipulação e boicote que os diretores sofrem quando ocupam cargos de confiança de prefeitos ou quando tem que mostrar serviço rapidinho para não perder as próximas eleições.
    Mas teria que haver rotatividade sim, como acontece com o próprio Presidente da República, ou uma votação onde toda a comunidade se manifestaria contra ou a favor da permanência da pessoa naquele cargo, depois de uns 4 anos. Isso evitaria outro tipo de comodismo, abuso de poder, etc. E é claro que os diretores teriam que ser sempre avaliados também, ter formação continuada, como todos os profissionais de educação, pois ninguém está acima do bem e do mal.
    Em tantas profissões existem, por exemplo, os Conselhos, para estar de olho no que está acontecendo e isso é importante. Como psicóloga, por exemplo, estou sujeita ao Código de Ética da profissão e aos Conselhos Regionais e Federais de Psicologia e acho que tem que ser assim mesmo! Por que não na Educação?
    Um abraço…

  5. Maria Cecilia

    Rê,vc sabe quanto trabalho no abrigo, sei que é difícil ter cargo comissionado num contexto onde a maioria não quer trabalhar, só quer receber o dinheiro.
    Esses cargos poderiam ser muito bem revisados, mas tenho encontrado grandes problemas com os novos funcionários que fizeram concurso. Não querem trabalhar, fazem o básico, enrolam e pior, não são comissionados, são concursados.
    E aí pergunto qual é o pior?
    Conheço aqui em Vassouras vários /as comissionados/as que trabalham e muito.

  6. Querida Cecília, que bom que passou por aqui e deixou um pouco da sua experiência!
    Conheço bem o seu desgastante trabalho e acho muito importante que vc mostre aqui o outro lado da moeda. Vc dirige um abrigo para adolescentes cujas famílias perderam o pátrio poder, em geral por negligência e/ou maus-tratos com esses menores. E a agressividade com que eles chegam aos abrigos, resultante de tudo que sofreram, é avassaladora! E a falta de estrutura para fazer um bom trabalho, com que vcs tem que lidar, é massacrante, assim como acontece nas escolas, especialmente nas públicas.
    Existem muitos profissionais em cargos de confiança que fazem um bom trabalho sim! Muitos. E sei que vc é uma delas!
    Assim como existem muitos profissionais concursados que se acomodam e fazem pouco ou quase nada, enrolam, não se dedicam, como vc falou, pois sabem que tem estabilidade no emprego. Mas existem também os que não se acomodam e permanecem se dedicando. Existe de tudo. Por essas e outras é que sou favorável a avaliações periódicas sim, mas que sejam feitas por quem tem real gabarito pra isso, pois é um inferno vc ser avaliada por quem conhece menos, sabe menos e tem menos experiência naquela função do que vc!
    É toda uma mudança de mentalidade que precisa acontecer nesse pais, para esse quadro se transformar. E toda uma mudança política também!
    Falo contra os cargos de confiança, os cargos comissionados, justamente porque eles são uma porta constantemente aberta para todo tipo de pressão e manipulação política, o que inclusive prejudica demais àqueles que estão nesses cargos dessa forma (comissionados) mas que estão trabalhando bem, se empenhando com energia, enfim… Muitas vezes, são os melhores que acabam caindo – como aconteceu com o diretor da escola que citei aqui no artigo -, para outros, mais “capachos” dos governantes, entrarem no lugar. E isso é muito injusto também!
    Pensando nos prós e contras, ainda acho que a melhor solução é o concurso, mas com avaliações periódicas depois sim. Teriam que ser muito bem pensadas, com a participação de quem trabalha nas escolas e conhece a realidade delas por dentro. Mas deveriam existir sim. Avaliações simplesmente e não formas de “premiar” ou “punir” essa ou aquela escola, como já fazem hoje, o que é algo paternalista e até meio ridículo, na minha opinião.
    Mais uma vez, muito obrigada pela sua participação aqui, Cecília!
    Beijos,
    Regina Milone.

  7. Leonardo Alvim Corrêa

    Rê, parabéns pelo seu engajamento e militância por melhoras nesta área tão secundarizada no Brasil, a Educação. Seus textos são simples, esclarecedores e baseados em experiências diretas. Nestes tempos de apoliticismo generalizado em que vivemos, você dá um exemplo de cidadania e consciência social. Se todos os cidadãos e profissionais fossem comprometidos assim, nós teríamos um Brasil melhor. Me espelho em você!
    Um grande beijo no seu coração e me mande tudo o que você escrever,ok? Leo

  8. Oi, Leo!
    Que bom encontrar comentário seu por aqui!!!
    Muito obrigada por suas palavras e incentivo!
    É a troca de ideias que nos fortalece e, nesse sentido, vc deve imaginar como é importante pra quem escreve, aqui ou em outras mídias, encontrar comentários de quem leu! Ainda mais quando a pessoa gostou! É um estímulo e tanto!!
    Pode deixar que estarei sempre divulgando meus textos, relatos, etc.
    Dê uma olhada nos artigos aqui do blog, quando puder, pois o Declev escreve super bem e conhece muito a realidade das escolas públicas também. Aposto que vc vai gostar!
    Grande beijo,
    Regina Milone.

  9. Sônia Travassos

    É realmente uma coisa horrível essa questão dos milicianos. Vc já me relatou essa história outras vezes e, mesmo lendo ela outra vez, volto a ficar indignada. Mas como já disseram alguns dos comentários que aparecem aqui, a questão não é o cargo ser de indicação, mas de que indicação. Se os milicianos que mandam na região, só vão colocar novos “bandidos” nos cargos. Isso é triste. Um desrespeito com a educação. Isso dói muito, principalmente para aqueles que acreditam e se dedicam a educação e que brigam por uma educação de qualidade para TODOS, e não apenas para quem pode pagar… Parabéns pelo texto! Essa é uma luta política, em que sempre haverá disputas de toda ordem… Mas não podemos nos omitir diante dos absurdos que se cometem diariamente com as crianças e jovens de muitas de nossas escolas, por isso seu depoimento é tão importante.
    bjs,
    Sônia

  10. Sônia, precisei conversar muito sobre essa história, não só com vc, mas com várias outras pessoas também, pois foi uma situação extrema, sofrida e chocante. E eu já tinha vivido outras terríveis naquela rede de ensino!
    A ignorância, os preconceitos, a maneira como as pessoas lidam com a religião lá – a maioria é evangélica, muitos são super moralistas, retrógrados… o problema nem é ser evangélico e sim esquecer que o ensino é laico!! misturam muito as coisas… -, a falta de conhecimento sobre tantas coisas que já se sabe hoje (que a psicologia já estuda há décadas, por exemplo), mas que preferiam lidar como se ainda estivéssemos no século passado… Tudo era um desgaste!
    E, quando a gente acha que está conseguindo fazer alguma coisa diferente, quebram a continuidade, por politicagem, medo de mudança e até burrice mesmo, em alguns casos. É de matar!
    Cansa…
    Mas desabafar e mostrar às pessoas coisas desse tipo, comuns nas escolas de tantas partes do nosso país, já é uma forma de alertar, informar e ajudar, de alguma maneira, acredito eu…
    Obrigada pela participação!
    Beijos,
    Regina.

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