“Ai professor, chega, não aguento mais escrever” [depois de exatos três parágrafos de texto].
“Professor, tô com uma vontade de peidar…” [sem comentários].
“Professor, eles estavam fazendo aquilo na aula passada pra te irritar e você gritar com eles. Falo logo!” [joguei muita pedra na cruz, e uma delas com certeza acertou o alvo].
“Professor, eu não trouxe o livro” [novidade…].
“Grrrrrrrrrriii” [rugido grutural soltado de vez em quando por um aluno ou aluna que não consegui identificar. E nem quis saber de onde veio].
“Professor, posso ir no banheiro?” — “Ela vai dar uma cagada” –– “Eu vou dar uma cagada!” [diálogo simpático].
“Uaaaaaaaaaaarrrlllmmm” [aluno se espreguiçando na cadeira enquanto a inspetora de turno fala sobre a bagunça que estão fazendo no recreio, pedindo educação na hora o lanche].
“Cheio de sapinho na boca, cheio de sapinho na boca! A barata beija ele todo dia!” [um ‘amigo’ sacaneando o outro].
“Caralho, vou te dar uma porrada, hein?!?” [um ‘amigo’ para o outro].
“Ele faz a cueca da cortina do banheiro” [aluno falando de um ‘amigo’ mais cheínho].
“Cala boca aí, ô chupeta de vulcão!” [pedido de silêncio gentil, de um ‘amigo’ para o outro].
“O Tio… professor!, a 4 é reposta nossa ou é dquele bagulhete ali?” [sábia pergunta sobre a pergunta sobre o texto].
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“Professor, não apaga ali não!” [aluno, no final de duas aulas de 45 minutos, pedindo para que eu não apagasse o texto do quadro a partir do 4o parágrafo].
Declev Reynier Dib-Ferreira
Professor [por enquanto]
Ora, Declev… Tirando o baixo calão, todas essas eu ouvi quando era aluno (nos anos 50/60 do século passado, minha nossa!…) As noções básicas de polidez se foram, mas a letargia mental ainda é a mesma (e olha que eu estudei, em sequência, nos Colégios Santo Inácio, Andrews e Estadual André Maurois – nos tempos da Henriette Amado — tudo “alta classe média” da Zona Sul do Rio de Janeiro).
Como o João Carlos, eu também ouvia tudo isso no meu tempo de aluna (anos 60/70)…
Muitas coisas são próprias da adolescência, tais como: falar muito palavrão, desafiar toda e qualquer autoridade, ter “tribos” onde todos se vestem, falam e se comportam de um jeito próprio, valorizar acima de tudo o grupo de amigos e não o que os adultos dizem… e por aí vai.
Trabalhando numa realidade cada vez mais violenta, não tem como essa violência, verbal e física, não aparecer na escola.
O que mais dói, em mim, é ver o desinteresse cada vez maior (e não é só doa alunos não!) por todo e qualquer conhecimento que não vá trazer, a curto prazo, “vida mansa e altos salários”…
Pois é meu querido amigo, aqui também é assim. Quando estão soltos no recreio, intervalo ou no período vago (por um colega ter faltado) as coisas pioram, como num dia: tive que chamar a atenção de um grupo (umas 9 mocinhas e 1 rapaz) que entrou no mesmo banheiro e fecharam a porta.
“E não é só isso”…
Hoje (24/06/09) me estressei com uma monitora (inspetora), a criatura me invade a sala pra dizer que o horário de aula havia terminado (eram 12:00 hs e o certo é 12:10) porque tinham que limpar a sala. Na real, faltaram muitos colegas e quase todas as turmas tinham sido dispensadas mais cedo, restando esta em que eu estava dando aula. E a criatura queria almoçar mais cedo e ficar de bobeira por lá. Mas não deu outra, terminei a aula e fui tomar satisfação. Só espero que ela não tenha conhecidos “gente boa”.
Saudações e um grande abraço
Franc Knap Jr.
Professor [por enquanto, também]
Oi, resolvi publicar o teu texto em contraponto a um outro texto do Rubens Alves, sobre a arte de ouvir… tudo e tão lindo no papel…na pratica e preciso ser um yogue, um deva, e preciso se agarrar a arte de ser professor… ô, Declev, meu amigo, compartilhando…nosso sofrimento… eu, desisti, imagina uma professora de música ensinando que a música e feita de sons e silêncios…
Professor [por enquanto] =D
Hehehe, já ouvi várias frases neste estilo na minha época de colégio. Se bem que naquela época tinha hora de brincar e hora de estudar.
Volta com o top comentadores, dou valor me ver ali na lista…
Declev, a situação é a mesma aqui no ES.
Ao ler as frases me teletransportei pra sala da 8ª série… Tenho uma aluna que, só de me ver pegar a caneta, já fala “Ahhh, professora… já vai encher o quadro?!.
E levo na brincadeira e até faço piadinha com a situação. É melhor do que adoecer por causa dessas coisas…
Um grande abraço.
Rapaz!Faz tempo que não ouço essas coisas!Até esqueci a sensação de desespero,de raiva,de frustração que essas frases me causavam…quando dava aulas.Estou de licença há mais de 2 anos e tomando 3 (!!!)antidepressivos por dia.Agora sou músico em tempo integral e não pretendo voltar a dar aulas.