Pois é… eu sofro da doença de pensar.
Ficarei louco, eu sei, quanto mais velho fico, mais eu sei.
Mas não consigo deixar de pensar nas coisas e de buscar brechas, rachaduras nesta sociedade louca que construímos, por onde possamos enfiar “cunhas” (essa eu aprendi com Rachel Trajber) e abrí-la um pouco mais.
Numas das listas de discussão que participo, começou-se a falar do biguibróder.
Um senhor vem com a infeliz ideia de tecer as lamentáveis linhas que transcrevo abaixo:
Eu jamais diria, numa lista de educadores, que a escola é a responsável pela formação da audiência do Big Brother e eteceteas de mesmo calibre.
Para não dizer sou obrigado a admitir uma mutação genética causada pelo excesso de CO2 na atmosfera.
De toda sorte, pesquisem por imbecilidade humana no Google.
Eu estava quietinho no meu canto em imersão escrevendo a danada da minha tese de doutorado que tá quase, quase nascendo.
Mas não me contive e respondi… [as observações e links são novos]:
Senhor,
A “responsável pela formação da audiência do Big Brother e eteceteas de mesmo calibre” não é a escola.
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É a Justiça brasileria (no sentido amplo englobando todos os setores do poder judiciário), onde todas as injsutiças começam.
É a justiça que não faz a sua parte fazendo-se cumprir as leis, mandando as emissoras de tv se comportarem como devem se comportar as concessões públicas; não colocando na cadeia os políticos que não cumprem a lei de responsabilidade fiscal e que não investem em educação o mínimo que a lei exige, que roubam o dinheiro que deveria ser investido na educação do povo.
É a Justiça que demonstra a todo mundo que as pessoas são iguais, mas umas são mais iguais que as outras, demonstrando para a sociedade que o que importa é ser rico e branco, porque aí pode-se fazer o que quiser que não vai preso (até mesmo matar *- fato verídico).
Se você for pobre, diz a justiça brasileira, vai sofrer toda a série de injustiças e… se furtar um pote de margarina ** para a alimentação dos filhos, ou pichar o muro de um museu, *** vai preso sem direito a habeas corpus (fato verídico).
É muito fácil culpar-se a educação quando não se dá à escola (e aos profissionais da educação) condições de atuar decentemente. Lembrm-se: não ganhamos nem um décimo do que ganha um juiz ou um promotor ou mesmo um advogadozinho de porta de cadeia – e nem o que ganham os políticos desonestos – pleonasmo – que a justiça teima em não colocar na cadeia ou insiste de tirar de lá o mais rápido possível, quando vão. Ah, também não temos em nosso trabalho as dezenas de aspones que esses sujeitos-de-bem têm.
É muito fácil colocar a culpa na escola que deveria educar mas não educa, tendo a escola, contra ela, a sociedade inteira deseducando.
Eu sugiro àqueles que acham que a escola não faz o que dev eria fazer tentar viver uns 6 meses dando aula numa escola de periferia (e vivendo somente com o salário de um professor).
Depois disso nós continuamos a conversa.
* Se até a veja acha que ele – que não é do MST – tem que ser preso! Já viu a merda, né?
** Mesmo que a tenha soltado depois, um absurdo.
*** Não defendo pichações. Estou falando das disparidades.
Ainda não obtive resposta e, sinceramente, não a quero.
Mas aí recebi um vídeo por email (até engraçadinho) que me fez lembrar outro, uma ficção, um comercial extremamente bem sacado, que havia visto há tempo. O que recebi por email hoje não é ficção, é real.
O que eles têm a ver com tudo isso?
Tirem suas próprias conclusões, mas para mim, independente da (in)justiça brasileira, o dever de educar um cidadão é de todos. Começa com quem geriu, passa por toda a sociedade, e… termina na escola.
Somos a pontinha do iceberg, a que aparece, a que pega o sol de cara, e, mesmo assim, leva a culpa se quebra o casco do navio.
Eis o comercial:
Eis o vídeo que recebi:
E este é só pra descontrair…
Porque eu sou muito ranzinza, mas tenho bom humor!
Abraços,
Declev Reynier Dib-Ferreira
Gosto de ouvi-lo ainda tendo ‘forças’ para rebater as vozes da INJUSTIÇA! Hoje vejo que eu já perdi esse fôlego mesmo com apenas 5 anos de profissão e 3 de Estado. Admiro vc pela coragem pelo emprego correto das palavras, dos ‘plenasmos-subjetivos’, das ironias e, mais que isso, dos sarcarmos raivosos. Excelente, professor!
Boa noite professor,
Hj no finzinho da tarde encontrei acidentalmente seu blog e o adentrei…. EXCELENTE! mtos dos posts que li concordo d+
Sou prof d inglês em SC, n sei mt bm como é aí no RJ a situação da educação, mas enfim… vou estar acompanhando mais seus posts futuros e conhecendo os antigos….
como está sendo o inicio letivo ai? esero que seus “conflitos” de 2009 estejam amenizados…
I’m knowing what is to be on your shoes… I’m feeling such thing this year, and is just the begining…
Hope u hav a nice weekend.
xxx
Ainda dá pra pensar na formação de autênticos “coletivos digitais” por parte de educadores como você!
Em cidadãos com esta percepção e visão crítica que ainda consegue, a duras penas, se isentar do senso comum e produzir textos pra nossa categoria que muitos, da camada hegemônica, por temerem, tentam substimar furtando nossa dignidade. Parabéns!
P.S. estou divulgando seu blog no coletivo http://www.cebarao.blogspot.com
A educação do cidadão é o resultado de tudo que ele já passou. Ou seja, todos tem interferência. Desde pais, amigos, mídia, escola e etc. Nossa educação vai sendo formada por tudo isso.
Vim desejar um bom feriadão e uma ótima semana santa.
maravilhoso , pensei que já não existia mais pessoas asssim, defensoras da verdade. porque hoje onde nada e ninguém são considerados errados, tudo está certo perantes olhos de cegos.
me senti renovada a viver a verdade como tenho vivido desde sempre
parabéns
Estou muito feliz por ter encontrado esse blog … sou professor de sp e achava que os problemas eram só aqui , mas vejo que não . muito obrigado por vcs existirem rsrsrs