Tenho a mania de fazer a chamada falando o nome todo dos alunos. Eles não gostam, reclamam, parecem ter vergonha do nome.
Mas, fazendo isso eu vou gravando o nome deles com mais facilidade.
Hoje li o nome de uma aluna e reconheci o sobrenome de um outro que tive.
Ele era uma peste e não fazia nada.
Perguntei à aluna sobre seu irmão, meio na galhofa
– “E aí, seu irmão tomou jeito?”
– “Quem?” [soube depois que ela tinha outros irmãos]
– “O Fulano, você não é irmã dele? Tem o mesmo sobrenome”
– “Morreu”.
– “Ãhn?!? Quando? Como? Quê? Por quê?” [boca aberta, queixo caído, cara de espanto]
– “Semana passada. Foi roubar e levou um tiro na cabeça” [cara de nada].
Simples assim.
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Mais um que se foi, escorrendo pelos dedos.
Enquanto isso, mais projetos mirabolantes nos chegam, sem a existência de um projeto real de escola.
Abraços,
Declev Reynier Dib-Ferreira
Enxugando gelo em saulas [salas/saunas]
Pois é meu amigo, compartilho sua angústia. É a realidade que vivemos nessa comunidade. Projetos e mais projetos… e que tal um projeto de cidadania plena? Moradia, emprego, alimentação, transporte, saneamento, lazer! Já visitou a casa de seus alunos? Sabe por que alguns têm sono durante a sua aula? Ou por que são violentos? No meu caso, pergunto sempre por que alguns têm alto índice de cárie dentária enquanto outros têm dentes perfeitos e excelente higiene? A resposta muitas vezes está dentro de casa. Que casa? Algumas casas, tenha certeza, você não acreditaria que pessoas possam chamá-las como tal.
A violência está em toda parte, contra a mulher, contra a criança, psicológica, física, sexual…
Esta semana uma jovem teve sua cabeça raspada por marginais. Motivo? Teria feito “fofoca” (???). Por causa desse motivo fútil a moça tentou suicídio ingerindo grande quantidade de remédios. Ainda não sei como ela está.
Projetos e mais projetos… para a educação, para a saúde… e nada!
Enquanto você enxuga o gelo de lá pra cá, eu enxugo daqui pra lá.
Aquele abraço
Alexandre Sena
Dentista do PMF-Morro do céu
Gostei desse artigo, pois ele expressa perfeitamente o que nós, professores(pelo menos eu), sentimos ao saber da morte de um aluno(a), principalmente se for causada por uma tragédia social como a do menino em questão. É um sentimento de perplexidade diante da banalidade da vida humana. Frases como “É apenas mais um que se vai…”, “Menos um…”, “Antes ele do que eu…”, nos faz refletir sobre o papel do professor, da escola, e sobretudo da família, na educação desses jovens.
Esse é um assunto primordial e polêmico, que dá muito pano não somente pra manga, mas para o figurino completo…