Como a Contação de Histórias e as Artes podem ajudar o professor a ensinar
Esse artigo é rápido e bastante prático, ao contrário do último que escrevi sobre alteridade, exotopia e dialogismo, justamente porque concordo com Paulo Freire quando diz: “A gente se forma como educador permanentemente na prática e na reflexão sobre a prática”, isto é, aquele foi um artigo bastante reflexivo, embora passível de inúmeros usos práticos – <http://www.diariodoprofessor.com/2012/11/08/alteridade-exotopia-e-dialogismo-voce-educador-ja-ouviu-falar-nisso/> – e este, menor, objetivo e concreto, escrevo apenas para relatar uma entre várias experiências parecidas e excelentes que tive com turmas de segundo segmento do Ensino Fundamental, esta acontecida em 1998, em escola particular. E é assim, circulando entre teoria e prática, reflexões e ações, que pretendo contribuir cada vez mais por aqui.
Atuei como pedagoga, mas, principalmente, como contadora de histórias e arteterapeuta naquela ocasião.
Fui convidada a participar da Semana Literária que acontece todo ano naquela escola (com inúmeras atividades para o incentivo à leitura), contando histórias de Mitologia Grega para as turmas que estavam estudando, naquele período, em História e Geografia, sobre a Grécia e sobre o Império Romano.
Como pesquisadora de mitologia, há muitos anos, fui com prazer, as turmas adoraram, participaram muito, ouviram com atenção e mostraram-se muito criativas na segunda etapa do trabalho quando, após ouvirem e debaterem as histórias, convidei-as a pintar, desenhar, recortar, colar… criando no papel um pouco das histórias, dos seres mitológicos fantásticos, dos deuses e dos semi-deuses que mais as haviam impressionado. Mergulharam de tal forma no trabalho, que acabou ocupando aquele dia inteiro para elas, o que foi muito positivo e rendeu excelentes aulas depois, como soube pelos professores.
Foi um grande mergulho que fizemos juntos, inesquecível para mim. Deu tão certo que voltei a essa mesma escola, várias outras vezes, para repetir o trabalho com outras turmas, sempre com grande receptividade e excelentes resultados .
Como a Mitologia Greco-Romana é muito extensa, optei por contar histórias ligadas aos signos do zodíaco – áries, touro, gêmeos, câncer, leão, virgem, libra, escorpião, sagitário, capricórnio, aquário e peixes – e, também, histórias dos deuses que deram nome aos planetas do nosso sistema solar. Foi um sucesso!!! Queriam ouvir mais e mais histórias, cada um queria saber a história do seu signo, queriam saber porque o deus tal deu nome àquele planeta e não à outro, perguntavam mil coisas, os olhos brilhavam e não tive nenhum problema de indisciplina com aluno nenhum. Foi uma festa, uma delícia e, ao mesmo tempo, um grande aprendizado!
Deixo aqui, pra vocês, uma apresentação de Power Point que fiz com algumas poucas (e não muito boas, infelizmente…) fotos daquele dia, para que possam ter uma ideia melhor. É só clicar no link e, depois, clicar novamente no link que aparecerá, para fazer o download e assistir.
Contação de histórias na EDEM (som Aquarela)
Foi um exemplo prático de como trabalhar de forma inter e multidisciplinar, estimulando o interesse, a curiosidade, a criatividade, a imaginação e o aprendizado dos alunos.
Fica aí como dica, para quem quiser experimentar, da sua forma!
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Abraços,
Regina Milone
Pedagoga, Arteterapeuta e Psicóloga
Rio, 12/11/2012
Tive o prazer de ouvir um pouco dessas histórias no curso da Regina de Arteterapia, uma delícia! Todos nós deveríamos conhecer um pouco sobre mitologia grega, deveria ser parte do currículo obrigatório das escolas. Ela está para a humanidade assim como o folclore está para uma região local.Um verdadeiro mergulho ao Inconsciente Coletivo.
Sim, essas práticas em sala de aula, essas que saem do lugar comum -cuspe e giz- tendem sempre a dar certo, mas requer trabalho e estudo por parte do professor, ou seja: Dá trabalho!
O que tenho visto por aí em escolas públicas é o professor ‘se livrando’ da aula, enchendo o quadro e torcendo pro tempo passar e, nas escolas particulares, essa atitude não é tão diferente, com exceções é claro em ambas.
A EDEM é uma dessas exceções. É uma escola que investe no professor, no sua contínua formação e reflexão de suas práticas, mantendo constantes reuniões pedagógicas e grupos de estudo, tudo isso sendo remunerado. Sei disso pois trabalhei na EDEM por muitos anos como professor de música, matéria que até hoje é ministrada em todas as séries de todos os segmentos.
A EDEM é uma ilha de estudos isolada no meio do mar-asmo da nossa educação, pena que seja uma exceção.
Parabéns Regina pelo trabalho e pelo relato e, parabéns pra EDEM que continua fazendo a diferença na vida de muitos alunos e profissionais como eu.
Bjs.
Oi Dante,
Você tem visto por aí a mesma coisa que eu, mas você interpreta de forma equivocada.
O que você tem visto não é o professor “se livrando” da aula.
Você tem visto professor cansado, desestimulado e desistindo.
O professor não é assim, não começa assim.
Ele entra cheio de ideias, de vontade, de ideais. Ele faz um monte de coisas, planeja, pesquisa. Tenta aulas diferentes, fazer tudo da melhor forma.
Mas recebe indiferença, dificuldade, bagunça, bola de papel, chiclete no cabelo.
Ele recebe o desinteresse dos alunos por qualquer coisa que ele venha trazendo de diferente (da mesma forma como você diz, com exceções, é claro).
Então um dia ele desiste e joga a matéria no quadro.
Eu mesmo, posso lhe dizer, tem turmas que eu faço isso sem nenhum remorso.
Algumas turmas, às que me respondem com interesse e trabalho, faço diferente. Outras, me “livro” da aula jogando uma matéria no quadro, pois já desisti delas.
É assim ano a ano.
Complementando,
É claro que há, como disse, exceções, dentro de cada escola, dentro de cada turma. Aí o professor ou trabalha com essas exceções, quando dá, ou desiste, quando não dá.
O professor na escola não pode escolher com quem trabalhar, e fazer algo diferente com uma turma de 30 ou 40 alunos em que só a metade quer aquilo e a outra fica fazendo bagunça, não dá.
Desiste.
Paula, que bom ler seu comentário!!!
Fico super feliz por saber que, até hoje, minhas aulas te trazem boas recordações! Que bom!!!!!!
Continuo pensando como vc: a mitologia deveria ser ensinada desde cedo, em todas as escolas, e para os adultos também, pois representa para a humanidade, especialmente para o psiquismo humano e para a compreensão do comportamento humano, muito mais do que apenas ilustrações das superstições, crendices e folclore de povos mais “atrasados” do que nós.
A mitologia ajudaria muito a nos entender melhor e entender uns aos outros, além, é claro, de também mostrar mais sobre diferentes culturas e diferentes povos. Mas as formações de professores estão à anos luz disso ainda!
Obrigada pela participação, minha querida!!!
Grande beijo,
Regina.
É isso aí, Dante!
A EDEM é uma escola realmente diferente, especial, que conheço bem e há muitos anos. Meu filho estudou lá, tenho duas irmãs que trabalham lá também, minha irmã mais nova estudou lá, meus sobrinhos estudam lá, enfim… Conheço bastante bem e digo e repito sempre: a escola é o máximo!
Tem seus problemas sim, como todas, mas é realmente uma escola diferenciada, que vale a pena conhecer.
Adorei fazer esse trabalho de contação de histórias + arteterapia lá, em todas as vezes que fui (a que mostrei aqui foi só a primeira)! Valeu muito a pena!!!
Legal vc ter trabalhado anos lá!!! Mundo pequeno esse, hein?!
E achei super importante vc mostrar um dos principais motivos da EDEM funcionar tão bem como funciona, quando escreveu: “É uma escola que investe no professor, na sua contínua formação e reflexão de suas práticas, mantendo constantes reuniões pedagógicas e grupos de estudo, tudo isso sendo remunerado.”
Sonho muito com o dia em que isso chegará a todas as escolas públicas também!!!
Obrigada pela participação aqui.
Abração,
Regina.
Declev, concordo que muitos professores fazem isso (se livrar) pelos motivos que vc elencou acima, mas tem muitos, muitos mesmo, que já começam assim, sem paciência, sem preparo, sem ‘querer’ ser professor.
Fiz uma faculdade aqui em Macaé, onde entraram cerca de 400 alunos, ao final, os que não desistiram somavam 326 alunos. Sabe quantos se formaram?
Exatamente 326, ao mesmo tempo. Digo isso pra exemplificar um dos motivos pelos quais os professores ‘se livram’ das aulas… Má formação, faculdades fajutas, o popular ‘pagou passou’…
Vi professoras formadas comigo, em 2003, darem aula em 2004 com a seguinte ‘coisa’ escrita no quadro:
BA, BE, BI, BO, BU, BÃO.
Como toda regra, professor ruim por culpa do sistema, ou da desorganização dele, tem exceção.
Regina, quando a Sonia entrou na EDEM, eu já estava lá e trabalhamos juntos por um bom tempo.
Posso até ter dado aulas pros seus filho e sobrinhos.
Saí de lá em 92.
Obrigado pela atenção Declev e Regina.
Dante e Declev,
Concordo com o Dante.
Muitos começam sem o menor preparo, sem vontade, sem vocação, sem a mínima ideia do que é ou não natural em comportamentos de crianças e adolescentes, enfim… Muitos não deveriam nem ter começado!
Outros não.
Sinto como é difícil pra vc, Declev, aceitar que isso possa ser verdade, pois vc é um dos que luta, é idealista, etc. Mas não acho que o Dante esteja equivocado. Realmente, por tudo que já vi de perto, concordo com ele. Entendo o seu desgaste, acho que tem mil motivos pra isso, mas concordo com ele, nesse aspecto.
E é por essas e outras que não concordo com essa guerra mal colocada de professores de um lado versus todos os outros (alunos, famílias, pedagogos, diretores, etc.) do outro. Essa sim me parece uma forma equivocada de encarar esse quadro e lutar por melhorias.
A educação é para todos e vem de todos os educadores, incluindo aí os pais e a própria vida, que ensina a cada momento.
Dante, vc deve ter dado aula pra minha irmã, Marisa Milone de Freitas Travassos. Mas meu filho nasceu em 1992 e meus sobrinhos são mais novos, então vc não os pegou.
E as coincidências são tantas que já nos conhecíamos dos tempos da UERJ, quando eu fazia Pedagogia e namorava o Wilson Cardoso Jr., seu colega da Educação Artística. Lembra disso?
Abraços aos dois,
Regina.
Sim, claro que lembro, eu fui na sua casa algumas vezes com o Wilson e em festas tbm.
Lembro bem de uma ocasião que vc tinha voltado de Porto Seguro e fomos lá e vc mostrou as fotos incríveis que tirou das terras Cabrálicas… ehehe
Quanto à educação, acho que cada parte – governo, escola, professor, pedagogo, sociedade, família e aluno- tem sua parcela de erros e equívocos que só vêm crescendo ano após ano e, este espaço -blog- é excelente pra uma boa reflexão a respeito de tudo que envolve essa fragilidade humana chamada educação.
Da discussão nasce a luz.
Tenho divulgado este blog, mas parece que as pessoas gostam mais de piadinhas – que adoro tbm- do que se mostrarem em seus descontentamentos e dúvidas reais.
Valeu mais uma vez.
É isso aí, Dante. Papos menos fúteis nem sempre atraem participantes… Mas, mesmo assim, o blog do Declev tem ido super bem!
Também gosto de piadinhas, mas não o tempo todo, né?!…rsrs
Que bom que lembra de mim, da época do Wilson… E aquela viagem que fiz à Trancoso foi mesmo inesquecível!!
Concordo com vc que cada segmento tem a sua parcela de responsabilidade no estado catastrófico da educação de hoje e, por isso mesmo, acho que precisamos de união, sem abafar as diferenças, para termos forças para melhorar essa situação. Ninguém é “coitadinho” nessa história!
Beijos,
Regina.
Mais um comentário, que a amiga permitiu que eu repostasse aqui:
Ótimo artigo, como sempre! Pude até me sentir participando do encontro, ao visualizar as fotos e me lembrar da aula de mitologia no curso que fiz com você (acho que era o mesmo tapete com o zodíaco). Isso é aprendizagem significativa na prática! Se todos os professores conseguissem (e tivessem liberdade para) ter esse espírito e criatividade, os alunos realmente se sentiriam participantes do seu processo de aprendizagem e se implicariam mais, pois os conhecimentos, sendo contextualizados, ganham sentido para a vida e para a mente. Imaigine se as aulas de Filosofia, lecionadas dessa forma, fizessem parte da grade desde o início do Ensino Fundamental? E isso não é utopia; se as escolas religiosas inserem o ensino de Religião desde os primeiros anos, porque não de Filosofia? E articular com atividade artística como forma de fixar, elaborar, expressar, integrar o aprendido se encaixa maravilhosamente bem! Parabéns! Bjs
Luciana Jacques de Moraes – psicóloga
Rio de Janeiro
Me lembro bem de suas participações nas Semanas Literárias da Edem. Foram sempre muito legais e muito produtivas para os alunos. Lançar mão das histórias da mitologia grega para trazer a cultura da Grécia Antiga é uma coisa maravilhosa. Escolas como a Edem acreditam que através das histórias podemos estar sempre ressignificando o mundo e conhecendo o outro e a si mesmo. Tenho certeza que os alunos que tiveram a felicidade de ouvir suas histórias gregas tiveram a oportunidade de se deslocar, de experimentar o outro e de crescer com tudo isso.
bjs,
Sônia
Muito obrigada, Sônia!!
Eles realmente gostaram muito e compreenderam melhor o que foram a Grécia e a Roma Antigas, nossas raízes ocidentais, de uma forma lúdica, dinâmica e cheia de imaginação!
Agradeço a vc por ter confiado no meu trabalho!!!
Grande beijo,
Regina.