Professor (0) x (450) Sociedade

Nós bem que tentamos.

Sei que tem muito professor que não presta, é verdade, mas, em geral, somos boa gente.

Não dá, por exemplo, pra comparar com outras categorias profissionais que só têm fidaputa e safado sem-vergonha (as quais não citarei pra não melindrar ninguém nem ser processado).

Então, no geral, os professores são preocupados com os alunos, dedicados a ensiná-los alguma coisa, a educá-los e, quimera nossa, fazer através da educação uma sociedade melhor.

Mas aí vem a própria.

Como quebraremos este ciclo maldito?

Tem que ter uma quebra aí de, pelo menos, uma geração, pra poder melhorar.

Uma geração pra nos ajudar.

Só nós não dá!

E não adianta quererem nos culpabilizar, como (não) pensam alguns por aí.

Quem coloca a culpa da deseducação apenas nos professores deveria responder por ato criminoso.

Os alunos passam 3 ou 4 horinhas conosco por dia, e passam as outras 20 horas do dia em compania do pessoal genteboa do bairro, da tv e suas produções artística-culturais maravilhosas, das notícias dos políticos que não prestam, da polícia que não presta, da justiça que não presta, da família…

Ops!, Declev, da família???

Sim, da família!

Por isso que já falei disso por aqui.

Sei que o que verão não é no Brasil (não sei onde é, pero hablam en español), mas fico imaginando meus alunos e minhas alunas de 11 ou 12 anos, aqui no Brasil, sendo educadas desta mesmíssima maneira, mas com num ritmo diferente ao fundo.

Segurem os queixos, porque vão cair!

Veja o vídeo AQUI: educação vem de casa?, pergunto eu.

E não sabemos porque tantas delas ficam grávidas nesta idade…

Declev Reynier Dib-Ferreira

Deseducador

Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

8 thoughts on “Professor (0) x (450) Sociedade

  • 17/10/2009 em 09:57
    Permalink

    Fala meu querido, a questão da família é muito complexa, são sim culpadas, muitas vezes, por não darem a devida orientação de normas de conduta, de civilidade, mas como dar o que não recebeu, desta forma, torna-se cada vez mais difícil, e aí, nós somos culpabilizados, pelo fracasso social.
    O vídeo encaminhado é sobre um estilo musical mexicano, chamado reggeaton, onde a dança simula relações sexuais, tipo o funk carioca, cacuriá, música baiana, cada louco com a sua doideira…rs Mas até lá esse vídeo é um absurdo, pois são crianças numa festinha de aniversário, no youtube você encontrará vários vídeos de reggeaton e com crianças dançando, para nós um absurdo, mas acho que entre as classes populares daqui e de lá fariam e fazem maior sucesso.
    Depois os índices de gravidez precoce, de puberdade precoce, de pedofilia, e tantas outras merdas aumentam, aí a escola não está fazendo o seu papel.
    Meu querido um bjo e fui.

    Resposta
  • 17/10/2009 em 11:27
    Permalink

    Caro Declev,
    Essa “dança” mexicana é a cara do nosso funk realmente! E de alguns axés…
    Mas é difícil avaliarmos manifestações populares por um ângulo apenas. Precisamos avaliar antropologicamente, sociologicamente, psicologicamente… E, mesmo assim, ainda poderemos ver outros ângulos.
    Também achei um horror a forma como as crianças são incentivadas a simular posições sexuais ali no vídeo (como acontece aqui, com outras danças), enquanto adultos riem excitadíssimos com a “brincadeira”!, mas todo o excesso de erotismo da nossa sociedade já tem levado a isso há muitos anos também. Sexo vende, dá muito dinheiro e as crianças já vão sendo preparadas para serem futuros consumidores e produtores dessa “cultura”. Desde Xuxa, antigamente, com sua roupinha curta pros papais das criancinhas gostarem, passando por “danças da garrafa” e chegando ao estímulo dado a um tipo de vaidade nas meninas que já as estimula a se preparar pra ser “a melhor carne no açougue” algum dia, para ser oferecida aos homens, entre outras coisas do tipo que proliferam aqui como lá, tudo tem levado os filhos das classes populares e também da classe média a irem se “educando” dessa forma cada vez mais cedo. E é uma sociedade hipócrita, pois os mesmos que criticam esse erotismo precoce, muitas vezes o estimulam, por outro lado, às vezes sem perceber e, outras vezes, no maior cinismo mesmo.
    E depois reclamam!
    Esse tema é polêmico e complexo.
    Veja os EUA, por exemplo: sociedade puritana, moralista (no discurso e nas leis) e, ao mesmo tempo, que faz milhões de dólares diariamente com a cultura do sexo.
    Veja tantos filhos de classe média aqui que, ainda hoje, acham “normal” começar suas vidas sexuais com a empregada (aliás, os filhos dessas empregadas domésticas são justamente os nossos alunos nas escolas públicas… como vc acha que eles absorvem tudo isso?).
    E os “pais de família” que são religiosos e contra o aborto mas que, pra não perderem a empregada que engravidou, abrem “exceções” chegando a pagar o aborto pra essas mulheres para não perderem seus serviços.
    A lista é imensa!!!
    Poderia citar muito mais coisas desse tipo, que vão mostrando como esse erotismo perverso (que estimuçla a pedofilia e a gravidez precoce sim, entre outras coisas) está sendo construído e difundido em nossa sociedade hoje, através de influências externas e internas, até porque esse é um tema que abordamos muito na Psicologia e eu teria muito mais a dizer.
    A criança e o adolescente tem sexualidade sim, tem prazer, mas de forma diferente do adulto e isso já foi descoberto e comprovado por um dos maiores nomes do século XX: o revolucionário Sigmund Freud.
    Ela (a criança e o adolescente) só começa a imitar o adulto nisso porque é estimulada por ele e, assim, vai crescendo com essa relação e com essa idéia do sexo como algo descartável e apenas animal.
    Por isso te digo que, se a família for presente e consciente, poderá educar seus filhos de forma crítica (e não moralista ou hipócrita) quanto a essas questões sim. O problema é que, se a classe média ainda está longe desse nível de informação e consciência, imagine as classes populares!!!
    Reféns acabam sendo tantos, que usam seus salários suados para consolidar toda essa perversidade sem perceber, sem questionar, sem ver…
    As crianças apenas reproduzem. Elas estão formando suas identidades ainda, assim como os adolescentes, e tem sido cada vez mais confuso pra todas elas se formarem nesse mundo que, por um lado, critica, e, por outro, estimula um tipo de erotismo que existe muito mais pra manter viva a indústria e o mercado da pornografia, que se alimenta vorazmente dos novos e futuros consumidores.
    Sou absolutamente contra a censura e qualquer tipo de moralismo. Acho que a informação, o conhecimento, o espaço para o debate amplo, sem preconceitos, sobre toda essa questão, é que é o caminho que ajuda na saída dessa posição de “refém” para outra, de protagonista consciente da própria vida. E nisso a escola, especialmente através da figura do professor, pode e deve contribuir, pois essa é a sociedade onde vivemos e pra onde estamos tentando preparar nossos alunos. Educação sexual nas escolas é importantíssimo nisso, mas quantos profissionais realmente têm essa formação em seus currículos para poder utilizar com os alunos?
    As formações de professores e pedagogos – cursos normais, licenciaturas, faculdades… – precisam melhorar e muito para dar conta da sociedade de hoje, o que ainda está longe de acontecer, infelizmente.
    E embora eu seja professora também (além de pedagoga e psicóloga, como vc sabe), discordo de vc quanto a afirmação “no geral, os professores são preocupados com os alunos, dedicados a ensiná-los alguma coisa, a educá-los e, quimera nossa, fazer através da educação uma sociedade melhor.” Infelizmente não é o que vejo na prática (embora o discurso de muitos seja esse realmente) e fico super entristecida com isso… Também não concordo com a culpabilização excessiva que se faz do professor hoje, tirando o foco do problema maior, que é dos políticos e políticas públicas desse país (ARGH!!!!), mas não posso deixar de colocar o que vejo nas escolas, mesmo que seja preciso botar o dedo na ferida também de colegas de profissão, pois corporativismo pra mim é atraso (já debatemos sobre isso antes e vc sabe como eu penso).
    Como tem acontecido, gostei muito do seu texto, mas discordei de algumas coisas e quis contribuir para o debate, ampliando-o um pouco. São apenas as minhas opiniões…
    Um abração,
    Regina.

    Resposta
  • 17/10/2009 em 12:45
    Permalink

    Cara, que vídeo absurdo. Inacreditável que exista uma coisa assim, e pior, aquelas idiotas adultas apoiando isso e achando graça. Que mundo é esse?

    Resposta
  • 18/10/2009 em 13:16
    Permalink

    Declev, Alex,Vinícius e quem mais vier,
    A dança da garrafa era assim também… Assim como muitos funks e axés… E até alguns sambinhas.
    O problema é maior, é antigo e, por isso, tentei contribuir com o comentário que escrevi antes.
    Eu vou sempre fazer (ou tentar fazer) esse movimento: olhar amplamente, fazer auto-crítica, botar o dedo na ferida, se preciso for, pois só se horrorizar com o nível da (des)educação de hoje, apenas criticando o que está fora de nós, é muito pouco, na minha opinião…

    Mas, Declev, li um artigo hoje que acho que poderia ajudar a todos os pais e professores de adolescentes e pré-adolescentes. Lembrei de vc e do que tem vivido. Dê uma olhadinha no texto, se puder: http://www.terra.com.br/istoe/edicoes/2084/artigo154144-1.htm

    Um abração,
    Regina.

    Resposta
  • 18/10/2009 em 16:55
    Permalink

    Oi Regina,
    Engraçado esse seu ultimo comentário.
    O primeiro a sinalizar a semelhançe do reggeaton com músicas bainas, funk cariocas, e outros estilos foi eu, vide a ordem dos comentários, de acordo com este comentário, me pareceu que estávamos em posições opostas, e não vejo isso.
    Quanto a botar o dedo na ferida de maus profissionais, fique um dia na minha escola, talvez você veja que nem todo mundo é condescendente com maus profissionais e seja de que área for e de que posição for, seja direção, coordenadorias e secretaria de educação, aí se suas ações forem além das nossas, vou ficar impressionado.
    Você me parece uma pessoa bem inteligente e bem ciente do que deve fazer, mas levantar polêmica por polêmica, isso pra mim é inútil.
    Sem mais, um abço.

    Resposta
  • 18/10/2009 em 17:26
    Permalink

    Alex,
    Acho que não me expressei bem, dando margem a um mal entendido. Me desculpe por isso.
    Eu não estava me referindo ao que vc, Declev ou Vinícius fazem como profissionais. Enderecei o comentário a vocês porque foram as pessoas que escreveram até agora. Só isso. Não era uma crítica pessoal a ninguém, de jeito nenhum! Até porque nem os conheço!!! E concordo que apresentamos mais posições semelhantes do que opostas. Na verdade, nem mesmo discordei e sim quis contribuir, ampliando. Foi só isso.
    Reli tudo que foi escrito e vi que, mesmo em relação ao texto do Declev, minhas discordâncias foram mínimas.
    Portanto, deve ter sido uma dificuldade minha em expressar exatamente o que eu pretendia.
    Mas não acho que levantei polêmica por polêmica. O que eu quis, repito, foi ampliar o debate!
    E escrevi um longo comentário primeiro. Por que vc criticou o segundo e pouco comentou o primeiro?
    Acho que tem sido um comportamento muito comum esse, infelizmente: muitas vezes as pessoas dão mais espaço pro que consideram ou consideraram negativo e o positivo, que poderia ocupar mais espaço, fica de fora… Me parece que vc fez um pouco isso comigo agora.
    Mas tudo bem. Acho ótimo debater, trocar idéias, concordar e discordar e, por isso, repito: eu não estava fazendo um comentário pessoal contra nenhuma das pessoas que escreveu aqui e sim parti do que escreveram para me colocar e tentar ampliar algumas coisas. Foi só isso.
    Não entendo o que te ofendeu… Não foi mesmo a minha intenção!
    E não escrevi, em momento algum, que vc ou outro colega daqui age de forma condescendente com maus profissionais! O que eu disse é que EU procuro não fazer isso, procuro ficar atenta nesse sentido, pois acho que a auto-crítica é fundamental para que qualquer um de nós possa ser bom profissional, não acha?
    Espero ter sido mais clara agora.
    E, se tudo que escrevi no meu primeiro comentário tiver parecido inútil pra vcs, assim como a indicação de um artigo que fiz no segundo, podem deletar à vontade. Se preferirem, nem volto mais aqui, embora goste demais do Declev e deste blog, como ele bem sabe.
    Estou longe de conseguir fazer TUDO que eu gostaria de fazer na prática, no dia a dia, como educadora, mas procuro me manter alerta para estar sempre tentando e, por isso, volta e meia tento trocar idéias em blogs e comunidades, pois, como cada um de vcs deve saber e já deve ter sentido, a solidão de ver determinadas coisas e tentar algumas mudanças é, em geral, pesada e difícil e, por isso, compartilhar com os outros pode nos fortalecer bastante. Nos últimos anos tenho feito muito isso e tem sido ótimo, na maioria das vezes.
    Um abraço,
    Regina.

    Resposta
  • 19/10/2009 em 13:14
    Permalink

    Declev , olá !
    A coisa ( anarquia social ) teve como marco : ” Os Mamonas Assassinas ” !
    Abraços à todos !
    Somel Serip .

    Resposta
  • 06/02/2010 em 21:09
    Permalink

    Agora fiquei na curiosidade… o vídeo foi removido por violação dos termos de serviço. Com relação a jogar toda a culpa nos professores, nunca entendi isso. Talvez pq n tenha o q entender msm. Os pais matriculam o aluno na escola e pronto, acham que não tem mais nada o que fazer.

    Resposta

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *