A escola ainda está em obras.
Há sujeira e materiais para todos os lados.
A comlurb (responsável pela limpeza) não apareceu no fim de semana pra fazer o que devia fazer.
Em compensação, no início das obras, a comlurb veio na escola e jogou TUDO dos outros professores FORA, no LIXO.
Essa merece ser repetida em caixa alta: JOGARAM TUDO DOS PROFESSORES NO LIXO!
Livros, cadernos, anotações, réguas, lápis, canetas, hidrocores.. tudo!
A diretora não sabe de nada, ela nem viu…
A vice-diretora está de licença. Não tem coordenador pedagógico (há anos), nem supervisor.
O horário não está pronto e nem se sabe como fazer pra encaixar as mirabolices que a secretaria quer fazer.
Ninguém entende (nem a coordenadoria nem a secretaria) como devem ser os projetos e “novidades”.
Professores foram obrigados a sair da escola em que trabalhavam há anos por causa das mirabolices inventadas pra sair nos jornais, que engolem tudo como se fosse verdade.
Em compensação, há falta de mais de 10 professores! E não há previsão para cobrir estes buracos.
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As turmas não estão fechadas.
Não há armários para todos os professores.
A sala de leitura não está pronta.
As salas de aula não estão prontas.
A sala de ciências foi desmantelada. Repito: a sala de ciências, que era utilizada constantemente, foi desmantelada.
O material de lá? Ninguém sabe, ninguém viu…
…
Essa foi a boa vinda que recebemos na rede municipal do Rio de Janeiro.
Esse é o respeito que os professores têm recebido da secretaria de educação.
E ainda falam maravilhas do trabalho desenvolvido pela secretaria…
Mas há mais, que escreverei em pequenas doses de inconformismo durante este ano inteiro de terror.
Abraços,
Declev Reynier Dib-Ferreira
Professor sem chão
Olá, guerreiro Declev.
Descobri seu blog durante uma de minhas crises de choro, quando buscava já sem esperanca alguma uma palavra que me consolasse aqui na internet, já que estou tão longe de tudo e de todos.
Sou professora de espanhol, me formei no Brasil, na UFBa e moro há 4 anos em Estocolmo, na Suécia. Buscando hj, mais uma vez consolo, vim aqui e vejo que vc não desistiu. Isso quase me fez chorar de alegria, porque penso que seu blogg me deu um alívio na primeira vez que o li no inicio deste ano de 2011. Vi que não estou sozinha com essa angústia 24 horas por dia.
Venho também te consolar. E consolar a tantos outros guerreiros que lutam a cada dia por tentar mudar uma realidade que parece única do nosso país, mas que eu, infelizmente, pude constatar não ser muito melhor em um “país de primeiro mundo”.
Depois de completar umas disciplinas na Universidade de Estocolmo, comecei esse ano minha jornada como professora aqui. Ensinei no Brasil durante 6 anos e juro que NUNCA me senti tão mal, tão humilhada, tão desvalorizada como me senti aqui nesse país, que é o sonho de muitos. Nunca chorei tanto também. A pobreza tem a mesma cara em toda parte. Me refiro à pobreza de espírito. Alunos que escarnecem de vc, que não mostram nenhum respeito, nenhuma empatia pelo seu esforco, nenhuma consideracão ou reconhecimento. Essa é a realidade desses poucos mais de 1 mês de trabalho aqui.
Vc não tem acesso ao material didático e isso te dói. Aqui não é pouco comum que escolas sejam parcial/totalmente incendiadas por alunos durante a noite. A mim o que me dói é ver uma juventude sueca que, com todos os recursos disponíveis, vandaliza, depreda, maltrata, destrói algo que para nossos alunos é luxo. Eles nåo tem as mesmas dificuldades econômicas que a gente. Nada justifica essa revolta desses jovens daqui. Nada nem ninguém os pode parar e para completar, a classe de professores não é tåo solidária como poderiam e deveriam.
Aqui, estado garante o material escolar para cada aluno durante toooodo o ano, mas o que vc vê no fim de cada dia de aula são lápis, borracha, caneta, cadernos rasgados, tudo destruído enquanto nós aí não temos sequer condicåo de comecar as aulas pela precariedade das instalcões.
O governo daqui peca pelo excesso. O governo daí peca pela falta.
Eu voltarei aqui mais vezes para contar as coisas que sou obrigada a ouvir de um povo cada vez mais xenófobo, de pais cada vez menos dispostos a educar e de um governo que também aos poucos comeca a querer tirar de si a responsabilidade pela educacao.
Boa sorte a nós. Agora volto ao meu planejamento com uma profunda angústia no peito por pensar em voltar à tarde a um lugar que faz tåo mal.
Abraco! (p.s meu teclado não tem c cedilha).
Oi Camila,
Sinto te “ler” com tanta angústia.
Pode ter certeza de que aqui não é melhor, mas minha surpresa é aí estar tão ruim…
Mas este ano (sim, que ainda não pude desistir), tenho visto que nossos problemas não são somente os alunos – estes, muito menos.
São aqueles que mandam, da diretora pra cima, até o prefeito.
Não tenho o que reclamar, ao menos por enquanto, das turmas e dos alunos. Claro que existem as exceções e os que nos tiram do sério, mas, no geral, não tenho o que reclamar este ano.
Como eu disse, o problema está do outro lado.
Vamos trocando ideias, e espero que as minhas te façam melhor.
Abraços,
Promotoria da Educação do Ministério Público do Rio de Janeiro
Promotoria de Justiça de Proteção à Educação
Secretaria:
Endereço: Av. Presidente Antônio Carlos, 607/12º andar – Castelo
Nossos Endereços:
http://www.mp.rj.gov.br/portal/page/portal/Internet/Nossos_Enderecos
http://www.mp.rj.gov.br
Oi Tomaz,
Muito obrigado pelas dicas.
Estamos nos organizando e queremos sim dar parte ao Ministério Público.
Precisaremos de ajuda, pois a escola este ano está uma loucura…
Abraços,
Pingback: Nada importa, só estar "em sala"... | Diário do Professor
Capa e Prefácio
http://movimentozeitgeist.com.br/arquivos/Movimento%20Zeitgeist%20Brasil%20-%20Guia%20de%20Orientacao%20ao%20Ativista%20-%20Capa%20e%20Prefacio.mp3
Capítulo 1
http://movimentozeitgeist.com.br/arquivos/Movimento%20Zeitgeist%20Brasil%20-%20Guia%20de%20Orientacao%20ao%20Ativista%20-%20Capitulo%201.mp3
Capítulo 2
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Capítulo 3
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Capítulo 4
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Capítulo 5
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Capítulo 6
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Capítulo 7
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Capítulo 8
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Capítulo 9
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Oi Declev!
Obrigada pela atencão e pela resposta.
Como vc perguntou, digo que aqui na Suécia existem sim vantagens em ser professor, vantagens que só existem na nossa profissão. Temos, além das férias de verão,de junho a agosto, 3 semanas de férias no fim do ano, os (poucos) feriados do país e 2 semanas extras (uma em cada semestre) para descanso, as chamadas “férias de inverno” e “férias para prática de esportes”, aparte dos chamados “dias de estudo” em que os alunos não vão à escola, pois têm o dia para estudar em casa. Tudo isso é pago pelo Estado. As escolas privadas são grátis, mas gracas ao sindicato, o salário dos professores é mais ou menos igual em todo o país (eu por exemplo, trabalho 60% e ganho o equivalente a 4000 reais, o que não está mal, mas não se pode deixar de considerar o custo de vida é muito alto tb).
O sistema é bastante diferente do que temos aí. Os pais estão envolvidos 100% no que acontece na escola e cada professor é responsável por um grupo de alunos, os quais ele orienta em todas as perguntas referentes à escola. Os meninos ficam quase 8 horas por dia na escola e tem aula sdas mesmas matérias que temos aí, porém ainda eles ainda tem aula de pintura, fotografia, cozinha, carpintaria, técnicas de computacão e uma lingua extra além do inglês (podem escolher entre francês, alemão e espanhol- desta última sou professora). As turmas tem no máximo 30 alunos, mas a maioria ainda tem menos do que isso. Os aulunos com necessidades espcicais tem escolas próprias e para quem mora a mais de 2km de distância da escola, o cartão de transporte é mais barato.
Bom, isso é um resumo básico de algumas vantagens, mas voltarei depois para contar mais. Esta semana estou livre pois é a “semana de inverno”. Essa minha primeira experiência foi dura, mas estou melhor agora. Desejo a você muita sorte e também a todos os professores batalhadores do nosso país. Quero muito voltar um dia e compartilhar a experiência que estou ganhando aqui. Acho que teríamos muito que aprender com esse povo daqui. Tenho fé em que um dia chegaremos lá.
Abraco a vc e a todos!