Loucura, loucura, looucuuuuura geral na escola do Rio!!!!!

Ninguém se entende, ninguém sabe, ninguém viu e ninguém disse!

E quem sai perdendo, levando solapada, são os professores. Se quem sai perdendo são os professores, que são aqueles que dão aula aos alunos… quem sai perdendo??

Acompanhe a novela, chame a família, fique em frente ao computador, porque, pelo jeito, tem muito mais emoções pra acontecer.

Como eu já disse no capítulo anterior, chegamos à escola com ela um caos, sem estar pronta das obras, sem sala de ciências, sem sala de multiuso e, sem-que-niguém-saiba-responder-como, TODOS os materiais dos professores sumiram, foram simplesmente jogados NO LIXO.

Oras, material de professores, serve pra quê, né?

Falarei de meu material que sumiu em outra ocasião, não percam os próximos capítulos. Estou realmente aborrecido e chateado com isso. Mostrarei até fotos do que eu tinha lá.

Mas, voltando ao capítulo de hoje.

Chegamos à escola e a diretora nos deu um horário que não era aquele ao qual esperávamos, diferente da disponibilidade que demos.

Como sabem, professor trabalha em diversos locais, não dá pra ter um emprego só. Aí nós temos duas matrículas públicas, fora algumas escolas particulares ou mesmo outros trabalhos, pra complementar a renda.

[Isso deve ser pra que nós não tenhamos tempo nem tranquilidade pra preparar aula, descansar, fazer um trabalho bem feito, mas esta tese conspiratória – que creio real – eu deixo pra outro artigo.]

Então, chegamos à escola e recebemos outro horário diferente do da semana passada, inclusive com casos de professores em que foi mudado o dia de aula (colocando o horário no mesmo tempo de outro trabalho) ou ainda acrescentando-se outros turnos, também coincidindo com outros compromissos – o que foi o caso meu e de minha esposa.

Ao irmos conversar com a diretora, dizendo que havia tido um equívoco, pois não poderíamos trabalhar naquele horário que ali estava, ela simplesmente nos disse:

“Este é o horário final, quem não puder ficar, eu dou uma carta para encaminhamento à CRE e sai da escola”

[CRE é a Corregedoria Regional de Ensino, órgão ligado à Secretaria de Educação que responde por uma determinada região da cidade.]

Ou seja, estava nos “devolvendo” pra Secretaria por “incompatibilidade de horário”.

Oras, como todos sabem, por terem que trabalhar em diversos locais, o horário dos professores é extremamente complicado de fazer [reconheço] e, por isso, damos as disponibilidades com antecedência a cada escola, pra que não fiquem dando “incompatibilidade”. Basta as escolas seguirem as disponibilidades, que os horários não “batem”.

Portanto, mudar os dias ou turnos de trabalho, é, quase obrigatoriamente, ter alguma incompatibilidade.

Detalhe: a escola, como eu também disse no capítulo anterior, está com falta de professores! E seríamos uns 4 professores – só na 2ª feira – mandados de volta à Secretaria por “incompatibilidade de horários”?!?

Aí eu pergunto: e pra arrumar outros professores pra cobrir o buraco destes que têm incompatibilidade, a essa altura do campeonato? Eu respondo: quase impossível!

Ou muda-se o horário pra acomodar os que chegarão novos, ou as turmas ficam sem aula. Como não se poderia mexer no horário… quem que sai perdendo?

Final do capítulo: depois de uns disse-me-disse e umas discussões com a ajuda de dois representantes da CRE que lá estavam, ao final da manhã ficou acertado que teremos uma reunião na 4ª feira com todos os professores [ou todos que puderem] para discutirmos o horário. O que é bom.

Não percam os próximos capítulos da novela “a educação na rede municipal do Rio de Janeiro

Abraços,

Declev Reynier Dib-Ferreira
Professor quase-devolvido

Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

2 thoughts on “Loucura, loucura, looucuuuuura geral na escola do Rio!!!!!

  • 12/03/2011 em 01:35
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    Boa noite, Declev! Acompanho seus textos desde meados de 2010, porém nunca escrevi ou comentei algo. Encontrei seu blog numa tarde de terrível desilusão e cansaço com a profissão docente e, concluindo que a depressão é algo inerente à atividade educacional (Li algo de Sigmund Freud tachando como IMPOSSÍVEIS de sucesso duas atividades humanas:governar e EDUCAR!), “dei um google” nos termos “professor e depressão”. Eis que me apareceu a referência ao seu texto “Como não deixar a depressão entrar em sala de aula”. Olha, Declev, para ser sincera, eu diria que o jeito de não deixar a depressão entrar em sala de aula seria nós nem entrarmos numa escola… Hoje eu estou te escrevendo porque estou muito aturdida. Aturdida com a ignorância que paira nas escolas. Ignorância grossa, mentecapta, boçalidade ancestral… De quem é toda essa ignorância? Ora, meu amigo, jamais acusaria alunos, gente ainda em formação, de tanta anulação social! A ignorância que me faz refletir hoje vem de dois episódios vivenciados por mim nesta tarde de sexta-feira (agora já é sábado e eu tô aqui pensando/zumbizando mesmo sem querer…): o primeiro terror veio da nossa hora do café. Um estagiário de Pedagogia, no auge dos seus quarenta e não sei quantos anos professa, na mesa em que nos reunimos, que professor não pode “ficar em cima do muro”, tem que tomar posição no que´é o certo e o errado em termos de opção sexual dos alunos. Ele começou falando isso para a professora de Artes que elogiava um aluno que facilmente se expressa com guaches e texturas e que teria traços mais delicados em relação aos outros meninos da mesma idade. Aí o tal estagiário começou a falar de Deus, da Bíblia, que certo é homem, mulher e filhos, fora isso, é tudo aberração. Ele bradava que o prof tem que saber o que é de Deus, o certo, o errado. Lá fui eu explicar o respeito às diferenças, a laicidade da escola, a inconstitucionalidade daquele discurso. Ele me olhou, chamou-me de ignorante e indagou: “Você acha que é certo matar? Roubar?” Cacete! Olha a mistureba boçal que ele fez… Eu olhei tranquilamente e respondi: “Depende”, mas uma outra professora tomou parte exclamando aquele absurdo de conceitos que ele fez, ou seja, homossexualidade é crime… Eu só pensava com meus botões que não gostaria mesmo de deixar filho meu para ser educado, letrado por gente assim… Faltam 4 meses para ele terminar a fraquíssima pedagogia e eu realmente disse a ele o que eu vejo. Ele vai terminar a graduação, vai prestar concursos e vai ser extremamente feliz como professor. Eu lamento pelos alunos, mas ele será muito feliz. E os que prestam concursos, são aprovados e são infelizes? Ah, acontece o que já aconteceu comigo e tantos outros: o professor se deprime. Deprime-se porque tem visão muito além das paredes da escola, se entristece porque enxerga a má organização e a má-fé que vêm de cima para baixo, devastando qualquer cérebro que não abdique de pensar, refleir, escrever… Nas escolas públicas do Brasil, talvez do Mundo, impera o “non-sense” . Mas não aquela quebra de sentido que impulsiona a descobertas e experimentos, impera a quebra de sentido tosca. Lá vai o segundo episódio, tá? Existe uma lousa branca na sala de coordenação pedagógica que estava inutilizada, apesar de bem posta na parede e da superfície boa. Estava inutilizada pelo pó e por um calendário imenso colado nela com fita dupla-face. Eu tirei o calendário dia desses, transpus para uma parede e limpei a lousa de todo pó. Uns dois dias depois, o calendário estava de novo lá, arrancado da paredeonde pus, empatando a lousa, grudado com fita dupla-face… Nesta tarde, apesar do cansaço, pensei em, novamente, transpor o calendário e experimentar a delícia que é escrever uma mensagem boa na sala de coordenação tão boba… Fui lá e escrevi o poema “Dois e Dois são Quatro”, do Ferreira Gullar. Deixei recado a amigos e marcador de quadro-branco para os outros se expressarem também… Eis que vem a coordenadora, cumprimento-na. Ela olha atônita, cansada para o poema e senta-se por trás de uma barricada de armários que a escondem dos professores. Eu pensei: “vou dar-lhe uma caneta para quadro-branco.” Ofereci-lhe a caneta ao que ela me disse que não precisaria, eu é quem iria usar, ela não! Perguntou se eu sabia para que servia um calendário? Ah, que bosta, óbvio que sei… Ele não perde a função por estar na parede, aliás, melhor lugar para ele… Mas ela ainda balbuciou que não se pode pôr uma coisa no lugar e eu ir lá e tirar… Agora me responde aí, Declev, com este naipe de sociabilidade uma mulher dessas coordena que tipo de pedagogia??? O pior é que talvez ela nem seja das piores que haja por aí… Você grita: “Loucura, Loucura em escola do Rio!” Eu respondo: “Em São Paulo também…” Abraços e até mais!

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    • 12/03/2011 em 03:35
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      Oi Otacília,

      Nem sei o que te dizer…

      Mas, pode ter certeza, essa desilusão que sentimos não é inerente à atividade docente, está em todo lugar.

      Imagine quantos boçais existem por trás de um balcão do INSS, ou nas cadeiras parlamentares, ou segurando bisturis, ou batendo martelos em casos judiciais…

      É por isso que estamos assim.

      Na escola pública (e também nos inúmeros exemplos que dei e podem existir), o problema é que basta passar no concurso – um concurso muitas vezes fraco, capenga – e a pessoa pega cargos de grande responsabilidade, porque mexe com a vida de milhares de pessoas.

      O que [ainda] salva são pessoas como nós – que, acredite, também existem em bom número.

      Por fim, sei que a culpa não é dos alunos, que ainda estão em formação, mas mesmo entre eles podemos perceber claramente aqueles que estão de um lado ou de outro ou de outro ou de outro (considerando que não existem só dois lados, certo ou errado, homem ou mullher…).

      Os alunos também tomam suas decisões de suas cabeças. Claro que têm tempo de mudar, de refletir, de se arrepender, de crescer, de aprender. Todos têm. Mas temos que lembrar, por exemplo, que esses boçais que você utilizou como exemplo, foram crianças, adolescentes, pré-adultos e hoje são adultos – e em todas as fases de suas vidas eles tomaram suas decisões e chegaram ao que são hoje.

      Portanto, o livre arbítrio faz a pessoa desde que nasce, para além da influência do “meio externo”.

      É isso. Seres humanos são, realmente, muito complicados.

      Pode ter certeza de que conheço uma dúzia de boçais de todos os calibres, acada duas dúzias de pessoas que conheço…

      Abraços,

      Resposta

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