Para lembrar o Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, trazemos uma entrevista com o professor e pesquisador Josafá Moreira da Cunha, do Setor de Educação da UFPR, onde coordena o Laboratório Interagir e o Programa Diga.
Cunha é coorganizador da Campanha Nacional da Convivência Escolar do MEC, lançada neste mês.
Nesta entrevista, ele pontua o papel das escolas na prevenção e na resolução de conflitos, sugerindo que o convívio precisa também ter foco pedagógico na educação de crianças e adolescentes.
Via Ciência UFPR
Combate ao Bullying
“Adolescentes precisam perceber escola e família não como adversárias, mas fontes legítimas de apoio” | Josafá Moreira da Cunha
Conversamos com o professor e pesquisador do Setor de Educação da UFPR sobre a temática sensível do Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola: o papel da escola e o da família, os 14 anos do Massacre de Realengo e a resposta do poder público
São os episódios trágicos, de ataques e mortes, que geralmente expõem o debate necessário no Brasil sobre a convivência nos ambientes escolares:
- Sobral (CE), em 2022;
- Medianeira (PR), em 2018;
- Goiânia, em 2017;
- e, o maior de todos, Realengo (Rio de Janeiro), em 2011,
Esses são exemplo comumente descritos tendo o bullying como elemento motivador, ao mesmo tempo que a segurança recebe mais espaço do que a educação nos discursos públicos.
Os perigos da internet para crianças e adolescentes
Na contracorrente dessa reação está o trabalho do professor e pesquisador Josafá Moreira da Cunha, do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Por meio do Laboratório Interagir, que coordena desde 2016, Cunha tem apoiado o desenvolvimento de estudos que reposicionam o papel da escola nos conflitos que a atingem.
Assim, a escola se apresenta como um espaço de aprendizado de convívio, com conflitos inerentes a isso que se somam às repercussões de violência da própria sociedade.
Logo, podem agir pela prevenção, apresentando a convivência respeitosa à sua comunidade direta e indireta, mas não está nelas a origem dos episódios que aterrorizam o país.
Cunha estuda há mais de 15 anos a violência em ambiente escolar, seu tema de mestrado e doutorado em Psicologia, no Núcleo de Análise do Comportamento (Nac) da UFPR. Sempre entendeu esse como um assunto que pede também propostas aos pesquisadores, além de descrições de fenômeno.
A fundação do Interagir viabilizou as parcerias entre as pesquisas e os governos estadual e municipais no Paraná, expandindo as aplicações práticas da teoria. As propostas procuram encaixar o tema da convivência nas exigências curriculares da educação, integrando-os ao cotidiano escolar.
“O trabalho socioemocional, que é aprender a conviver, aprender a ser, aprender a ter boas relações, faz parte já do trabalho pedagógico”, avalia.
Essa é a proposta da Campanha Nacional da Convivência Escolar, ação do Ministério da Educação e do Interagir lançada neste mês, em alusão ao Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, nesta segunda-feira (7).