Uma das escolas em que trabalho – mas acho que pode-se extrapolar para todas – às vezes, muito poucas vezes, se parece escola.
Muito bonitinho o poeminha do Paulo Freire, mas, na prática, a teoria é diferente… Desculpem o desabafo, mas é que eu também sou gente (eu acho…).
Tem dias que a escola se parece “presídio em dia de motim” (entre aspas porque foi uma tirada fantástica de uma professora de lá). Outros dias se parece com algo similar à febem. Outros com uma festa cheia de adolescentes barulhentos embriagados.
Um ringue de luta livre. Uma incursão policial no morro. Um hospício – dos piores. Uma praia lotada de farofeiros dos mais barulhentos e deseducados. Um arrastão. A boca do inferno. Um clube.
Parece de tudo, menos uma escola – considerando esta como um local onde as pessoas vão para estudar, aprender, conviver civilizadamente, conversar, trocar idéias e experiências.
Barulho, gritaria, palavrões, xingamentos, tapas, berros, livros voando, bolas de papel nas cabeças, futebol nos corredores, portas batendo, etc. etc. etc.
Mas no inferno, dá pra fazer isso?
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Na mesma linha:
a) http://cafetao.org/2006/10/19/aos-menores-de-18-que-estiverem-lendo/
Declev, quem mandou essa do fuga do presidio fui eu mané, não professora!
parece mesmo o inferno…de Dante. Estamos todos nele.Pois é de se admirar tanto preconceito e tamanha miopia para perceber a realidade em sua volta.E isso vindo de professores….. Estamos todos no inferno, de Dante Alighieri(o Marcola, aquele do pcc, leu!)
Não entendi sua colocação Sandra… tanto preconceito e miopia de quem? Meus?
Eu não tenho pré-conceito. Tenho conceito. Eu estou lá dentro.
Nem miopia, pois vejo muito bem o que estão dizendo que é educação. Dizer que se faz educação dentro dessa escola (“dessa” como um todo) é piada.
Não dá pra educar ninguém decentemente nas condições que trabalhamos.
É claro que há exceções.
Mas é claro que só quem vive o dia-a-dia sabe do que estou falando.
Abraços.
“farofeiros”, “festa de adolescentes embriagados”, “políciais no morro”, “presídio em motim”, “febem”, “hospício, dos piores”(e há bons??), “ringue de luta”, “inferno”, “arrastâo”, “clube”.
Tudo isso são idéias que envolvem conceitos. Você os comparou com a escola e negativou tudo.
Na sua opinião a escola é lugar de convívio civilizado: quem é o sujeito civilizado e de qual civilização você está falando? A mesma que prendia seus doentes mentais em manicômios submetendo-os a tratamentos desumanos? A que transforma jovens infratores em bandidos perigosos nas Febens? A que coloca policiais no morro pra matar seja quem for (trabalhador ou bandido); A que excluiu da escola essa parte da população até bem pouco tempo atrás e depois reclama de não serem educados e fazerem sujeira e barulho nas praias? ? A que não consegue driblar o lobby da indústria de bebida e proibir sua propaganda destinada a adolescentes?
Se você está sonhando com alunos civilizados, é melhor começar a pensar em mudar de planeta; a civilização que privilegiou uns e tentou destruir outros parece que não venceu.
E a escola ainda quer acreditar nela!!
Ah! Eu também estou lá!
Oi Sandra,
Estou falando desta civilização, a nossa.
Sim, ela fez e faz todos os absurdos que você citou.
Mas é justamente por isso que não aceito a escola como é hoje.
E eu penso em mudar o planeta… mas gostaria de começar pela escola.
Não é porque a nossa sociedade é e faz o que é e faz que a escola deve ser um espelho dela. Se é para espelhar a sociedade na escola, espelhemos as coisas boas – que há!
É por isso minha indignação. Não comparo a escola com os absurdos citados porque gosto. Mas porque, seja por qual motivo for – e aqui no blog discutimos sobre muitos deles – muitas vezes ela se comporta assim.
E, sim, quero uma escola diferente disso tudo – para que os cidadãos que de lá saírem também sejam diferentes disso tudo.
Muito trabalho pela frente…
Abraços.
Eu trabalhei quase um ano em um hospicio, misturado com febem em motim, o incrivel que adoro dar aula, mas lá só me faz falta o salário.
Oi Luna,
Muita gente só fica nesses hospícios pelo salário mesmo.
E mesmo assim, só até conseguir coisa melhor.
Está cada vez mais difícil…
Abraços.
A questão é , dentro das escolas não existem regras. Os professores e funcinarios seguem regras. SE for em uma cadeia , eles tem regras, numa gangue, tem regras, na rua tem regras, e na escola apredem como desrespeitar a primeira autoridade que tem contato o PROFESSOR. Professor não é assitente social, quando tiverem leis que deem amparo a quem quer estudar, quando puerem ser expulsos alunos problema, verão como ai entao começam a se adequar. E o que vamos fazer fazer com o smau que corrompem os outros??? Este é um problema pra voce , que vive falando de projetos que so servem pra aumentar salario de professores que querem se ver livres de dar aula.As universidades publicas tem regras rigidas pra se entrar la,é ruim o ensino em universides publicas? NÃO. Escola virou deposito de tranqueira… e quem acha que nao ta fazendo farol com a desgrça do ensino…. infra estrutura nao resolve o problema da educação mais… esta fase ja ficou… se puderem ser expulsos das escolas sumariamente, o comportamento muda…. educação para todos é um tiro no pé… educação para quem quer …. este deveria ser o lema. E os academicos de merda que montem uma escola pra cuidar dos “tadinhos”, que respeitam as regras dos bandidos na rua , mas nao respeitam a escola , professores e funcionarios.
Oi Roberto,
Os projetos SÃO uma forma de dar aulas.
Somente diferentes do que entende-se como “dar aulas” desde 300 anos atrás, com um professor verborragindo na frente e alunos ouvindo e decorando tudo atrás.
No mais, de certa forma eu concordo com você: a escola “para todos” não pode permitir que alguns a façam escola “para ninguém”.
Estes, que por mais que façamos não deixam os seus colegas terem o direito a uma boa educação, deveriam perder este direito.
Talvez ter uma escola só para eles, sim – e que aí seria um inferno mesmo!, mas não é isso o que querem?
E ninguém poderia reclamar, pois não é isso o que fazem hoje em dia – em menor escala – com os Pedro II e CAPs da vida?
São escolas “públicas”, mas nem todo mundo tem o direito de estudar lá.
Tem prova pra passar. Depois que passa, deixa ele se criar lá dentro pra ver se não é rapidamente “convidado” a se mudar de escola!
Aí os mandam pra outras, onde eles podem aprontar todas. Não é o mesmo princípio do que estamos falando?
Só que esta é escola pública pra classe média, ninguém quer deixar estes que não querem estudar ficar lá dentro…
Abraços.
PROJETO não é forma de dar aula. PROJETO é apenas um projeto:plano;intento;empreendimento;redação provisória de lei;esboço;plano geral de edificação. O “entende-se como dar aulas” é talvez uma maneira sua de entender e que não ficou clara, até porque como se dava aulas a 300 anos atras?Talvez através de PROJETOS REAIS determinados pela côrte, hoje substituida por outros grupos??? Esse desvio da realidade sim caracteriza uma “verborragia” acadêmica desprovida de objetividade. O TER UMA ESCOLA SÓ PARA ELES não é minha idéia, os “ELES” são um problema e nao tenho intenção de impedir que os projetistas de plantão o façam. O que acho conveniente é que se estabeleçam regras não só para entrar na escola, mas regras tambem para sair dela, ser defenestrado, expulso, ou outro termo conveniente para aparecer em algum projeto. O que fazer com os elementos que tem problemas graves de disciplina, não é problema de uma escola que esteja focalizada em dar aulas para alunos dentro de um limite mais estreito de tolerância,e sim problema de outros niveis que devem ser cuidados de outra maneira, que nao mudando simplesmemte de lugar. Aí esta o problema a ser resolvido e abordado. A escola nao pode ser um liquidificador que tritura tudo e todos pra no final, entre mortos e feridos contar os que sobreviveram e não os que pularam fora depois de levar mais dois ou tres com eles. A ESCOLA PÚBLICA È PARA TODOS os que fizerem por merecer depois que estiverem lá dentro. Regras para entrar e para sair. Porta da rua é serventia da casa e deve ser usada. Nenhum discurso bonito vai modificar o que esta acontecendo, escola não pode ser a ilha de TORTUGA. O compromisso com o cumprimento de leis e autoridades deveria nascer lá e não morrer lá, no ninho.
Cria corvos e eles te furam os olhos.
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uai ñ entendi sandra quanto preconceito,vc existe vc é amarga perdeu algum ente querido……….trate-se,abço
Concordo com vc Sandra… Sabe o que vai acontecer, só alguns profissionais provavelmente aqueles que são os donos do quartel irão dar aula lá no meio da bagunça toda, e concordo com uma de nossas colegas, o dinheiro de lá é que faz falta… mais nada!
Concordo com vc Declev Dib-Ferreira … Sabe o que vai acontecer, só alguns profissionais provavelmente aqueles que são os donos do quartel irão dar aula lá no meio da bagunça toda, e concordo com uma de nossas colegas, o dinheiro de lá é que faz falta… mais nada!
tenho 20 anos, faltam exatamente dois semestres pra concluir o curso de Licenciatura Plena em matemática, cujo um curso de dificuldade considerável…realmente difícil concluir..penso as vÊzes se tudo isso que faço hoje, as provas complicadas, as dependências, as noites mal dormidas ou simplesmente sem dormir serão em vão..não que ro em hipótese alguma me tornar um adulto frustrado, cansado, e rancoroso…um alguem extremamente diferente do que sou hoje….sei que, com meus esforços, conseguirei ser um bom profissional na minha área como professor, uma vêz que é algo que gosto de execultar..entretanto são as “forças externas”, sejam elas políticas ou familiares (essa última a mais preocupante) que me fazem pensar todos os dias sobre os próximos rumos da minha vida…não queria em hipótese alguma, depois de almejar uma vaga no mercado de trabalho, me surpreender falando: “la vou eu pra quela porr… de oitava série…” como vi um professor proferir há alguns dias no estágio que faço na escola Augusto Montenegro em Belém…escola essa que tem contado com 8 (digo OITO) policiais com o intuito de “manter a órdem”…
Se essa é a realidade do ensino público no Brasil, será que não estamos diante de uma instituição falida? espero que vcs me respondam…
um abraço!!
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