Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde e nossos preconceitos e achismos

No artigo Lixo hospitalar: real ameaça ou grande trapaça? Quem ganha com isso?, o camarada Carlos me faz uma boa provocação no comentário (comentário número 13), que não posso deixar de re-comentar…

Caro Carlos,

Em primeiro lugar, a unanimidade é burra.

Em segundo lugar, muitos, muitos e muitos paradigmas foram quebrados com o primeiro a pensar ao contrário.

Vide a história e todos aqueles que eram considerados ignorantes e despreparados – que foram excomungados e queimados – , mas que depois “descobriu-se” estarem certos.

Em terceiro lugar, não, não sou o único.

Leia meu outro artigo sobre o assunto: Qual a real diferença do lixo hospitalar para o lixo comum, que tem maiores informações sobre o caso.

Lá você verá um livro com grandes especialistas na área corroborando o que digo por aqui, só sobre este assunto.

O livro, pra te poupar o trabalho, é esse:

Lixo hospitaar

Ele é editado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro.

Só para você ver que, definitivamente, não sou o único, veja os nomes que lá estão:

Emílio Eigenheer (organizador) – pioneiro da coleta seletiva no Brasil e um dos maiores pesquisadores e especialisatas no assunto;

João Alberto Ferreira – membro da ABES-Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, da ISWA – International Solid Waste Association. Atua na área de Gestão de Resíduos Sólidos, com ênfase em Tratamento e Disposição de Resíduos, tendo atuado como engenheiro da COMLURB – Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro de 1975 a 1996;

Dr. Uriel Zanon – Membro Honorário da Associação Brasileira dos Profissionais em Controle de Infecções e Epidemiologia Hospitalar (ABIH) (Ops!… controle de infecções em hospitais dizendo que o lixo hospitalar não é mais contaminado do que os outros e não necessita de cuidados diferenciados??? – realmente, não estou sozinho…).

Todos estes profissionais têm, além deste livebro, diversos trabalhos científicos reafirmando o que reafirmo. Eles não partem do achismo, mas de pesquisas.

Em quarto e último lugar, acho que não me fiz entender.

Eu digo que TODO lixo é “contaminado” igualmente e NÃO DISSE que o lixo deva ser jogado em frente ao hospital.

TODO lixo deve ter cuidado e tratado e deve ter acondicionamento adequado.

Agora, se a lixeira estiver em frente ao hospital, que seja. O lixo dentro da lixeira, como em qualquer país que se quer civilizado.

E o caminhão que vem pegar o lixo comum levará tudo junto para o ATERRO SANITÁRIO, para o tratamento adequado que qualquer lixo deve ter.

 

É isso.

Temos que abrir a mente e acabar com nossos pré-conceitos.

Ache algum artigo que corrobore cientificamente, através de pesquisas, o que você disse e desminta o que eu e os especialistas acima escrevemos.

Aí conversamos mais.

 

Abraços,

Declev Reynier Dib-Ferreira

Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

7 thoughts on “Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde e nossos preconceitos e achismos

  • 25/03/2009 em 21:11
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    Realmente é um ponto de vista interessante. Mas ainda acho que o problema é a concentração, mesmo tendo lido seus posts anteriores. O lixo doméstico de um doente também terá resíduos infectantes, mas em uma proporção menor do que o lixo de um hospital, onde quase todos estão doentes. É a mesma questão dos coliformes e balneabilidade. Chega um nível onde a contaminação está tão concentrada que torna-se perigosa. Mas isso pra mim nem é o mais preocupante.

    O pior mesmo é o esgoto dos hospitais, que muitas vezes não estão nem conectados à rede. Vi uma vez uma palestra sobre um estudo que procurava bactérias resistentes nos rios da cidade (no Rio), principalmente perto de hospitais. Encontraram múltiplas resistencias, em quase todos os pontos de coleta.

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    • 25/03/2009 em 21:53
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      Oi “Água”,

      Sim, o lixo dos hospitais está mais concentrado. Mas representa menos de 1% do lixo de uma cidade.

      Se ele for para um aterro junto com os outros e lá for misturado e aterrado, acabou-se a concentração…

      Abraços.

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  • 29/06/2009 em 15:50
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    Meu Deus, o mundo tá perdido mesmo! Enquanto todos procuram dispor seus resíduos de forma mais segura possível, vem um cara contra tudo e contra todos, inclusive contra a saúde pública e ao meio ambiente e publica uma coisas dessas!

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  • 02/04/2010 em 14:53
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    Prezado professor Declev, aonde consigo o livro indicado por você no seu blog, estou fazendo um trabalho sobre RSS e preciso consultá-lo.
    Autor: Eigenheer, Emílio(org).
    Título: Lixo hospitalar: ficção legal ou realidade sanitária? / Hospital garbage: legal fiction or sanitary reality?.

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  • 28/04/2012 em 15:26
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    Estou concluindo meu TCC , o tema está ligado a sustentabilidade , vou mensurar os resíduos sólidos de cinco restaurantes e verificar se os mesmos tem conhecimento de práticas sustentaveis , só q estou com dificuldade em encontrar artigos de comparação nessa área , o que é uma pena, pois sabemos ou deveríanos saber, como é importante investir nessa questão nos dias de hoje , estive vendo o site e resolvi “pedir ajuda” . Se puder me ajudar eu agradeceria . Tenha uma boa tarde e desde já obrigada.

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