Fico me perguntando para que serve a educação escolar.
Independente de qualquer discussão acadêmica, desenvolvida por quem nunca pisou numa escola de ensino fundamental, fico me perguntando para que serve a educação escolar.
Os professores que estamos lá dentro das salas, levando borrachadas e xingadas, nunca somos perguntados, não é?
Mas para que a sociedade atual entende que serve a educação?
Essa pergunta é fundamental e extremamente necessária para o trabalho docente, pois dependendo de sua resposta, tem-se o trabalho subsequente.
Sei que não é tão simples como descrevo abaixo, mas o faço como uma forma de exercitar o pensamento.
Se acharmos, por exemplo, que o que baliza uma boa educação são os resultados dos exames secos, impessoais e tendenciosos traduzidos em provas de Matemática e Português que, por sua vez, são traduzidos em números dos diversos índices que aparecem por aí, uma boa escola é aquela que consegue formar “provistas”.
Se acharmos, por outro lado, que a escola serve para tirar as crianças da rua, que basta ela ir ao prédio físico, a escola torna-se mais um clube (ou creche de adolescentes) do que local de aprendizagem.
As escolas pra pobre são do segundo tipo e as crianças que lá estão têm consciência disso, fazendo da escola um clube. Não precisa estudar e elas não estudam. Nem para serem provistas. Simples.
Mas agora querem – as secretarias preocupadas com números – que elas sejam também do primeiro tipo. Querem que se tornem, portanto, uma mescla das duas proposições, algo impossível de concretizar.
Como é impossível de concretizar, os professores vivem nessa impossibilidade, sem conseguir nem uma coisa nem outra.
O resultado é a frustração que vimos vendo e experimentando.
Mas pode ser pior.
Para mim – e acredito que para grande parte dos professores – a educação (escola) não serve nem para formar provistas nem como clube ou creche de adolescentes.
Muito menos para uma mescla impossível das duas.
Serve para formar um cidadão.
Serve para fazer as crianças e adolescentes aprenderem a ler o mundo, num sentido amplo, de leitura e escrita, de conhecimento e entendimento das coisas, de pensamento, de lógica e filosoficamente estarem no mundo e o transformarem – se assim o quiserem – em um mundo melhor.
Para isso, deve-se entender os fenômenos de uma maneira complexa, ampla, transdisciplinar.
E isso pode ser divertido, pode ser com arte, música, esporte… mas também com experiências, estudos, concentração, dedicação.
Sei que é utópico, mas sempre o fui.
E sei também que esta escola, com tempos determinados e rígidos, com três turnos, apenas com cadeiras viradas à frente de um quadro e tratando o professor como um trabalhador horista, sem nenhum reconhecimento, nunca dará conta desta missão que lhe atribuímos.
É por isso que de vez em quando escrevo por aqui como eu gostaria que ela fosse.
É por isso que de vez em quando escrevo por aqui sobre minhas angústias e frustrações.
Disse que desistiria de dar aulas, mas seja como for, nunca desistirei da educação.
Abaixo deixo um vídeo interessante sobre o assunto.
Abraços,
Declev Reynier Dib-Ferreira
Educador
Oi, Declev.
Lembro de quando você estava como nosso coordenador de área, na rede de Niterói… Tão cheio de esperanças. E eu, já voltando da licença maternidade, já trilhando o caminho da depressão… Como eu gostava de olhar prá você, de ver em você o reflexo das esperanças que sentia antes.
Fico triste por ler você agora, e ao mesmo tempo, sinto-me representada aqui, no seu espaço. Obrigada pela coragem.
Coragem de dizer, com a língua virtual desse teu blog, as coisas que a maioria de nós sente, lá nas nossas trincheiras de cada dia – mas que poucos, pouquíssimos, realmente verbalizam, por medo de perder a força, por necessidade de sobreviver. Coragem de sentir. E de persistir.
Um forte abraço, meu caro.
Patrícia Siciliano, professora(?) de Ciências(???) das redes municipais de educação de Niterói e de Duque de Caxias (onde sofro muito mais).
Em um resumo bem apressado e incorreto, uma escola deveria ser o lugar onde as crianças aprendessem a pensar com as próprias cabeças.
Independente da quantidade (e até da qualidade) das informações recebidas, o mais importante seria ensinar a raciocinar.
E isso começa bem antes do Ensino Fundamental… (aliás, eu detesto esse rótulo de “fundamental” – para mim, “fundamental” é aprender a andar, falar e não borrar as calças…).
Pré-escola! Você mesmo sabe, como ninguém, que, do ambiente familiar, a maioria esmagadora das crianças não vem com vontade de aprender coisa alguma. Se, ao menos, essas crianças aprendessem a gostar do ambiente escolar, em lugar de escola ser “aquele lugar onde eu sou obrigado a ir quando queria estar ‘me divertindo’ “, pelo menos dois terços do problema estariam resolvidos.
E é claro que isso passa por instalações decentes, profissionais motivados e bem remunerados, e um sistema de avaliação que não seja “pra inglês ver”…
Tem muito mais, mas isso já dava para começar.
No Brasil, Educação não é Amor! Educação é Guerra! Cada dia é uma batalha e cada aula é um round em um ring! Abaixo a pedagogia do amor e do afeto! Viva a Pedagogia da Guerra!
Acho que o segredo é nos adequarmos a mentalidade de Guerra! A Universidade não nos preparou para a Guerra! Não queríamos que fosse uma guerra mas já que é uma guerra ou nos adequamos a mentalidade de guerra ou procuramos outro emprego!
Devemos militarizar o ensino! Criar a Arma do Magistério dentro das Forças Armadas e procurarmos aprender os máximo que pudermos com esses grandes militares! Temos que aprender sobre Guerra com quem foi preparado para a Guerra! Aplicar estratégias de guerra em sala de aula! A Educação Brasileira é uma Guerra de Longa Duração!
É frustrante como é difícil fazer um trabalho de geografia !!Mas eu consegui nesse site !!
Que bom Milena, fico feliz.