Uso excessivo de telas – quais os problemas pode trazer?

Hoje em dia, o uso excessivo de telas é uma preocupação de pais, mães, professores em geral. Mas, afinal, sobre o uso excessivo de telas, quais os problemas pode trazer?

Vamos falar um pouco disso agora, com a fonoaudióloga Marcella Fuzatti.

Leia também: Como protger seus dados pessoais na internet

   

Uso excessivo de telas

Para começar a conversa, saiba que o uso excessivo de telas pode impactar desenvolvimento da fala infantil. Mas, calma, a fonoaudióloga explica os sinais de alerta para atrasos na comunicação e as estratégias para estimular a linguagem das crianças.

A interação precoce e excessiva com celulares, tablets e TVs pode comprometer o desenvolvimento da linguagem infantil. Muitos pais recorrem a esses aparelhos para entreter os pequenos e, assim, conseguirem realizar suas atividades diárias.

No entanto, essa prática costuma acarretar atrasos na fala, alerta a professora do curso de Fonoaudiologia da Universidade Guarulhos (UNG), Marcella Fuzatti.

Projeto escolar com Inteligência Artificial

Antes mesmo da criança se comunicar, ela já interage com as pessoas e o mundo por meio de gestos e expressões. E a aprendizagem da fala acontece a partir de fonemas, ou seja, os sons de uma língua.

“Conforme o pequeno se desenvolve, aprende a discriminar e interpretar o que escuta, passando a reproduzir. Para essa fala acontecer, é necessário um repertório, ou seja, a junção desses sons com significado, conhecido como palavras, a qual a criança aprende a utilizar para se referir a pessoas, objetos, mostrar desejos, explicar coisas e sentimentos, entre tantas funções”, comenta a especialista.

Um estudo australiano, publicado na revista médica Jama Pediatrics, analisou 220 famílias com filhos de até 1 ano que usavam, frequentemente, dispositivos com telas. O desenvolvimento deles foi acompanhado até os 3 anos e, durante o período, passaram, ao menos, um dia com um aparelho.

O item registrou o som do ambiente, as interações, a quantidade de palavras ditas por adultos e o que foi emitido pelas crianças. Ao longo da pesquisa, os pequenos passaram a não se comunicar verbalmente. Quando a tela era tirada, tornavam-se violentos a ponto de fazer birra.

O conteúdo do estudo mostra como a exposição excessiva a conteúdos digitais limita a interação social, algo essencial para a aquisição da linguagem. A troca comunicativa envolve não apenas a repetição de palavras, mas também o aprendizado sobre tempo de espera, escuta ativa e interações dinâmicas com diferentes interlocutores.

E os aparelhos com telas não oferecem este tipo de incentivo.

“O cérebro infantil precisa ser constantemente estimulado por interações reais para desenvolver plenamente a fala. Até mesmo os desenhos que possuem palavras e programas educativos não substituem essa vivência, pois não há comunicação e troca efetiva”, esclarece a profissional.

 
 

Segundo Marcella, profissionais de Fonoaudiologia conseguem detectar sinais de atraso antes mesmo dos seis anos, uma vez que o desenvolvimento da linguagem segue padrões esperados para cada fase.

“Entre sete e onze meses, por exemplo, a criança deve ser capaz de repetir sons. Por exemplo, ´mama´ e ´papa´. Além disso, precisa demonstrar compreensão de gestos, como dar tchau. A ausência desses comportamentos costuma ser um indicativo da necessidade de uma avaliação com um fonoaudiólogo”, ressalta.

A professora explica que

“O atraso na fala tem múltiplas causas, como infecções de ouvido recorrentes ou falta de estímulo verbal adequado. No entanto, o uso de dispositivos eletrônicos tem se destacado cada vez mais como um fator significativo por reduzir o convívio social e privar a criança de experiências linguísticas enriquecedoras”.

Entre os sinais que podem ser indícios de problemas com a verbalização e linguagem estão:

  • diferentes tipos de choros nos primeiros meses,
  • falta de interesse em se comunicar e
  • dificuldade na formação de frases.

Se alguma dessas situações for familiar, é indicado procurar um profissional da fonoaudiologia para orientar sobre o caso.

“A boa notícia é que o diagnóstico precoce e a intervenção com estratégias simples podem reverter esse quadro, garantindo um desenvolvimento satisfatório da fala. Entre as medidas a serem adotadas estão a redução do tempo de exposição a telas, o estímulo a conversas e brincadeiras interativas, a leitura em voz alta e a participação ativa em atividades diárias. Assim, o pequeno aperfeiçoará suas habilidades comunicativas”, conclui Marcella Fuzatti.

   

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima