Se o inferno existe, é em formato de escola

Tenho uma nova teoria para o inferno. Desculpe-me Dante, mas não creio que seja como ele imaginou. Se o inferno existe, ele é no formato de uma escola! Ai daqueles que são maus aqui na Terra, lá serão professores!! Este é o purgatório dos pecadores.Esta semana foi, desculpe-me o trocadilho, um inferno na escola. Na quarta-feira – eu não estava lá, graças a Deus (irônico, não?) – um grupo surtou, fez uma zorra e culminou com cadeiras e mesas descendo as escadas. Acho que ninguém foi atingido.

Na quinta-feira de manhã, uma briga teve desdobramentos além da imaginação. Há uma menina, já conhecida de todos, que é… digamos… endiabrada (opa!). Tem uns 15 anos agora, é e sempre foi extremamente brigona, gritona, espalhafatona e ainda por cima, namora o bandido do pedaço. Um menino, na hora do recreio, teve o desplante histriônico de jogar um pedaço de mamão nela. Um pedaço de mamão! Louco! Ela, claro, jogou um mamão quase inteiro nele. Um outro menino tomou as dores dele – acho que sobrou mamão pra ele – e começaram a brigar, os três. Rasga camisa, tapas, arranhões, alvoroço, juntam todos, gritos, gritos, gritos como num presídio em dia de motim!

Separa – ou ao menos tenta-se. Ela fica aos berros, chutando tudo, gritando como louca, em um surto manicômico quase tendo uma convulsão. Sabe aquelas cenas de cinema que as pessoas entram em surto? Quando se batem em todos os lugares e batem em tudo? Pois é.

Chutando e socando tudo e todos, ela é levada à sala da secretaria e os meninos para a sala da direção.

Na direção, nesta de socar e chutar o que tem pela frente, ela soca o vidro da janela. Caso vocês não saibam, vidros de janela quebram quando socados! Corte no braço, sangue pra todo lado. Neste ínterim a polícia entra na escola, chama os bombeiros e a levam pro hospital.

De tudo, ficam as cenas:

a) a mãe do menino que começou a briga, cuidando e mimando a menina, para que ela esquecesse de tudo e relevasse as diabruras do filho;

b) as caras do diretor e da diretora adjunta, já conhecidos de vocês, atônitos, sem saberem o que fazer, olhando como quem quer uma resposta à loucura.Acho que a resposta está no primeiro parágrafo deste post…

Ahá!… pensaram que acabou?!? Não! Há mais…

Mas serei rápido no relato: na tarde deste mesmo dia, tivemos que “adiantar” aulas. Coloca um exercício no quadro duma sala, vai pra outra, coloca lá, vai pra outra, vê se já copiaram, corre pra outra turma porque estão fazendo bagunça…

Já no final da tortura daquele dia, um apagador voa da mão de um aluno e pára no chão, não sem antes fazer uma escala nas costelas de uma professora, logo abaixo dos seios.

Ela vai pra casa com uma marca de giz na roupa, uma dor nas costelas, uns dias a menos de vida e uns dias a menos no inferno.

Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

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