Retornando ao Brasil e respondendo aos comentários

 

Prezades amigues… voltei.

E, de início, gostaria de comentar o post anterior e os comentários recebidos. Especialmente o último, do Rafa. Como minha resposta para ele seria talvez grande, resolvi fazê-la em um novo post.

Pra começar, concordo com ele. O país seria muito melhor se as pessoas não ficassem só criticando e lamentando. 

E é justamente por isso que tudo o que fiz e façlo na vida, Rafa, tem a intenção de melhorar o lugar onde vivo. Não sou destes que só criticam e lamentam.

Aliás, a crítica é construtiva, muito construtiva. Todos sabemos que a criança a qual todos passam a mão na cabeça achando que tem “muito a oferecer”, apesar das suas malcriações, não cresce, não melhora. Da crítica é que vemos os erros e os consertamos.

Mas voltando. Dizia eu linhas atrás que tudo o que faço na vida é para melhorar o lugar onde vivo. Posso dar uma lista que, tenho certeza Rafa, será difícil achar uma pessoa que faça mais do que eu.

Vamos lá:

a) Posso  começar por este blog que, como você vê, não têm bobagens, asneiras, sexos e roqueinrol. É um blog destinado a discutir coisas importantes para nosso país, como a educação. Seria bom você ver algumas opiniões e ações minhas em outros posts (veja por exemplo na categoria desabafo);

b) Desde que me conheço por gente sou ligado à proteção do ambiente, da natureza. Por isso fiz biologia: para não ser um “eco-chato” que não sabe do que fala. Fiz e estudei Ciências Biológicas justamente para entender do assunto e poder falar às pessoas com mais propriedade;

c) Entrei para o magistério em 1999 e estou até hoje. Sou professor. Atuo em escolas públicas. Não falto às aulas, não enrolo os alunos. Leio e estudo sobre isto. Trabalho com práticas. (Ver outros posts na categoris práticas);

d) Fiz especialização em Educação Ambiental, pesquisando sobre o lixo e a relação das pessoas com ele, na busca de melhores soluções para seus problemas;

e) Fiz mestrado em Ciência Ambiental, pesquisando ainda sobre a relação das pessoas com o lixo na busca de soluções;


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f) Faço hoje doutorado em Meio Ambiente, pesquisando sobre Educação Ambiental;

g) Atuo com Educação Ambiental (EA), através de cursos, palestras, oficinas, participações em grupos e Redes de trabalho. Sou membro e facilitador da Rede de Educação Ambiental do Estado do Rio de Janeiro, pela qual participo de outras esferas de discussões e de decisões de políticas públicas, por exemplo, dentro do Grupo Intedisciplinar de Educação Ambiental da Secretaria do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro;

h) Sou coordenador de Educação e Educação Ambiental de uma OSCIP de Niterói, minha cidade, com atuação em diversas cidades do estado. Atuei 5 anos como voluntário; hoje sou remunerado através de projetos. Atuamos com Educação Ambiental (coordeno um Centro de EA), fomento à cooperativas de catadores e outros projetos;

 

i) Nunca tive carro. Não sei nem dirigir. Assim, tudo o que fiz até hoje nos meus 37 anos de vida foi de ônibus. Tenho propriedade para criticar o sistema de transporte público do Brasil (talvez com a exceção de algumas cidade). Não sou daqueles que, já que os ônibus são uma merda, vão de carro com ar-condicionado e foda-se o povão;

j) Não como carne. Parei de comer carne por um motivo muito simples e prático: a produção de carne no Brasil está acabando com os ecossistemas, tais como a Mata Atlântica (que quase já não tem), Amazônia e Cerrado;

l) Não uso drogas. O uso da droga movimenta o tráfico – principal motivo de violência em muitas das cidades brasileiras;

m) Sou honesto. Se recebo troco a mais, devolvo; pago meus impostos (e pago mesmo, não “compro” notas como muitos que conheço); não recebo nem ofereço propinas; não compro em camelôs; não compro produtos roubados; não destruo o patrimônio público…

n) Não sou consumista inveterado. Procuro produzir o mínimo de lixo possível;

o) Estou meio parado por falta de tempo, mas sou artista plástico, atuando com pinturas e artesanato, incorporando materiais descartados em minhas obras – todas com mensagens sobre violência, destruição da natureza e outros;

p) Também escrevo. Contos, crônicas, poesias. Igualmente, minhas obras têm mensagens que fazem as pessoas pensarem. Tenho um blog sobre estes escritos (hebdomadario.com) e sugiro que você leia, por exemplo, este conto.

Acho que está bom né? É isso. Estudo, atuo, dou aulas, cursos, palestras, educação ambiental, ações pessoais, etc. Como vê, não fico só lamentando e criticando. Ajo.

E duvido que você ou outro qualquer faça mais do que eu. Você come carne? Tem carro? Estudou e trabalha pra ganhar dinheiro ou tem uma profissão que pensa na mudança social e ambiental?

E além de tudo Rafa, sim, tenho uma certa experiência internacional, pois adoro viajar. Adoro viajar justamente para conhecer outras culturas, outras pessoas e, inevitavelmente, fazemos comparações com o lugar onde vivemos. Estas comparações, para mim, não são meramente contemplativas; são acionais, impelem às ações para a melhora.

Sabe o que acontece? Compare o Brasil com um dos países miseráveis e desprovidos do vigésimo mundo e o acharemos uma maravilha. Assim não precisaremos levantar a bunda pra melhorar nada, pois cerveja no boteco, carnaval com mulher pelada e praia tá muito bom. Todo mundo com seu jeitinho brasileiro (que abomino) e tá tudo muito bom, tudo muito bem, todo mundo enganando todo mundo e parando pra beber uma depois. Quem não tem dinheiro que se foda.

Agora, compare o Brasil com um país onde as coisas funcionem, onde há respeito pelos cidadãos, onde há leis que se cumpram, e vemos o quanto podemos ainda melhorar.

Aí meu amigo, levantamos a bunda da cadeira do boteco, tiramos a fantasia e corremos atrás do prejuízo.

Abraços a todes.

3 comentários em “Retornando ao Brasil e respondendo aos comentários”

  1. “Posso dar uma lista que, tenho certeza Rafa, será difícil achar uma pessoa que faça mais do que eu.”

    Gostei de sua resposta, demonstra ser uma pessoa bem centrada e consciente. Agora dizer que é difícil achar uma pessoa que faça mais do que você ficou feio. Até parece o grande timoneiro falando: “Nunca na história deste país…”

    Você não precisa dar explicações do que faz ou deixa de fazer para os Rafas que andam por aí.

    Um grande abraço,

    Renato

  2. Parabens! voce merece um premio se educou muito bem, escolheu uma dieta que preserva o ecossistema, e honesto, bla,bla,bla,bla,bla.
    Eu como carne, tive um carro quando trabalhava no Brasil pois necessitava para trabalhar e um outro na Nova Zelandia pois nao tinha uma rede de onibus que cobria a area que eu trabalhava , morei ali 1 ano,morei na Italia tambem e estive na Thailandia, posso dizer que tenho uma pequena experiencia internacional, nao acha? Mas nao duvido que tem pessoas que tem e tiveram mais experiencias internacionais do que eu.
    Faz dois anos que estou na Escocia, sou estudante de turismo com linguas.
    Fui voluntario para uma instituicao filantropica que cuida de meninos de rua em Goiania por 8 anos desde quando tinha 15 anos, fui talvez influenciado por meu pai que fazia visitas em prisoes para a assistencia de presos em Goiania.
    Eu tenho apenas 27 anos, sou orgulhoso do que fiz para o meu pais, e de como o tenho representado ate agora.
    No momento estou estudando,e quando terminar meus estudos comeco com o meu projeto de guia internacional de extrangeiros para o Brasil.
    Tenho certeza que contribuirei para o meu pais de uma forma efectiva e mais relevante, pois se quando nao tinha muito que oferecer(dinheiro,ou diploma) fiz o que fiz, com certeza depois de ter estudado e viajado poderei fazer mais.
    Meu amigo nao creio que eu faco menos, mas de maneira nenhuma creio que voce faz mais.
    Tudo e uma questao de background,tempo e oportunidade.

  3. Olá Rafa e Renato. Fico muito feliz em ver que eu estava errado. Não é cinismo meu. Não vejo com bons olhos o fato de alguém seguir uma carreira porque “dá dinheiro”. E considerando sua experiência internacional, Rafa, talvez cheguemos a mesma conclusão: o Brasil pode ser muito melhor. Assim, reitero o que disse antes: as comparações são inevitáveis e as críticas são fundamentais – desde que acompanhadas de ações.

    Abraços.

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