Perguntas sobre Autismo

Quais são as dúvidas de mães sobre autismo? Quais as Perguntas sobre Autismo que os responsáveis se fazem?

A neuropsicóloga Bárbara Calmeto, do Autonomia Instituto, responde às questões.

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5), algumas características podem ajudar a definir se um individuo é autista ou não.

Sinais como atraso na fala, padrões repetitivos, entre outros, podem, sim, significar o Transtorno do Espectro Autista, mas nem todos os casos são iguais.

Para a neuropsicóloga Bárbara Calmeto, diretora do Autonomia Instituto, embora existam algumas características comuns, há uma série de outras análises que somente profissionais especializados podem fazer para fechar o diagnóstico.

“Não é possível definir o TEA apenas por observação de um ou outro sinal. Mas quando os pais e responsáveis percebem a constância de alguns padrões, é preciso procurar um especialista o mais rápido possível a fim de começar as terapias para o indivíduo e sua família terem maior qualidade de vida”, esclarece.

E alerta:

“Esses sinais não aparecem apenas com o tempo e à medida que a criança cresce. Eles são observados, ainda que em menor intensidade no início, desde a infância”.

Perguntas sobre Autismo

A seguir, Bárbara responde algumas perguntas sobre autismo e as principais dúvidas que pais e responsáveis têm sobre o tema.

Por que meu filho não interage com outras crianças?

Bárbara: A comunicação é uma dos fatores que mais chama a atenção. Normalmente, há atrasos na fala e deficiências persistentes na comunicação e na interação social, que podem incluir dificuldades para começar e manter conversas, falta de compreensão e uso excessivo de gestos, poucas expressões faciais e linguagem corporal “travada”, dificuldade em ter relacionamentos com outras pessoas e falta de reciprocidade;

Quase todos os dias, meu filho repete o que fez no dia anterior, como se seguisse um roteiro. É normal isso?

Bárbara: Comportamentos e padrões repetitivos são comuns. Essa característica pode ser observada de várias formas, seja em relação a assuntos ou movimentos motores (como ficar com as mãos juntas), manutenção de rotinas ou rituais excessivamente repetitivos, extremo interesse em assuntos específicos (como em “Atypical”, em que o personagem com TEA tinha fixação por pinguins e pela Antártida).

Inclusive, a rotina é sempre muito valorizada por indivíduos com TEA. Isso acontece por conta da necessidade da previsibilidade e da dificuldade em lidar com mudanças na rotina devido à rigidez cognitiva;

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Sempre ouvi falar que indivíduos com TEA são mais inteligentes e super dotados. Isso é verdade?

Bárbara: Na verdade, a pessoa com TEA pode ter interesses maiores em alguns hiperfocos, o que o torna mais especialista naquele assunto.

Entretanto, também é comum terem uma deficiência acima do normal em outras áreas, especialmente quando associadas à eventos sociais e/ou que incluam a comunicação.

Quanto à superdotação, não é verdade. Mas a dupla excepcionalidade pode acontecer.

Por que meu filho não abraça os coleguinhas da escola como as outras crianças?

Bárbara: Isso acontece porque alguns autistas têm aversão ao contato físico e pouca (ou nenhuma) interação social.

Alguns indivíduos com TEA têm dificuldade na compreensão de afeto e, quando acontece o contato físico sem que seja de sua vontade, é quase como uma agressão para eles (por isso é importante não insistir no contato com outras pessoas caso a criança não queira), embora não seja uma regra e alguns façam contato físico sem qualquer incômodo.

Isso pode refletir, inclusive, na fase que normalmente fariam amigos e que precisariam interagir socialmente com outras crianças.

Outra característica que pode afetar as amizades de algumas pessoas com TEA é a falta de compreensão de brincadeiras e/ou peculiaridades comuns às interações sociais, como indiretas, piadas etc (um exemplo é quando um amigo faz uma piada e a pessoa autista não consegue entender que aquilo faz parte de uma brincadeira, e, assim, não interage nem responde).

Além disso, como a área do cérebro responsável pelo contato visual é diferente em alguns autistas, eles podem não conseguir manter o contato visual em uma conversa, ficando desconfortáveis na hora da interação social;

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Em festas, quando as outras crianças estão se divertindo e brincando, meu filho não participa e fica incomodado. Por que isso acontece?

Bárbara: Seu filho pode ter mais sensibilidade aos estímulos que do outras pessoas, ou seja, a percepção visual, auditiva, tátil dele pode ser mais sensível aos estímulos e, em uma festa, ele fica incomodado com o excesso de estímulos.

Outra situação pode ser uma exigência maior da interação social em uma festa e seu filho pode ainda não ter esse repertório.

Em tempo:

“É muito importante que os pais observem esses sinais para que, caso seja diagnosticado o TEA, as terapias comecem logo. O não tratamento pode, inclusive, prejudicar o futuro dessas crianças quando adultas, trazendo prejuízos nos estudos, nos relacionamentos com amigos ou amorosos e até na vida profissional”, conclui Calmeto.

E você, tem outras Perguntas sobre Autismo?

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Declev Dib-Ferreira

Declev Reynier Dib-Ferreira sou eu, professor, biólogo, educador ambiental, especialista em EA pela UERJ, mestre em Ciência Ambiental pela UFF, doutorando em Meio Ambiente pela UERJ. Atuo como professor na rede municipal de educação do Rio de Janeiro e também na Fundação Municipal de Educação de Niterói (FME), no Núcleo de Educação Ambiental (NEA). Sou coordenador de educação da OSCIP Instituto Baía de Guanabara (IBG) e membro/facilitador da Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro (REARJ)... ufa! Fiz este blog para divulgar minhas idéias, e achei que seria um bom espaço para aqueles que quisessem fazer o mesmo, dentro das temáticas educação, educação ambiental e meio ambiente. Fiz outro blog, com textos literários (http://hebdomadario.com), no qual abro o mesmo espaço. Divirtam-se.

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