Uma escola dita “boa”, é boa por quê? O que faz hoje uma boa escola ser uma boa escola? Quais os parâmetros? Pelo senso comum, é ser uma escola “puxada”, rígida, difícil de passar… Ainda é assim, certo? Uma escola que produz alunos “de sucesso”, com o futuro garantido!
Mas que sucesso é esse? Um sucesso para a sociedade? Não; um sucesso material e individual! É aquela escola que faz seus alunos “vencerem na vida”. Isto torna a vida uma eterna competição. A vida em sociedade nada mais é do que uma vida de competição e, para vencer, vale tudo: trapaças, traições, pisadas nas cabeças dos outros, mentiras, puxa-saquismos, corrupções, propinas… É isto o que uma “boa” educação ensina? Basta ver o que faz a nata da sociedade, escolarizada nas “melhores” escolas.
Outro paradoxo da boa escola, ao meu ver, é que, na verdade, não é a escola que é boa, mas os alunos. É muito fácil ter bons resultados quando você seleciona aqueles que podem estudar ali, seja financeiramente, seja por uma prova, seja pelo comportamento. A regra é simples: queremos os melhores e mais aptos; se você não se enquadra, não entra – ou não fica.
Oras, se você só trabalha com os “melhores” e os que se adaptam ao seu sistema, a dedução é simples: não é a escola que é boa, mas os alunos. Estes alunos, com certeza, teriam ótimos resultados em qualquer escola. Mesmo sem escola. Se por acaso ficassem em casa estudando, sairiam bem nas provas. Porque eles é que são “bons” (no sentido que querem dar a esta palavra), apesar da escola.
Eles têm e sempre tiveram desde que nasceram todas as condições de desenvolverem sua inteligência, criatividade, percepção, raciocínio lógico, indutivo, abstrato, entre muitas outras habilidades imprescindíveis para a aprendizagem. Sempre tiveram, apesar da escola, estimulantes mentais, tais como boa alimentação, família, casa, quarto separado (ou com um irmão, mas não com 10 pessoas!), cantinho de estudo, livros, TV, internet, revistas, jornais, cinemas, tios, avós, exemplos, esportes, danças, artes, etc.
Ao contrário de tudo isso, outros não. E estes não têm condições de estudar nas “boas” escolas. E as outras não conseguem ensiná-los. Na verdade, creio que nem as ditas boas conseguiriam – elas os eliminam, os expulsam antes.
Portanto, a “boa” escola seria aquela que conseguiria fazer aprender aqueles que não aprenderiam apesar da escola, aqueles que não têm o que citamos que os bons têm: aquelas condições extra-escolares que fazem de um aluno, um bom aluno.
Esta sim, seria uma boa escola, que atenderia a todos, sem eliminação da massa e sobrevivência dos “mais fortes e mais adaptados”. Uma escola para uma nova sociedade.
Fazer seres competitivos é fácil.
Difícil é fazer pra todos.
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Na mesma linha:
c) 10 indicadores de uma boa escola
d) Falência – boas argumentações
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Pingback: Declev via Rec6
Olá, professor!
Concordo com grande parte do que colocou aqui.
Sou orientadora educacional e psicóloga, trabalho em escola bastante carente da Baixada Fluminense, região mais violenta do Rio, onde vivemos essa luta diária de tentar dar educação realmente a TODOS. E como é difícil!
Li suas opiniões no educa-fórum (blog de mães de alunos) e gostei muito. Trocar idéias com pessoas inteligentes é coisa que nunca deveríamos deixar de fazer, não acha?!
Parabéns pelo seu blog!!!
Obrigado Regina.
Também li seu comentário lá. É complicado demais. O problema é que a escola que temos – e que sempre tivemos – não consegue atingir o seu público. É como um hospital que não tem materiais, não tem leitos, não tem remédios e o culpado pelo mal atendimento acaba sendo o médico – apesar de existirem médicos culpados…
Abraços.
Salve, Professor!
Eu venho me perguntando a mesma coisa… O que e como deveria ser ensinado nas escolas para que houvesse a motivação para aprender nos alunos.
Porque as crianças nascem com uma curiosidade natural, só que logo criam a noção de que “escola é chato”… Uma possível solução (ou um mero paliativo) seria a pré-escola obrigatória (o rendimento dos estudantes que fizeram pré-escola é sempre melhor).
Mas eu continuo achando que há algo de profundamente errado com todo o sistema de transmissão de conhecimentos. Existe algo nele que aliena o estudante das matérias. Aí, começam a aparecer os “eu gosto disso, mas não gosto daquilo”. E não tem nada a ver com a “qualidade” do aluno, nem do professor: eu (que sempre fui considerado CDF) tive excelentes professoras de Português no meu ginásio e sempre achei a matéria detestável… Quer comprar uma briga comigo? Me mande fazer uma análise sintática…
Eu acredito que parte do problema seja não conseguir enxergar o ensino pelo ponto de vista dos alunos. O psicólogo Bruno Betelheim já apontava essa inabilidade dos adultos de se lembrarem de como raciocinavam quando eram crianças, como o principal fator para o eterno “generation gap”.
Eu ando “soltando os cachorros” no sistema de ensino, lá no “Chi vó, non pó”. Essa abordagem vai ser a central para o próximo artigo da série “Falência!”. Desde já, conto com sua permissão para transcrever parte de seu artigo.
É verdade que tanto a Saúde quanto a Educação públicas, no Brasil, andam muito mal das pernas. Sou das 2 áreas e vejo isso todo dia!
Quanto a reformulação dos currículos, concordo totalmente. Sinceramente não me lembro de uns 80% ou mais do que “aprendi” em toda minha vida escolar. E sempre fui CDF! Adoro estudar, fiz 2 faculdades, mas não acho que a forma como a escola ainda é estruturada convide ninguém a ter gosto pelo estudo e pelo conhecimento, a não ser quando um ou outro profissional ainda consegue manter o entusiasmo e, com isso, consegue contagiar os alunos.
Como pedagoga, formada em 1986, acho que essa discussão já é super antiga e, infelizmente, tenho visto muito mais retrocessos do que avanços nesse quadro.
Do jeito que está, a escola ainda é muito chata sim. Concordo com os alunos.
E, transformar isso, exige o comprometimento e a perseverança de todos que trabalham na escola, senão acontece que enquanto uns estão buscando melhorias nesse sentido, outros estão repetindo os velhos jargões e o papo de que “não tem jeito mesmo”, minando os esforços de quem está tentando.
Ora, esse quadro não vai mudar de uma hora pra outra!!
Por mais interessantes que sejam as aulas de alguns professores, os alunos não vão valorizar a princípio – isso pode levar anos! -, porque aprenderam, desde cedo, que escola séria é “cuspe e giz” mesmo (e tem sido…).
Menos rixas e mais união entre pedagogos, professores, alunos e pais de alunos ajudaria MUUUUUITO!! No entanto, o que mais vejo é uma verdadeira guerra entre esses segmentos, cada qual se achando mais vítima do que o outro, e isso só faz todos andarem em círculos.
É como vejo.
Declev, conversando com a Juliana, profª de ciências lá da escola e muito minha amiga, descobri que vcs fizeram matérias juntos na faculdade. Lembra disso?
Adorei a coincidência!
Oi João,
A permissão de usar parte do texto é dada assim que ele entra na net. Será um prazer, aliás, já foi né?.
Oi Regina,
Juliana de quê? Este nome não é que nem Declev, né?, que só tem um… Foi na Santa Úrsula?
E continuando a conversa, o problema da escola também é estrutural. Falo fisica e mentalmente. Ela não dá condições para o professer que quer mudar sua maneira de dar aulas. Raras são as que dão a mínima condição. Aí você batalha batalha batalha e cansa. Só pra dar um exemplo, ainda não trabalhei em uma única escola que pudesse passar um simples vídeo ou dvd sem problemas, sem burocracias, sem ter que ajeitar a tv durante meia hora, sem ter que trocar de sala com outras turmas… Um saco. Aí a gente desiste… até tentar de novo!
Tem razão!
É Juliana Quinteiro. Acho que foi sua colega na Rural.
Eu entendo o desânimo que dá a falta de estrutura, física e mental, como vc falou, da escola. Sou arteterapeuta, um recurso riquíssimo para se usar em Educação e, lá na escola, pouco consegui usar até hoje, principalmente por causa dessa falta de estrutura…
Mas não podemos desistir!! Passamos grannnnnnnnde parte das horas das nossas vidas no trabalho e, por isso, precisamos buscar qualidade, não acha?
Temos que tentar CRIAR as condições.
Pelo menos tentar criar!
Prezado professor!
Apreciei bastante suas idéias a respeito do conceito de “uma boa escola”, tanto que me vi na obrigação de fazer uma reflexão sobre o assunto para ser trabalhado tanto com os meus alunos de EMR quanto com os seus pais. O senso comum precisa ser contraposto com algo profundo e incontestável.
Parabéns pelo seu racicínio realista e conclusivo!
Parabéns Professor pela exposição objetiva sobre um assunto tão complexo. Gostaria de aproveitar para lançar uma questão. O que dizer daqueles que não tiveram suporte social e finançeiro e que de alguma maneira venceram os problemas e estão exercendo suas atividades com muito sucesso em nosso meio?
Pingback: Falência! [2] | Chi vó non pó
bom eu acredito que a rotina dos professores não é fácil, pois a partir do momento que se entra em sala de aula nós estamos entrando num local onde iremos obter conhecimentos para o restos de nossas vidas. No entanto não depende de um professor(a), nem de uma escola, nem de A e nem de B, mais totalmente e completamente do aluno.
“Só através” da educação poderemos mudar o nosso Brasil e também o nosso mundo . !!!
Oi Daniela,
Depende muito do aluno sim, como eu disse no artigo.
Mas a escola, os professores, os responsáveis, todos têm sua parcela de ajuda – ou de omissão – no sucesso do outro.
A aprendizagem também se faz neste processo interativo.
Abraços.
“Esta sim, seria uma boa escola, que atenderia a todos, sem eliminação da massa e sobrevivência dos ”mais fortes e mais adaptados”.” Exatamente isto, que atenda a todos, independente de condição social e independentemente também de condição especial, se é difícil encontrar uma boa escola para não deficientes, imagine então para deficientes físicos por exemplo.
Realmente Oi (esse é seu nome mesmo?),
As escolas não estão adaptadas às diferenças.
Nem os professores, nem o apoio, nem a estrutura, nem a direção, nem os responsáveis…
Falta muito.
abraços.
olá, professor….entrei na faculdade esse ano,estou cursando
pedagogia e gostaria de saber mais sobre a escola que temos
hoje,p/ pesquisar…..
abraços…..
Olá Alice,
Seja bem-vinda ao meio.
Tenho muitos artigos por aqui que dão uma idéia desta “escola”…
Trabalho com escolas públicas de bairros carentes, portanto, a nossa realidade.
De uma lida nos artigos das categorias abaixo e vamos conversando através dos comentários, ok?
Abraços.
http://diariodoprofessor.com/category/educacao-2/
http://diariodoprofessor.com/category/historias-reais-da-educacao-brasileira/
http://diariodoprofessor.com/category/praticas/
http://diariodoprofessor.com/category/reflexoes/
muito bom assim seria uma boa escola
UMA BOA ESCOLA NO MEU VER,DEVE-TAMBÉM LEMBRAR QUE SOMOS TODOS DIFERENTES E SABER LIDAR COM AS DIFERENÇAS. CADA UM DE NÓS TEM A SUA PECULIARIDADE, CADA UM É UM UNIVERSO, COM CONDIÇÕES DE APRENDIZAGEM , INTERESSES, APTIDÕES, VARIADOS
UMA BOA ESCOLA TEM QUE TER PROFISSIONAIS COMPROMETIDOS COM A EDUCAÇÃO E SABER TRABALHAR COM AS DIFERENÇAS, SEM MEDO DE OUSAR.A ESCOLA TEM QUE BUSCAR SUBSIDIOS PARA MOTIVAR OS ALUNOS A TEREM MAIS ACESSO AO CONHECIMENTO QUE É VIABILIZADO PELA ESCOLA. BALNEÁRIO BARRA DO SUL, SC
EU GOSTARIA DE RECEBER OS COMENTARIOS DESTE ARTIGO POR E-MAIL
OBRIGADA!
Oi Maria de Fátima,
Tem uma caixinha lá em cima onde você pode incluir o seu email para receber os artigos automaticamente.
Abraços
Li alguns dos comentários escrito e concordo com todos, pois existem muitos problemas a serem resolvidos: primeiro acabar com as desiguldades, qualificar bem o professor, ter um salário justo, ter certeza de seu papel como educador, uma boa estrutura onde passa lecionar, ter material adequado para se trabalhar, ter que existir um interesse muito grande dos pais para o aprendizado de seus filhos, não ficar e nem deixar toda responsabilidade por conta do professor, trazer os pais para fazerem parte de reuniões dentro da escola, no inicio das aulas os pais ficarem ciente quem será o professor de seus filhos e quais os objetivos e responsabilidades que os pais devem ter tanto com a escola e com os seus filhos e a maior conscientização é orientar aos alunos o seu papel importante para que se torne um cidadão digo e íntegro para estar junto de uma sociedade justa. Não sou professor mais vejo de perto a falta de interesse que a familia tem para com seus filhos, onde tem muitos pais que nem se quer sabe a série que filho estuda, nem a escola e muitos só sabem o nome do professor pelo o apelido, falo com a maior certeza porque trabalho no Programa do Bolsa Familia como agente social, faço a atualização dos beneficiários e tenho me deparado com esse desinteresse por parte dos pais de alunos, realmente é muito constrangedor essa situação que enfrentamos na área da educação brasileira.
Tudo que li,só mostra o que de real acontece com a Educação no Brasil.Sou professora,agora gestora de escola pública e uma das coisas que mais me entristece hoje é o pouquissímo compromisso dos pais da família com a aprendizagem dos seus filhos.A preocupação hoje na maioria das vezes se resume em não perder os programas do governo. Como então melhorar,como fazer da escola um ambiente inovador?Se na maioria das vezes o aluno já vem pra aula obrigado,graças a Deus que essa realidade nao é de todos.Onde nós que amamos o que fazemos estariamos,senaõ existissem aqueles que tem sede de saber que nos fazem sonhar e tentar modificar os outros.
na verdade o que é uma escola?
Sábias palavras!!! você conseguiu traduzir em palavras o que o mundo vive a séculos. Posso não passar em uma federal, mas me orgulho muito de saber que mesmo sem ter tudo o que os outros tiveram, eu lutei, eu fui atrás, eu busquei aprender e boas foram as escolas, professores que me ensinaram, ao contrário de me excluírem.
Oi Wander,
Obrigado.
Que bom que teve boas escolas. Espero um dia isso ser para todos.
Abraços,
muito bom esse sati muito bom mesooooo.
🙂
o que é uma boa escola?Qual o compromisso da família p/ uma boa escola?
A cobrança esta sempre na escola, professores….. cade a sociedade, família?
Qual o compromisso da família p/ uma boa escola?
A cobrança esta sempre na escola, professores….. cade a sociedade, família?
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Oi Neusa, eu não entendi.